Testemunhas dentro de casa

"Portanto, se Deus lhes concedeu o mesmo dom que concedera também a nós, ao crermos no Senhor Jesus Cristo, quem era eu, para que pudesse me opor a Deus?

Ouvindo essas coisas, eles se tranquilizaram e glorificaram a Deus, dizendo: Então, Deus concedeu também aos gentios o arrependimento para a vida." - At 11:17,18

Enquanto Paulo era o apóstolo dos gentios, Pedro era claramente o apóstolo dos judeus. 

No episódio que se encerra nos versos acima, Pedro havia sido enviado por Deus para levar o evangelho a um gentio. Deus teve que mostrar em uma visão que Ele não fazia acepção de pessoas, que não haviam pessoas puras ou impuras simplesmente pelo seu local e contexto cultural de nascimento, mas que Ele é quem nos purifica.

Interessante que, após explicar o que tinha acontecido aos seus irmãos judeus, eles se acalmaram e viram que Deus podia atuar entre os gentios.Paulo, pelo contrário, nunca foi bem aceito entre os religiosos da época. 

Mais tarde, ambos seriam perseguidos e mortos por levarem o evangelho às pessoas. Mas o que será que fez aqueles judeus entenderem a mensagem de Pedro?

Creio eu que o fato de ele estar no mesmo contexto que eles, e ter mostrado que ele também tinha os mesmos pensamentos que eles, fez toda a diferença.

Hoje em dia também é assim. Nossa experiência de vida não é em vão. O lugar em que nascemos e o modo como fomos criados também não. Cristo deseja nos usar em nosso próprio contexto, com as situações que vivemos (para que possamos consolar àqueles que passam pelo mesmo que nós).

Isso não quer dizer que não devemos evangelizar pessoas diferentes de nós, de outros países, até porque Atos 1:8 nos diz que iríamos ser testemunhas de Cristo até os confins da Terra. Mas antes de chegar lá, seremos testemunhas em Judeia e Samaria, em nosso próprio contexto.

As noventa e nove ovelhas

"- O que é que vocês acham que faz um homem que tem cem ovelhas, e uma delas se perde? Será que não deixa as noventa e nove pastando no monte e vai procurar a ovelha perdida?"

O versículo acima é um versículo muito utilizado para incentivar o trabalho evangelístico. Porém, ao lê-lo recentemente me chamou a atenção a primeira parte do versículo, que trata das ovelhas que ficaram para que o pastor fosse buscar a que se perdeu.

O pastor não deixou simplesmente as ovelhas em qualquer condição e lugar, pois sabia dos riscos de deixá-las sem um local seguro e com alimento disponível. Se ele fizesse isso poderia perder mais ovelhas enquanto iria procurar a perdida.

Da mesma forma, os líderes cristãos devem agir. Não se pode simplesmente abandonar seu rebanho, ou seja, seus discípulos, para partir para o evangelismo de não cristãos e desiados do Caminho. É preciso primeiro deixar cada um de seus discípulos alimentados espiritualmente e em condições de achar mais alimento diariamente, reforçando a prática da oração, da leitura biblica e do jejum. E também é importante deixá-los seguros, prevenindo-os sobre os pecados e os ataques malignos.

Somente assim, depois de deixar seu rebanho alimentado e seguro, é que o pastor pode sair em busca da ovelha perdida.

Afinal, de nada adiantaria voltar exultante com a ovelha que estava perdida e descobrir que boa parte do rebanho que ficou ou morreu de fome ou foi estraçalhada por lobos.

O trabalho evangelístico deve ser feito, inquestionavelmente, mas não sem antes cuidar daqueles que já estão na Igreja.

Sobre pérolas e rosas

"Não dêem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos; caso contrário, estes a pisarão e, aqueles, voltando-se contra vocês, os despedaçarão." - Mateus 7:6

Jesus nos ordenou ir por todo o mundo e espalhar as boas novas. Devemos falar do amor dele para todas pessoas. Não devemos nos cansar dessa missão, que é dada a todo cristão.

Muitos acreditam que o versículo acima é desculpa para desistir na primeira tentativa de se evangelizar alguém. Na verdade, o que o autor quis dizer (na minha interpretação) foi que quando anunciamos o evangelho a alguém e a pessoa compreende, mas não quer aceitar, nada que façamos vai convencê-lo disso. O que faz uma pessoa aceitar a graça de Cristo é a própria graça de Cristo, e não nossos argumentos. Seria muita pretensão pensar dessa forma.

Quando insistimos em fazê-lo, estamos "jogando pérolas aos porcos", desperdiçando nossas forças, e barateando o evangelho, o que é um erro muito grave. Devemos pensar como o personagem George MacDonald, do livro "O grande abismo", de C.S.Lewis: "Toda doença que se submeter á cura será sarada, mas não chamaremos o azul de amarelo para agradar àqueles que insistem em ter icterícia; nem faremos um monte de esterco do jardim do mundo só porque alguns não conseguem suportar o perfume das rosas".

Que não desperdicemos preciosas pérolas as jogando aos porcos, mas que façamos um belo colar para aqueles que precisam delas; que não deixemos as rosas morrerem, mas que entreguemos um buquê maravilhoso àqueles que querem sentir o perfume que elas exalam.

Fiquem com Jesus=)