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segunda-feira, julho 06, 2015

Um estranho propósito


"E ele foi. Quando chegou à porta da cidade, encontrou uma viúva que estava colhendo gravetos. Ele a chamou e perguntou: "Pode me trazer um pouco d’água numa jarra para eu beber? "
Enquanto ela ia indo buscar água, ele gritou: "Por favor, traga também um pedaço de pão".
"Juro pelo nome do Senhor, o teu Deus", ela respondeu, "não tenho nenhum pedaço de pão; só um punhado de farinha num jarro e um pouco de azeite numa botija. Estou colhendo uns dois gravetos para levar para casa e preparar uma refeição para mim e para o meu filho, para que a comamos e depois morramos. "
Elias, porém, lhe disse: "Não tenha medo. Vá para casa e faça o que disse. Mas primeiro faça um pequeno bolo com o que você tem e traga para mim, e depois faça algo para você e para o seu filho.
Pois assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘A farinha na vasilha não se acabará e o azeite na botija não se secará até o dia em que o Senhor fizer chover sobre a terra’ ".
Ela foi e fez conforme Elias lhe dissera. E aconteceu que a comida durou todos os dias para Elias e para a mulher e sua família.
Pois a farinha na vasilha não se acabou e o azeite na botija não se secou, conforme a palavra do Senhor proferida por Elias.
Algum tempo depois o filho da mulher, dona da casa, ficou doente, foi piorando e finalmente parou de respirar.E a mulher reclamou a Elias: "Que foi que eu te fiz, ó homem de Deus? Vieste para lembrar-me do meu pecado e matar o meu filho? "
"Dê-me o seu filho", respondeu Elias. Ele o apanhou dos braços dela, levou-o para o quarto de cima onde estava hospedado, e o pôs em cima da cama.
Então clamou ao Senhor: "Ó Senhor, meu Deus, trouxeste também desgraça sobre esta viúva, com quem estou hospedado, fazendo morrer o seu filho? "
Então ele se deitou sobre o menino três vezes e clamou ao Senhor: "Ó Senhor, meu Deus, faze voltar a vida a este menino! "
O Senhor ouviu o clamor de Elias, e a vida voltou ao menino, e ele viveu.
Então Elias levou o menino para baixo, entregou-o à mãe e disse: "Veja, seu filho está vivo! "
Então a mulher disse a Elias: "Agora sei que tu és um homem de Deus e que a palavra do Senhor, vinda da tua boca, é a verdade"." -1 Reis 17:10-24



Fazer a vontade de Deus é algo sobre o qual muito se fala, mas pouco se debate. Sabemos que a vontade dele é boa, perfeita e agradável, e, mesmo sabendo que nem sempre ela coincide com a nossa, não pensamos mais a fundo sobre o que significa fazer essa vontade.

Quando li o trecho acima fiquei pensando o que aconteceria se eu estivesse no lugar de Elias. Para explicar o contexto, Elias estava próximo a um riacho, sendo alimentado por providência de Deus. Esse riacho secou por falta de chuva.

Elias, como um profeta experiente, sabia das adversidades que poderiam ocorrer. Por pior que fosse essa situação, ele já previa. Eu sirvo a Deus e sei que a vida não será sempre colorida e alegre. Muitas vezes ela não é. Ele me prometeu cuidado, e eu muitas vezes esperei saúde e tranquilidade financeira, mas estas não vieram. O cuidado de Deus vai muito além das circunstâncias da vida nesse mundo.

Elias, então, é instruído a procurar uma mulher que irá alimentá-lo. A mulher em questão é viúva e tem um filho. A situação dela é muito precária, mas Elias a pede comida, por instrução divina. 

Ela dá tudo que tem, e, conforme Elias prometeu (porque Deus prometeu a ele), não falta comida na casa da viúva, que já estava se preparando para morrer de fome. Mas então, aparentemente sem explicação, o filho da viúva morre.

E se fosse comigo? Confiando na palavra de Deus eu vou à casa de alguém muito pobre e peço que partilhem a comida comigo, comida quase inexistente na casa. Eles aceitam, como pessoas em dificuldade normalmente o fazem, e o filho dessa pessoa morre. Não sei o que vocês pensariam, mas certamente eu pensaria que era minha culpa. Talvez eu tivesse interpretado errado, e na verdade arruinei a vida de uma mulher que já perdeu o marido.

A verdade é que isso acontece ainda hoje. Muitas vezes, ao seguirmos a vontade de Deus, pode parecer que estamos atrapalhando ao invés de ajudar. Mesmo que lidemos bem com o fato de que a vontade de Deus nem sempre é a nossa, e nem sempre parece boa aos nossos olhos, é diferente quando isto envolve a vida de outra pessoa. 

Elias teve a mesma reação. Ele, porém, sabia que Deus continuava lá. Ele orou em desespero, perguntando porque Deus o usou para trazer desgraça para essa família. Orou pedindo o fôlego de volta ao menino, não como um profeta confiante, mas como um servo frustrado e assustado. 

O menino volta a viver e a mãe faz a interessante declaração de que agora ela sabia que Elias, de fato, era um homem de Deus. Por sabe-se lá quanto tempo a morte foi evitada na casa graças à comida que se multiplicava, mas foi no momento em que seu filho retorna dos mortos que ela viu a ação de Deus. 

Esperamos pelo óbvio, mas Deus nem sempre está lá. Eu creio firmemente que ele criou a terra para usar todas as leis naturais ao máximo, mas ele nos surpreende sim, com milagres. A única coisa que podemos esperar dele é que ele está conosco, não importa o que aconteça. A forma que ele usará para demonstrar isso sempre será um segredo. 

Como cristãos, devemos seguir a vontade de Cristo, no amor e na graça que Ele nos salvou, ainda que não enxerguemos propósito algum naquilo que fazemos. Podemos deixar nas mãos dele, porque o cuidado (e a surpresa, por que não?) sempre estarão presentes em nossas vidas.

sábado, agosto 31, 2013

Peixinho dourado


Meus meninos aqui nos EUA ganharam uns peixinhos dourados. Eu me lembrei da minha infância.

Eu não podia ter bichinhos de estimação, meu pai não gostava e não me deixava ter. Só peixe. Peixinhos dourados normalmente morrem rápido, mas eu tive um que viveu um ano. Daí ele morreu. Fui pra escola chorando e quando me perguntaram o que foi falei que meu peixe tinha morrido. Eu me lembro claramente de todos rindo de mim, porque era só um peixinho dourado.

O ser humano é assim, faz escalas de sofrimento desde criança. Perder um cachorro e ficar triste, pode, perder um peixinho não. E daí que o peixinho era com quem você conversava todas as noites? E daí que você era filha única e seus únicos amigos da rua tinham se mudado? Era só um peixe, pelo amor de Deus!

A situação toda pode ter te feito sentir pena, mas na verdade a gente continua agindo assim quando cresce. A gente julga o sofrimento por escalas, sem considerar nenhum outro fator. Só é digno o sofrimento de quem perdeu alguém pro câncer, ou perdeu a casa num incêndio. A menina e o menino que choram por não terem um namorado estão fazendo tempestade em copo d'água, não sabem esperar em Deus. E daí que a pessoa sonha em formar família e vê esse sonho morrendo cada dia que passa? E daí que todo mundo te julga por estar solteiro "até hoje"? É só um desejo bobo de beijar na boca, pelo amor de Deus!

Eu não vou nem falar de outros "sofrimentos pequenos", porque quero mesmo enfocar a questão do namoro aqui, do relacionamento. Acho que a maneira que a igreja tem tratado esse assunto de maneira muito errada e, justamente por considerar ser algo de menor escala acaba fazendo muito jovem sofrer - e muito, por isso.

A partir do momento que encaramos que alguém que é cristão quer um namorado(a) não apenas por desejos físicos, mas porque anseia mesmo com o dia em que vai ter uma família de sua, poderemos corrigir a visão.

Eu vejo muito - "você é amada por Deus" e muito "menino, não transe antes de casar", mas poucas instruções práticas sobre o que é um relacionamento de verdade. Porque o que não falta é gente se casando irresponsavelmente só para poder ter a "aprovação de Deus" para transar.

Não vou chegar a dizer que o enfoque no sexo é tão errado assim. Acho que falar sobre isso num mundo onde tudo é sexo é totalmente válido, mas a vida de casado não se resume a isso. O relacionamento entre homem e mulher não se resume a isso. E a abordagem da maneira como é feita é também perigosa. Sexo antes do casamento é pecado, e depois também não pode fazer isso, isso e aquilo.

Eu não sou casada para poder falar, mas poxa, para mim sexo envolve muito mais que isso. Tratar o sexo de uma maneira tão mecânica como a igreja muitas vezes trata contraria até a própria natureza do ato.

Bom, voltando ao assunto do "sofrimento banal", é preciso e muito válido sim, querer que a pessoa pare de sofrer. Mas assim como as frases automáticas de "pelo menos agora ele descansou", para quem perde alguém pro câncer, fazem a pessoa até se sentir mal pela saudade, o "Deus vai te dar alguém na hora certa, é só você esperar" também fazem o solteiro se sentir menos digno ao invés de ajudar.

Meu apelo, enfim, é que nos lembremos, mais uma vez da graça e deixemos os julgamentos, preconceitos e frases feitas de lado. Um pai não quer saber se o filho quebrou o braço ou se arranhou de leve, quando o vê chorando tudo que quer é fazer a dor passar. Deus nos escolheu como transmissores da sua graça - que não estejamos fazendo essa imagem chegar distorcida ao nosso próximo.




sexta-feira, fevereiro 08, 2013

Líderes podem sentir!


Quando você pensa em um líder, que imagem lhe vem à mente?

Provavelmente você pensou em alguém com uma postura elegante, que raramente expões sentimentos, pois sempre quer demonstrar segurança mostrando que são plenamente felizes.

Esse estereótipo parece estar se infiltrando no meio cristão. Os líderes - especialmente aqueles adeptos da teologia da prosperidade - querem mostrar que Deus está ao lado deles e, por isso, não sentem medo, não ficam tristes, estão sempre felizes e 100% satisfeitos.


Eu até entendo um pouco disso. Às vezes é até uma atitude paternal, de querer transmitir segurança, evitando que os filhos/liderados vejam que também passam por problemas.


Outras vezes é puro machismo. Homens não choram, é o que dizem por aí...


Mas, ao olhar para a vida de Jesus, o retrato que eu vejo é completamente diferente. Ele falava abertamente sobre seus medos (Mt 26:38), chorava (Jo 11:35) - mesmo quando isso pudesse causar reações diversas (Jo 11:36,37), enfim, ele expunha seus sentimentos sem o menor constrangimento.


Ele, sobretudo, sabia que mostrar sua humanidade era fundamental no seu relacionamento com os discípulos. E também ia contra o machismo que imperava na época, e ainda hoje tem grande presença no meio cristão.


Assumir essa postura de "sou perfeito, nada me atinge" não traz benefícios para os liderados mas, pelo contrário, só os afasta. O pensamento deles provavelmente será: "bom, o que estou sentindo é muito bobo, Deus não vai se agradar disso, porque o líder tal está sempre feliz, então eu não vou nem pedir conselho para ele". 


As pessoas eram atraídas a Jesus por causa da sua compaixão, e, repito, de sua humanidade. Seres humanos sentem, portanto choram, sofrem, ficam tristes, sentem medo. 


Não estou dizendo, obviamente, que um líder precisa ser uma pessoa triste o tempo todo. Claro que às vezes mostrar que passou por um problema e o superou é um incentivo àqueles que estão sofrendo a crerem que as coisas podem melhorar. Um sorriso no rosto ajuda sim, também. Mas é preciso equilíbrio e transparência. Existem sentimentos grandes demais para que possam ser escondidos, não compartilhados. Existem outros que iremos compartilhar apenas com os mais íntimos. 


Em resumo, sinta! Não tente bancar o super-herói, porque seu liderado sabe que eles não existem. Eles estão buscando um ser humano, como eles, para poderem os ajudar na caminhada da fé.

quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Deus está no Controle - SORTEIO!


E a parceria com a Mundo Cristão continua =)

Dessa vez com o lançamento do escritor Max Lucado, Deus Está No Controle.

O livro é um alento aos corações daqueles que sofrem, mostrando que Deus se importa conosco e que Ele sabe das nossas limitações e, portanto, sempre nos fortalece em meio às dores, mesmo que não seja da maneira que a gente espera.


O escritor Max Lucado têm, nos últimos anos, buscando escrever mais sobre compaixão. Ele é autor de best-sellers como "Seis horas de uma sexta feira", "Seu nome é Jesus", dentre outros. 


Para participar é, como vocês sabem, muito simples, basta curtir a página do Trintaetrês no Facebook, clicar na aba promoções, depois em "Quero Participar" e pronto! Você já estará inscrito no sorteio de um exemplar desse lançamento =)


O sorteio será realizado no dia 20 de fevereiro (aniversário do irmão mais bonito do mundo), e daremos 48h para o vencedor entrar em contato conosco. Caso este não se manifeste, um novo sorteio será realizado.


Bora lá participar então?


Divulgue para seus amigos e, caso não ganhe, compre pelo site ou procure a representante Mundo Cristão mais próxima e adquira o livro =)


Que a graça maravilhosa de Jesus continue nos lembrando que Ele está no controle ^^


quarta-feira, janeiro 02, 2013

Adeus 2012


Ok, hora de escrever retrospectiva. Até um pouco atrasada, na verdade.

Em resumo, o ano de 2012 foi péssimo. Estou reescrevendo esse texto para que ele não soe tão depressivo. 

Foi um ano (e, infelizmente, tenho que dizer, mais um) de planos frustrados e de consciência do meu total fracasso profissional.

Meus amigos - aqueles que ao longo de alguns anos de sofrimento permaneceram comigo, mesmo distantes - estiveram comigo. Esforcei-me para vê-los ao máximo, mas ainda assim me senti meio sozinha. Não por falha deles, mas por mim mesma.

Coisas boas aconteceram na vida de pessoas próximas a mim. Uma de minhas melhores amigas se casou, outra conseguiu um bom emprego. Minha mãe entrou na faculdade. Meu noivo também conseguiu um bom emprego.

E um novo ano está começando. Sinceramente, não tenho grandes expectativas sobre o que virá, mas tenho plena certeza que Deus pode me surpreender, se assim o quiser.

Apesar de tudo de ruim que aconteceu e ainda acontece comigo, sei que a graça continuou infalível. Nos piores momentos do pior ano, a brisa suave de descanso vinha a mim. Quando desisti de tudo, Ele me deu forças para continuar. 

Sobrevivi a 2012. E nem estou falando do calendário Maia. 


segunda-feira, dezembro 03, 2012

O Deus do impossível


Eu, sinceramente, não entendo o intuito das pessoas que dizem, em uma situação difícil, para consolar alguém, a frase: "Deus é o Deus dos impossíveis, Ele pode tudo, tenha certeza que tudo vai melhorar". Eu até entendo que muitas pessoas fazem isso com a melhor das intenções, mas as consequências da utilização desenfreada dessa frase podem ser devastadoras.

Para começar, Deus é sim, o Deus dos impossíveis, uma vez que tudo que é impossível ao homem apenas Ele PODE realizar. Mas Ele é também o Deus dos possíveis, e vejo isso como sua principal característica. Eu gosto de saber, inclusive, que Deus é o Deus que age no meu cotidiano, que segue as complexas leis científicas que Ele mesmo criou. Que valoriza sua obra.

Não pretendo invalidar os milagres. Até porque eu acredito, assim como o mestre C.S. Lewis, que "A mente que exige um Cristianismo sem milagres é aquela que se encontra no processo de rebaixar o Cristianismo a simples 'religião'". Entretanto, não acho que milagres são coisas que acontecem aos montes, como afirmam muitos por aí. Acredito que o milagre é uma coisa extraordinária, que acontece quando realmente nada do mundo natural pode mudar a situação. 

Logo em seguida vem a clássica afirmação, "Ele pode tudo". Sim, Ele pode tudo. Não significa, entretanto, que Ele vá fazer. E isso não quer dizer que Ele é mau, ou coisa do tipo, mas que a realidade que Ele vive e enxerga é bem diferente da nossa. Pode ser que o não fazer algo seja mais importante que fazer, e por isso Ele opte por agir assim. Ou pode ser que Ele tenha outros motivos, que nós nunca saberemos. O porquê não importa, o que importa é que da mesma forma que Ele pode fazer, Ele pode não fazer também, já que estamos falando de possibilidade.

Por fim, para fechar com chave de ouro, a frase termina com "tudo vai melhorar". Essa afirmação para mim é a maior manifestação do ego humano que pode existir. Sim, porque afirmar que tudo vai melhorar é se afirmar conhecedor do futuro e de tudo que vai acontecer nele. As coisas podem melhorar? Sim. Espera-se que elas melhorem? Com certeza! Mas afirmar que elas vão melhorar é afirmar algo sobre o qual não se tem controle. 

Não estou querendo ser negativista, pessimista, ou qualquer outra palavra nesse sentido que queiram falar. Não. Apenas sei das consequências desse tipo de frase. Em momentos de profundo sofrimento costumamos nos apegar a tudo que possa nos dar esperança, e essa frase é uma delas. Mas se algo der errado, se nosso sofrimento não terminar. Se o parente com câncer acabar morrendo no final, ou o casamento seja mesmo destruído, ou a demissão ocorra, enfim, se der tudo errado, existe a grande possibilidade da pessoa que ouviu a frase nem lembrar quem a disse, mas com certeza se lembrará da promessa que supostamente Deus fez. 

Acredito num Deus de impossíveis e de possíveis. Acredito num Deus que pode fazer ou não fazer o que quero. Acredito que as coisas podem melhorar, ou não. Acredito num Deus de graça. E sei que sua graça se manifesta de diferentes maneiras, não apenas nos dando o que queremos. Isso seria baratear e comercializar a graça. A graça pode se manifestar na força que temos em seguir a vida, mesmo após situações difíceis. Ela pode se manifestar em um livramento, revestido de resposta aparentemente negativa. Ela pode se manifestar de várias formas, inclusive nos dando o que queremos.

Não devemos, portanto, nos apegar a resultados, mas nossa verdadeira esperança deve residir na graça de Deus, que sempre irá se manifestar. Nossa verdadeira alegria deve vir de saber que nós não a merecemos de forma alguma, mas Ele sempre nos agraciará com ela. 

sexta-feira, março 16, 2012

Releitura das Cartas do Apocalipse: à Igreja em Esmirna


"Conheço tua tribulação e tua pobreza, apesar de seres rico, e a blasfêmia dos que dizem ser judeus; mas não são; pelo contrário, são sinagoga de Satanás. Não temas o que hás de sofrer. O Diabo está para colocar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e passareis por uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e eu te darei a coroa da vida." - Ap 2: 9-10

Antes de começar o devocional (posso chamar assim?) de hoje, quero reforçar algo que eu não citei no último texto. Apesar de com frequência nos referirmos as cartas do Apocalipse como cartas às igrejas, como carta à igreja DE Éfeso, De Esmirna, etc, o texto sempre usa o termo EM, não DE. Que diferença isso faz? Bom, com a mudança de termos vemos que a Igreja é uma só, apenas situada em locais diferentes. 

Bem, voltemos ao texto. Os cristãos em Esmirna viviam em uma região próspera, mas, apesar disso, eram pobres. Provavelmente isso se devia a restrições pela própria perseguição religiosa. Essa igreja era perseguida pelos próprios judeus locais, que deveriam apoiá-la, mas não o fizeram. O período de dez dias de prisão não necessariamente foi literal, pode ser apenas uma representação de um período curto, mas completo.

Contextualizados esses aspectos, vamos ao que eu aprendi com esses versos. A igreja evangélica não é perseguida, em sua maioria. Muitas vezes é difícil ao cristão brasileiro comum entender versos assim, visto que tem toda liberdade para praticar sua fé. Entretanto, creio que somos cristãos e que choramos com os que choram, e lembramos de nossos presos como se estivéssemos presos com eles. 

Vejam que a igreja perseguida de Esmirna não recebe muitas orientações, nem mesmo advertências, mas apenas uma orientação para suportar o sofrimento. Não vou dizer que os cristãos das igrejas perseguidas sejam 100% santos, sem pecados, não, nenhum ser humano o é. Mas quando você tem de defender sua fé com a própria vida em risco, algumas futilidades desaparecem. E por isso a recomendação de suportar o sofrimento e ser fiel até a morte, que é algo a se ter em mente sempre, uma vez vivendo em uma igreja perseguida.

O fato é que, como eu sempre disse, e alguns discordam, ser cristão em uma igreja perseguida é mais "fácil" do que na igreja livre. Porque não existe meio termo na igreja perseguida. Ou você é cristão e é perseguido por isso, ou você não é cristão. Não existem os "cristãos não praticantes". Porque o que devemos temer não são aqueles que matam o corpo, mas não matam a alma; mas aquele que pode destruir tanto a alma quanto o corpo no inferno (Mt 10:28). Não vou me ater muito tempo a isso, entretanto. Obviamente, não estou dizendo que os sofrimentos que eles enfrentam são fáceis, ou desmerecendo o cristianismo deles, de maneira nenhuma. É que aqui é mais fácil ser falsamente cristão, se é que isso existe. O cristianismo verdadeiro abunda nesses lugares de perseguição. Aqui, infelizmente, não é bem assim.

De qualquer maneira, ainda podemos tirar algumas lições aqui para a igreja livre por meio desse trecho. Provavelmente não precisaremos ser  fiéis até a morte, literalmente, aqui no Brasil. Mas, como disse, aplicar isso no nosso contexto é ainda mais difícil. Precisamos nos manter fiéis até a morte, sem deixar a fé morrer nesse meio tempo, sem nos deixar abalar por falsas doutrinas.

O nosso período de sofrimento nessa terra, ainda que seja toda a nossa vida, é muito pequeno comparado à alegria que teremos na eternidade. E se tivéssemos mil vidas valeria à pena sofrer em todas elas apenas se soubéssemos que estaríamos com Cristo no final.

Portanto, não temamos o que haveremos de sofrer, os vencedores de modo algum sofrerão a segunda morte! E não deixemos de orar, SEMPRE, pelos nossos irmãos na igreja perseguida.




sexta-feira, dezembro 16, 2011

Mesmo assim me alegrarei

"Mesmo não florescendo a figueira, não havendo uvas nas videiras; mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos estábulos,
ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação. 
Habacuque 3:17-18"


"Por fornecerem alimentos a aves, símios, morcegos e outros animais dispersores de sementes, têm importância na preservação das vegetações nativas tropicais e subtropicais. Os figos caídos no solo e na água servem também de alimentos a vários outros animais, incluindo peixes e insetos."
"A oliveira é conhecida cientificamente como Olea europaea L., família Oleaceae. São árvores baixas de tronco retorcido nativas da parte oriental do Mar Mediterrâneo. De seus frutos, as azeitonas, os homens no final do período neolítico aprenderam a extrair o azeite. Este óleo era empregado como unguento,combustível ou na alimentação, e por todas estas utilidades, tornou-se uma árvore venerada por diversos povos."
"A Vitis é uma trepadeira da família das vitáceas, com tronco retorcido, ramos flexíveis, folhas grandes e repartidas em cinco lóbulos pontiagudos, flores esverdeadas em ramos, e cujo fruto é a uva. Originária da Ásia, a videira é cultivada em todas as regiões de clima temperado.
A videira produz as uvas, fruto de cujo o suco se produz o vinho.
O cultivo da videira para a produção de vinho é uma das atividades mais antigas da civilização. Evidências indicam o cultivo da videira para a produção de vinho na região do Egito e da Ásia Menor durante o período neolítico, ao mesmo tempo em que a humanidade, instalada em colônias permanentes, começou a cultivar alimentos e criar gado, além de produzir cerâmica." - Wikipedia

Nesse momento você deve estar se perguntando por que eu peguei coisas tão óbvias, copiei a definição da Wikipedia e colei aqui.  Antes de tudo, então, devo avisar que esse é o texto mais "para mim", que eu já escrevi. Quero refletir mais profundamente sobre o que esse trecho de Habacuque tem a me dizer. Os devaneios podem não passar de pura reflexão vazia, mas é assim que costumo fazer reflexões, hehe.

A economia daquela época era extremamente voltada para a agricultura, então, nada de mais normal que uma comparação com plantas. Mas porque essas três? A figueira é uma árvore que se multiplica profundamente, as raízes podem até destruir uma parede de casa se for construída perto de uma delas. Então, posso concluir que os figos podem representar abundância. A videira é importante por sua tradição, por seu fruto maravilhoso - a uva. Então videira pode significar prazer, talvez? E, por último, a oliveira. Da oliveira vem a azeitona, e dela o azeite. O azeite é usado, como visto acima, tempero, unção e até combustível. Logo, concluo que o azeite pode representar o equilíbrio, o "tempero da vida" (como estou poética hoje, haha). Os alimentos da lavoura e os animais representam o sustento, para finalizar minha viagem

Abundância, prazer, equilíbrio e sustento. Mesmo que me falte tudo isso, eu me alegrarei no Senhor.

Agora deixe-me explicar porque eu estou fazendo essa reflexão (e remarcando a postagem programada para hoje). Domingo faço a prova de um concurso. Até aí nada de mais, certo? A verdade é que estive nos quatro últimos meses estudando muito (do verbo não faço mais nada além disso) para essa prova. E na quarta fui fazer umas provas para testar meus conhecimentos e fui muito mal. Fiquei arrasada, claro.

Eu depositei todas as minhas fichas nesse concurso. Todo meu futuro - cursos, casamento, carro - depende desse resultado. E aí eu me esqueci do versículo que se tornou o lema da minha vida profissional:

E é por meio de Cristo que temos tal confiança em Deus. Não que sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se viesse de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus." - II Co 3:4,5

É, eu esqueço das coisas às vezes, igual o povo de Israel se esquecia de quem era o  seu Deus. Não sou menos humana que eles e tendo a incorrer no mesmo erro às vezes. Não que em algum momento eu tivesse realmente achado que eu fosse capaz de ser aprovada nesse concurso por conta própria. Eu sei que não sou. Apesar de boletins escolares que diziam o contrário, nunca fui boa com essa coisa de estudar. As provas de CEFET, UFMG (fui aprovada com uma nota bem baixa) e dos últimos concursos que fiz estão aí para provar. Ainda que dessa vez eu ache que meu método tenha sido mais eficiente, se o foi, foi por causa de Deus, por causa da graça. Independentemente disso, o que esqueci é que pode ser que eu não passe - e que isso não seja uma coisa ruim (a longo prazo, obviamente).

Deus não está preso ao tempo como eu estou. Daqui a 10, 20 anos eu vou estar de um jeito que Ele já sabe, porque Ele já está lá. E eu sei que vai ser bom, não apenas porque a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita, mas porque sei que a mesma graça que me salvou vai continuar comigo. Porque Ele me ama independentemente do que eu faça ou seja. Ele não desiste nem desistirá de mim, mesmo que eu mesma o faça.

Concluindo, ainda que me falte abundância, constância, prazeres, eu vou ser grata a Deus. Eu vou confiar em sua vontade. Eu vou saber que a confiança que tenho em Deus é por causa de Cristo, não por causa da minha capacidade de pensar.

E que domingo agora seja só mais um dia na história que Ele escreveu pra mim.

Que a graça continue nos acompanhando ^^
 

sexta-feira, dezembro 09, 2011

Alegria em qualquer tempo

"Este é o dia que o Senhor fez; vamos regozijar-nos e alegrar-nos nele." - Sl 118:24


Tendemos a agradecer a Deus por dias bons. Ao lermos esse versículo em um destes dias achamos-no completamente aplicável ao momento. Mas dias ruins existem, e esse trecho não limita nenhum tempo, se dias bons ou ruins.

Há diversos motivos para que um dia seja ruim - porque as coisas não deram certo, porque recebemos uma notícia ruim, porque tivemos um desentendimento com alguém, etc. Isso, entretanto, não anula o fato de que estamos vivos e, se assim o é, recebemos momentos de graça divina mesmo sem perceber.

Se começarmos o dia sabendo que Deus o fez, e nos permitir viver nele, nossa perspectiva será sempre positiva, mesmo que os dias possam vir a ser ruins. E isso não significa estarmos com um sorriso estampado no rosto sempre - isso é falsa alegria, ou alegria de fachada, como quiserem - apenas significa que somos gratos a Deus, ainda que tristes pelas circunstâncias chatas da vida.

A graça nos ensina a ver uma pequena flor nascendo, mesmo que seja em meio aos escombros de uma guerra gigantesca.

sexta-feira, outubro 07, 2011

Ânimo no sofrimento



"renovando o ânimo dos discípulos, exortando-os a perseverar na fé, dizendo que em meio a muitas tribulações é necessário entrar no reino de Deus." - At 14:22


O evangelho não nos isenta do sofrimento, vocês já devem saber.

Quando li esse versículo fiquei intrigada com o aparente paradoxo, de a palavra de ânimo aos discípulos ter sido um alerta sobre o sofrimento.

Jesus já nos dizia que no mundo teríamos aflições, mas deveríamos ter bom ânimo, pois ele já havia vencido o maligno. Mas então nosso bom ânimo deveria ser porque esse sofrimento iria acabar, e não por causa do sofrimento em si, certo? Pode até ser, mas Atos 14:22 nos leva a entender uma outra face do dado.

Em um mundo onde, inconscientemente às vezes, somos levados a pensar que todo sofrimento provém de falta de caráter ou por castigo, os apóstolos nos lembram que as nossas tribulações podem vir de nossa escolha de servir a Cristo, e que elas nos acompanharão até o Reino. Por isso devemos perseverar na fé, apesar dos (e inclusive nos) sofrimentos que haveríamos de passar.

É uma palavra de ânimo aos que passam por problemas, e um alerta aos que julgam, pois nem sempre os que sofrem "mereceram" aquilo.

A graça eventualmente nos livra da morte, e até de alguns problemas, mas também nos dá forças para que fiquemos firmes na fé durante as batalhas que tivermos que enfrentar.

quarta-feira, setembro 14, 2011

Anotações de "O problema do sofrimento"



C.S. Lewis

Eu fico imensamente feliz de poder colocar essas anotações aqui. Esse livro é fonte de sabedoria para grandes escritores cristãos, e comigo não seria diferente. Se há alguém que foi usado por Deus, e ainda o é, mesmo após sua morte, esse é C.S. Lewis. Pensar que ele diz nesse livro que não pretende falar como um teólogo, rs.


"(...) diante da necessidade de suportar o sofrimento, um pouco de coragem contribui mais que muito conhecimento, um pouco de empatia humana ajuda mais que muita coragem e o mínimo matiz do amor de Deus vale mais que tudo isso." - p. 16

"O espetáculo do Universo, do modo em que é revelado pela experiência, jamais pode ter sido a base da religião: deve sempre ter sido algo a despeito do qual a religião, adquirida de uma fonte diversa, foi mantida." - p. 19,20

"Ou ele [Jesus] foi um lunático delirante, de um tipo abominável que raramente se encontra, ou foi - e é, exatamente o que afirma ser. Não há meio-termo. Se os registros tornam inaceitável a primeira hipótese, devemo-nos submeter à segunda. E, se fizermos isso, tudo o mais que for afirmado pelos cristãos tornar-se-á crível - que esse Homem, depois de ser morto, ainda estava vivo e que Sua morte, de alguma forma incompreensível ao pensamento humano, levou a efeito uma verdadeira mudança em nosso relacionamento com o Senhor 'temível' e 'justo' - uma mudança a nosso favor." - p. 29

"Não se trata de um sistema em que temos de enquadrar o incômodo fato do sofrimento. O Cristianismo é em si um dos fatos incômodos que tem de ser enquadrados em qualquer que sistema que venhamos a criar. Em certo sentido, ele cria, em vez de resolver, o problema do sofrimento, pois este não seria um problema se, aliado à nossa experiência diária neste mundo de dor, não tivéssemos recebido o que julgamos ser uma boa certeza de que a realidade última é justa e amorosa." - p. 29,30

"Que Deus possa modificar e, de fato, por vezes modifique o comportamento da matéria e realize o que chamamos milagre faz parte da fé cristã, mas a própria concepção de um mundo comum e, portanto, estável, requer que essas ocasiões sejam extremamente raras." - p. 41

"Tente excluir a possibilidade de sofrimento implicada pela ordem da natureza e pela existência do livre-arbítrio, e você descobrirá que excluiu a própria vida." - p. 42

"A liberdade de Deus consiste no fato de que nenhuma causa além dele mesmo produz os Seus atos e nenhum obstáculo exterior os estorva, isto é, de que Sua bondade é a raiz da qual todos eles se desenvolvem, e Sua onipotência, o ar em que todos florescem." - p. 43

"(...) se Deus é mais sábio que nós, Seu juízo deve diferir do nosso em muitas coisas e não menos no que diz respeito ao bem e ao mail. O que nos parece bom pode, portanto, não ser bom a Seus olhos, e o que nos parece mau pode não sê-lo." - p. 45

"A 'bondade divina' difere da nossa, mas não é absolutamente diversa: ela difere da nossa não como o branco do preto, mas como o círculo perfeito se distingue da primeira tentativa de uma criança em desenhar uma roda: quando a criança aprender a desenhar, ela saberá que o círculo que agora consegue fazer é justamente aquele que estava tentando reproduzir desde o começo." - p. 47

"Queremos, com efeito, menos um Pai no Céu que um avô no céu - certa benevolência senil que, como se diz, 'gostasse de ver gente jovem usufruindo as coisas' e cujo projeto para o Universo fosse simplesmente que se pudesse dizer sinceramente ao fim de cada dia: 'Todos se divertiram'." - p. 48,49

"Há bondade no Amor, mas um e outro não são sinônimos (...)." - p. 49

"Se Deus é Amor, Ele é, por definição, algo mais do que simples benevolência." - p. 50

"(...) nossa capacidade de pensar é o poder de Deus comunicado a nós." - p. 50

"Da mesma forma, é natural queremos que Deus nos tivesse designado um destino menos glorioso e árduo. Ao fazer isso, não estamos querendo mais amor, e sim menos." - p. 52

"Podemos desejar, de fato, que fôssemos tão pouco estimados por Deus, que ele nos deixasse livres para seguir nossos impulsos naturais, que Ele parasse de tentar nos treinar para levar-nos a ser algo tão diverso de nosso eu natural. No entanto, uma vez mais, não estamos pedindo mais amor, e sim menos." - p. 53

"O Amor pode perdoar todas as fraquezas e assim mesmo amar, a despeito delas, mas não pode deixar de querer que eles sejam eliminados. O Amor é mais sensível que o próprio ódio a cada imperfeição no ser amado." - p. 55

"De todos os poderes, ele [o amor] é o que perdoa mais, porém é o que menos fecha os olhos; ele se satisfaz com pouco, mas exige tudo." - p. 56

"Você pediu um Deus amoroso; agora tem um (...), não uma benevolência senil que preguiçosamente deseja que você seja feliz à sua maneira; não a fria filantropia de um juiz escrupuloso; tampouco os cuidados de um anfitrião que se sente responsável pela comodidade de seus convidados, mas Ele próprio o fogo a consumir-se, o Amor que criou os mundos; pertinaz como o amor do artista por sua obra e despótico como o amor de um homem por seu cão; providente e venerável como o amor de um pai por seus filhos; ciumento , inexorável e exigente como o amor entre os amantes." - p. 56

"O problema de reconciliar o sofrimento humano com a existência de um Deus que ama só permanecerá insolúvel se atribuirmos um sentido corriqueiro à palavra 'amor' e encararmos as coisas como se o homem fosse o centro delas. O homem não é o centro. Deus não existe para o bem do homem. O homem não existe para o próprio bem (...). Não fomos feitos em primeiro lugar para que possamos amar a Deus (embora tenhamos sido criados para isso também), mas para que Deus nos possa amar, para que possamos nos tornar algo em que o amor Divino possa repousar 'plenamente satisfeito'. Pedir que o amor de Deus fique satisfeito conosco como somos é pedir que Deus deixe de ser Deus." - p. 57,58

"Se Ele nos requer, o requerimento é escolha dele. Se o coração imutável pode ser ofendido pelos fantoches de sua criação, é a Onipotência divina, e não outra coisa que assim o subordinou, livremente e numa humildade que ultrapassa a compreensão. Se o mundo não existe principalmente por amor a Deus, mas para que Deus nos ame, esse mesmo fato, no entanto, num nível mais profundo, assim o é para nosso bem. Se Ele, que em Si Mesmo não pode ser carente de coisa alguma, escolhe carecer de nós, é porque necessitamos ser necessários." - p. 61

"Viver o amor de Deus de modo verdadeiro, não ilusório, é portanto vivê-lo na forma de nossa rendição à Sua exigência, nossa conformidade ao Seu desejo." - p. 61,62

"(...) tudo advém dele, incluindo a própria possibilidade de O amarmos (...)." - p. 62

"Quando queremos ser algo além do que Deus quer que sejamos, estamos desejando na verdade aquilo que não nos fará felizes. As exigências divinas que soam aos nossos ouvidos mais como as de um déspota e menos como de alguém que ama nos conduzem aonde deveríamos querer ir, caso soubéssemos o que desejamos." - p. 63

"Ou seja, quer gostemos, quer não, Deus intenta dar-nos aquilo de que necessitamos, não aquilo que ora achamos que queremos. Uma vez mais, vemo-nos desconcertados diante da benevolência intolerável - diante do excesso, não da escassez do amor." - p. 64

"Você não pode ter sinal maior de orgulho crônico que no momento em que se julga bastante humilde." William Law, citado na p. 65

"O Cristianismo hoje tem de anunciar o diagnóstico - em si mesmo, uma notícia muito ruim - antes de conquistar ouvintes dispostos a ouvir sobre a cura." - p. 66

"Entretanto, a menos que o Cristianismo seja inteiramente falso, a percepção de nós mesmos em momentos de vergonha deve ser a única verdadeira." - p. 67

"A culpa é purificada não pelo tempo, mas pelo arrependimento e pelo sangue de Cristo." - p. 71

"Deus pode ser mais que bondade moral: Ele não é menos que isso." - p. 76

"(...) se nossa depravação fosse total, não nos reconheceríamos como depravados e em parte porque a experiência nos mostra muita bondade na natureza humana." - p. 77

"Creio que todos pecamos tanto por desobedecer desnecessariamente à determinação apostólica de 'nos alegrarmos' quanto por qualquer outra coisa. A humildade, depois do primeiro choque, é uma virtude alegre: triste mesmo é o descrente arrogante, que tenta desesperadamente, a despeito das repetidas desilusões, reter sua 'fé na natureza humana'." - p. 78

"O que se aprende por tentativa e erro deve começar com a imperfeição, independentemente do caráter de quem começa." - p. 84

"(...) a simples existência do eu - o mero fato de chamar 'Eu' - inclui, desde o princípio, o perigo da idolatria de si mesmo." - p. 92

"O que o homem perdeu na Queda foi sua natureza original específica (...). Ao organismo como um todo, que fora alçado ao de um ser espiritual, foi concedido decair novamente à condição de simplesmente natural da qual ao ser criado, havia sido elevado (...). Assim, o espírito humano, de senhor da natureza humana passou a ser um simples hóspede em sua própria casa, ou até mesmo um prisioneiro." - p. 93,94

"O que realmente ocorreu foi uma alteração radical de sua constituição [do homem], um distúrbio da relação entre as partes que o compunham e uma perversão interna de uma delas." - p. 95

"Daí a necessidade de morrer diariamente: por mais que julguemos ter destruído aquele 'eu' rebelde, ainda o encontraremos vivo." - p. 104

"E o sofrimento não é só o mal imediatamente reconhecível, mas o mal impossível de se ignorar." - p. 105

"Deus nos sussurra em nossos prazeres, fala em nossa consciência, mas brada em nosso sofrimento. O sofrimento é o megafone de Deus para despertar um mundo surdo." - p. 105,106

"(...) as coisas mais repulsivas na natureza humana são perversões de características boas e inocentes." - p. 107

"Não resta dúvida de que o sofrimento, na forma de megafone de Deus, é um instrumento terrível, pois pode levar à rebelião definitiva e sem arrependimento. Ele propicia, contudo, a única oportunidade que o homem mau pode ter para se emendar. Ele retira o véu ou finca a bandeira da verdade na fortaleza da alma rebelde." - p. 108

"Se a primeira operação do sofrimento, a inferior, dissipa a fantasia de que está tudo bem, a segunda despedaça a ilusão de que o que temos, independentemente de ser bom ou mau em s mesmo, é nosso e nos basta." - p. 108

"'Temos tudo o que queremos' é uma frase terrível quando 'tudo' não O inclui." - p. 109

"Enquanto o que chamamos 'nossa vida' continuar satisfatório, não o entregaremos a Ele." - p. 109

"é lamentável arriarmos a bandeira e nos render a Deus quando o barco já está afundando. É lamentável dirigirmo-nos a Ele como o último recurso, ofertar 'o que nos pertence' quando isso não é mais digno de ser conservado." - p. 110

"Dificilmente será lisonjeiro para Deus que O escolhamos como alternativa para o Inferno: no entanto, até isso Ele aceita." - p. 110

"Se Deus (...) não nos aceitasse enquanto não chegássemos a Ele impulsionados pelos mais puros e melhores motivos, quem poderia ser salvo?" - p. 111

"Os perigos da aparente auto-suficiência explica por que Nosso Senhor considera os vícios dos fracos e dissolutos de maneira tão mais tolerante que os vícios que levam ao êxito mundano. As prostitutas não correm o risco de achar a vida que têm satisfatória a ponto de não poderem se voltar para Deus. Já o orgulhoso, o avarento e o hipócrita estão correndo perigo." - p. 111

"A vontade de Deus é determinada por Sua sabedoria, a qual sempre percebe,e por Sua bondade, que sempre acolhe, o intrinsecamente bom." - p. 113

"(...) ao obedecer, a criatura racional conscientemente desempenha seu papel de criatura, inverte o ato pelo qual decaímos, executa os passos da dança de Adão ao contrário e faz o caminho de volta." - p. 114

"A vontade humana torna-se verdadeiramente criadora e verdadeiramente nossa quando é inteiramente de Deus, e esse é um dos muitos sentidos pelos quais aquele que perde sua alma a deverá encontrar." - p. 115

"O Cristianismo ensina-nos que a terrível tarefa já foi em certo sentido realizada para nós, que a mão de um mestre segura a nossa enquanto tentamos traçar as letras difíceis e que nosso roteiro precisa ser apenas uma 'cópia', não um original." - p. 117

"(...) o sofrimento não é bom em si mesmo. O que é bom em toda experiência do sofrimento é, para o sofredor, sua submissão à vontade de Deus e, para os espectadores, a compaixão despertada e os atos de clemência a que ela conduz." - p. 126

"Pois com certeza você realizará os propósitos de Deus, independentemente de seus atos, mas para você faz diferença se está servindo como Judas ou como João." - p. 126

"Se você fizer o serviço dele [de Satanás], também deverá estar preparado para receber o respectivo salário." - p. 127

"'O que quero é submeter o que quero à vontade de Deus.'" - p. 129

"Depois de um erro, você precisa não apenas eliminar as causas (...), mas de corrigir o próprio erro." - p. 132

"Se a felicidade de uma criatura está na renúncia de si mesma, ninguém pode fazer essa renúncia, a não ser ela mesma (embora muitos possam ajudá-la a fazer isso), como também ela pode recusar-se a isso." - p. 134

"Entrar no céu é tornar-se mais humano do que jamais se conseguiu ser na Terra; entrar no interno é ser banido da humanidade." - p. 141

"Ser um homem completo significa ter as paixões obedientes à vontade e a vontade ofertada a Deus: ter sido um homem - ser um ex-homem ou um 'fantasma condenado' - presumivelmente significa consistir em uma vontade inteiramente concentrada em seu eu e em paixões totalmente incontroláveis pela vontade." - p. 141

"(...) uma consequência da queda do homem foi que sua animalidade retrocedeu da humanidade a que fora elevada, mas sobre a qual não se podia mais ter domínio." - p. 152

"É seguro dizer aos puros de coração que eles verão a Deus, pois só os puros de coração querem vê-lo" - p. 162

O amor, por definição, busca usufruir aquilo que é objeto de seu amor." - p. 162

"Será que as amizades que duram a vida toda não nascem no momento em que você finalmente encontra outro ser humano que tenha alguma noção (embora tênue e incerta, mesmo no melhor dos casos) daquilo que você nasceu desejando e que, sob o fluxo de outros desejos e em todos os silêncios momentâneos entre as paixões mais estrondosas, noite e dia, ano após ano, da infância até a velhice, você procura, espera e ouve?" - p. 163

"Pois não é a humanidade em teoria que deve ser salva, mas você - o leitor individual, fulano ou beltrano." - p. 165

"Deus, contudo, olhará para cada alma como a seu primeiro amor porque Ele é seu primeiro amor, e seu lugar no céu parecerá ser feito para você, e só para você, porque você foi feito para ele - ponto por ponto, como a luva é feita para a mão." - p. 165

"Às vezes, o cenário do cotidiano parece-nos grande com seus segredos." - p. 166

"Se todos conhecessem a Deus da mesma forma e lhe oferecessem em troca um culto idêntico, a canção da Igreja em triunfo não seria sinfonia, seria como uma orquestra em que todos os instrumentos tocassem a mesma nota." - p. 168

"(...) a alma é apenas um vazio que Deus preenche." - p. 169

"Do mais alto ao mais baixo, o eu existe para que dele se abdique e, por meio dessa abdicação, tornar-se eu de maneira mais verdadeira, para ser, logo em seguida, no entanto, o mais abdicado, e assim eternamente." - p. 170

"O sofrimento propicia uma oportunidade para o heroísmo, e essa oportunidade é aproveitada com frequência surpreendente." - Dr. R. Havard, citado na p. 175


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