"...você abandonou o seu primeiro amor."
Coincidentemente, ou não, eu conheci o Edgar no dia 31 de Outubro. Um dia muito importante para os seguidores da mensagem.
Estava twittando algumas coisas, dando RT em outras, quando vi o link para o texto do Edgar. Como não o conhecia, resolvi dar uma navegada no blog dele, pra conhecer melhor a linha de pensamento dele. Fiquei surpreendido quando vi que Edgar não frequentava nenhuma comunidade de seguidores da mensagem. Isso porque o texto dele sobre o dia já citado, muito bem escrito, dizia da importância de uma nova reforma - "A reforma do século XXI", era o nome do texto.
Eu disse pra ele: @EdgarDaMensagem seu texto é excelente, mas acho válido começar de nós essa reforma.
Fui trabalhar, e, na volta, verifiquei a resposta dele: @LotJustificado e quem disse que eu disse o contrário?
@LotJustificado ah, claro, não vai responder. Que coisa mais coerente a se fazer.
Uma coisa que gostava muito da internet é que eu era menos conhecido lá do que no "mundo real". Entrava muito pouco, então quem me conhecia era porque conhecia de fora mesmo, ou porque alguém indicou. Tinha um blog onde escrevia algumas coisas, mas também não era muito visitado. Enfim, na internet era como se eu estivesse revivendo aquele dia que estava caminhando de volta pra casa quando encontrei Maria
Respondi a ele que estava no trabalho, e que acharia bacana trocar umas ideias a respeito desse assunto. Coisa que, obviamente, de 140 em 140 caracteres não teria como ser feito. Ele me adicionou no Facebook, e começamos a conversar.
Ele começou, dizendo: - Você chega no twitter dando uma indireta e depois some, com desculpa de que foi trabalhar, fácil né amigo?
Eu respondi: Cara, eu realmente estava no trabalho. Meu sinal de celular lá é péssimo e prefiro também não me distrair por lá, por isso só entro em casa. A questão é que foi só uma crítica positiva, não entendi a razão de tanto stress.
E: Você está dizendo que eu fui incoerente ao dizer o que disse. Aliás, você deve ser só mais um desses caras que criticam quem é contra o sistema, nem sei pra que estou te dando atenção.
L: Na verdade, se por ser "contra o sistema" você quer dizer ser contra a palhaçada que se tem feito em nome do Autor, então eu sou parte desse time, não adversário.
E: Ah tá, mas então por que disse isso?
L: Eu não conhecia seu blog, vi que alguém deu RT no seu post, fui verificar um pouco mais da sua linha de pensamento, porque curti o texto. Mas aí descobri que você não frequenta nenhuma comunidade de seguidores da mensagem.
E: Ah, é só por isso? Vou te explicar o motivo (se eu soubesse que teria que me explicar por causa de um motivo tão óbvio, nem teria perdido meu tempo). Eu cansei dessa palhaçada aí, entendeu? Estamos longe do reformador, e muito mais do Autor.
L: Sim, concordo.
E: ?
L: É, eu concordo. Estamos mesmo muito longe. Mas você notou a conjugação que utilizou?
E: Ahn? E que tem português a ver com isso tudo?
L: Você disse "estamos". Acredito que está se incluindo aí.
E: Claro que me incluo, só porque eu não frequento nenhuma reunião não significa que eu não sou parte dos seguidores da mensagem.
L: Então, foi isso o que eu quis dizer. Essa reforma deve partir de nós, os seguidores da mensagem.
E: Cara, e quem disse que eu me excluí, quando escrevi o texto?
L: Você acabou de me dizer que não concorda com o que está sendo dito, com a palhaçada feita em nome do Autor. Mas você também não frequenta nenhuma comunidade.
E: Eu não frequento porque não aguento mais essa palhaçada.
L: Certo. E aí fica mais fácil pra eles mesmo.
E: Oi?
L: É, porque se caras como você, que não são corrompidos pela falsa mensagem deles, preferem deixar de participar, porque não aguenta mais a palhaçada, fica mais fácil pra eles. É mais fácil quando os críticos vão embora e só sobram os desavisados que acreditam em qualquer lorota. Mas fazendo isso, devo advertir você, você está sendo conivente com eles. O Autor capacitou você, te deu uma mente capaz de mudar muita coisa (eu vi isso nos seus textos) e você prefere ficar de fora.
E: Não é bem assim.
L: Na verdade é, é como se você visse um médico infectando milhares com o vírus da AIDS, propositalmente, e, sendo médico também, resolvesse sair do hospital que ele trabalha, por não concordar mais com a palhaçada que ele está fazendo. Se fosse esse o caso, e alguém descobrisse o que o médico estava fazendo, e descobrisse que você já fez parte da equipe, você seria acusado de cumplicidade, tão criminoso quanto o médico que infectou os pacientes.
Edgar ficou calado, e eu cheguei a pensar que a conexão dele tinha caído (uma desvantagem clara de ter esse tipo de conversa pela internet), mas na verdade ele estava pensando. Alguns minutos depois (minutos na internet parecem horas) ele respondeu.
E: Pensando dessa forma, você tem razão. Mas...
L: Mas?
E: Mas nós não temos chance nenhuma contra os poderosos. Ninguém vai nos ouvir, e ainda vai nos acusar de perverter a mensagem.
L: E é o que você estará fazendo?
E: Na verdade não, na verdade a estarei resgatando.
L: É como se você denunciasse aquele médico. Por ser um residente, e ele chefe do setor, provavelmente eles não iriam acreditar em você. Mas quando a realidade viesse à tona, se viesse, você saberia estar certo. E mesmo que nunca viesse à tona, você estaria com sua consciência limpa. Agora, uma coisa importante...você sabe que reformar esse hospital não significa quebrar tudo e construir de novo né? Você poderia matar vários pacientes fazendo isso inadvertidamente. Reformar, nesse caso, seria você agir corretamente, denunciar o médico e continuar cuidando dos doentes.
E: É, eu entendi. Você tem razão. E me desculpe pelo modo rude do início. É que achei que você era mais um daqueles.
L: Eu sei que achou. Mas tente, mesmo que eles não mereçam, trate-os dignamente. Você não precisa se rebaixar ao nível deles para ser ouvido.
E: É, você tem razão.
Edgar acabou procurando uma comunidade naquela semana mesmo. Na verdade, ele procurou sua antiga comunidade. Inaugurou um grupo de estudo com os jovens, além de apoiar as ações sociais da comunidade. Ele fez a diferença, mesmo que ninguém dos poderosos soubesse. De um jovem revoltado com o sistema, ele estava ajudando a reconstruir o sistema, fazendo com que as novas peças não viessem defeituosas - ou ao menos nem tão defeituosas assim.
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