sexta-feira, janeiro 23, 2009

São Paulo é 17º melhor clube do mundo pela IFFHS

Retirado do site do Yahoo


O São Paulo apareceu em 17º lugar na relação dos melhores clubes de todos os tempos elaborada pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS).

A lista, encabeçada pelo Barcelona, considera resultados obtidos entre janeiro de 1991 e dezembro de 2008.

O atual tricampeão brasileiro soma 367 pontos, empatado com o Valencia, da Espanha.

O Barça é o líder, com 757 pontos, seguido pelo Manchester United, atual campeão europeu e mundial.

A terceira posição ficou com a Juventus, seguida por Milan e Real Madrid.

O Chelsea de Luiz Felipe Scolari, vice-campeão europeu, é o décimo.

Entre os outros brasileiros, o Grêmio aparece em 33º, com 233 pontos. Já o Cruzeiro é o 36º, com 221.


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Estou procurando um emprego, em breve voltarei a postar com mais frequência no blog.


Fiquem com Jesus =)

segunda-feira, janeiro 12, 2009

O diário de Lot - os esquecidos (Parte 2)

PARTE 2


"Todo trabalho árduo traz proveito, mas o só falar leva a pobreza"


Conversando com Vitor, percebi que toda aquela família me chamava a atenção. Como já estava ficando tarde, fui embora para casa.

No dia seguinte, o pequeno Pedro veio falar comigo na lanchonete. Naquele dia, esperei ele chegar, para poder ele mesmo escolher o lanche que queria.

P: Posso comprar o que eu quiser?
L: Claro! Pode escolher.
P: Mas tem que ser do mesmo preço do que você compra né?
L: Não, pode escolher o que você quiser.

Os olhos dele brilharam, de uma forma que nunca eu tinha visto brilhar antes.

P: Eu quero um cheeseburguer com um refrigerante. Posso comprar bala?
L: Claro!
P: Posso comprar para os meus irmãos?
L: Fique a vontade.
P: Porque você é tão bonzinho com a gente Lot?
L: Não sei, na verdade, eu conheço um segredo, que faz a gente virar bonzinho.
P: Mas você é bonzinho sem ser chato. Me conta esse segredo?
L: Claro. Vamos fazer assim, amanhã, você e toda a sua família vão almoçar lá na minha casa, eu venho buscar vocês aqui. E daí eu conto o segredo pode ser?
P: Eu vou almoçar na sua casa???
L: Você não quer?
P: Quero, muito! Mas é que ninguém nunca me chamou pra almoçar antes. Ei Lot!
L: Oi Pedrinho.
P: Obrigado.
L: Que isso, não precis...
P: Obrigado por fazer eu virar criança de novo.

Não consegui responder, mas o fato é que naquele momento o Pedro era realmente o Pedrinho, uma criança, que teve um dia legal. Então, tive uma idéia, mas não sabia se seria possível concretizá-la.

Ao chegar em casa, conversei com minha mãe sobre tudo que tinha acontecido, e ela sorriu para mim. Ela disse que iria fazer um almoço muito especial, e foi as compras.

No dia seguinte, quando fui encontrar com Pedrinho e sua família, encontrei seis pessoas vestidas com a melhor roupa possível, mas bastante apreensivos.

L: Podem ficar calmos, minha mãe é legal.

Todos riram e pegamos o ônibus que ia para minha casa. Chegando lá, deixei Pedrinho e os outros irmãos pequenos brincando com meu videogame, enquanto conversava com dona Joana e Vitor.

L: Sabe, ontem o Pedrinho me perguntou porque eu era tão bonzinho para ele, e eu disse que ia contar um segredo para ele, e vou fazê-lo agora na hora do almoço, vou contar pra todos vocês.
V: Então não é segredo.
L: É um segredo por ser muito valioso, mas vocês não precisam esconder de ninguém.

Minha mãe chamou avisando que o almoço estava pronto. Quando todos viram a comida, com um grande pernil que minha mãe tinha feito, ficaram paralisados. Pedro foi o primeiro a dizer alguma coisa.

P: Muito obrigada vocês dois. A gente não tem mesmo como agradecer, mas Alguém vai recompensar vocês.
L: Quem vai nos recompensar Pedrinho?
P: Aquele que te contou esse segredo que você vai contar pra gente.
L: Você sabe qual é o segredo?
P: Claro que sei. Dá pra ver nos seus olhos, que você conhece o Autor da mensagem.
L: Você conhece a mensagem?
P: Claro que conheço! É por causa dela que mamãe aprendeu a ler e escrever e começou a gostar de ler, e fez a gente gostar também. E é pelo Autor que nós temos o que comer todo dia em casa, mesmo que seja bem pouquinho, e é por Ele que eu te conheci, e também por isso que meu irmão tem um trabalho. E eu vou voltar pra escola, e meus irmãos nunca vão sair. Ele é muito bom pra nós.

O silêncio pairou na sala. Lágrimas desceram dos meus olhos e quando reparei, também desciam dos olhos da minha mãe, da mãe de Pedro, e dos irmãos mais velhos. Dona Joana disse.

J: Eu realmente não sabia que era sobre isso que iria falar, mas sabe, no natal eu tinha dinheiro para comprar um frango assado, mas eu perdi esse dinheiro. Fiquei muito triste por saber que meus filhos não teriam presentes. Até que ganhamos alguma coisa, porque todo ano a comunidade que fica perto da favela faz alguma coisa para dar para as crianças, e nos dá cesta básica e roupas, mas é só no natal que eles fazem isso, e ganhamos muitas roupas estragadas esse ano. O resto do ano as pessoas se esquecem de nós. Foi quando conheci a mensagem que resolvi não ligar para essas coisas e, no último natal não foi diferente. Quando fui dar boa noite para os meninos, ouvi Pedro pedindo pro Autor que Ele cuidasse de sua família, e que ele pudesse ser criança por pelo menos um dia. Você fez tudo isso por nós, muito obrigado Lot
L: Eu...não consigo dizer nada. É pela mensagem que eu vivo, e, é por ela que eu fiz tudo. Vocês só tem que agradecer ao Autor.
V: Nós agradecemos, desde o dia que o Pedro te conheceu, pela sua vida.

Nos abraçamos e eu prossegui.

L: Bem, quando conheci a casa de vocês, eu tive uma idéia. Como vocês disseram, a maioria das pessoas onde vocês vivem é diferente de vocês. Vamos fazer uma coisa, montar uma biblioteca lá dentro, e quem sabe até montar um centro de educação profissional.
P: É uma boa idéia Lot, mas onde vamos conseguir dinheiro para isso?
L: Nós vamos conseguir. Acredito que não conseguiremos atingir todos, e nem todos querem ser atingidos mesmo. Mas se não fizermos nada, estaremos desperdiçando tudo isso que vocês tem. Dona Joana pode ser a bibliotecária. E o Vitor, que já trabalha, pode ensinar alguma coisa para quem quiser lá.
V: Mas eu nem sei nada.
P: Você sabe tocar violão.
V: Mas isso não é educação profissional.
L: Ótimo, vamos ter uma escola de música também. E quem sabe se vocês não tem um artista no meio de vocês? Vitor, você procure seus amigos que sabem tocar, e monte a escola. Dona Joana, procure doadores de livros, eu te indico alguns lugares. Pedro, você vai me ajudar a construir um centro de ajuda, onde vão funcionar as classes de educação profissional.

Esse projeto levou vários meses para ficar pronto, mas a comunidade onde Pedrinho morava aprovou. Claro que nem todos participaram, e claro que o tráfico, as crianças doentes e vários problemas continuaram. Mas saíram de lá muitos jovens com qualificação para o mercado de trabalho, alguns músicos, e a biblioteca fez sucesso, principalmente entre as crianças amigas de Pedro.

Com o tempo, algumas famílias foram selecionadas, para ganharem cestas básicas, e cerca de cinco famílias conseguiram se mudar para um lugar melhor, por meio de muito trabalho.A família de Pedro foi uma dessas. Ele voltou para a escola, e sempre era o melhor da classe. Vitor tentou o vestibular duas vezes, e na terceira conseguiu ser aprovado. Dona Joana estava muito contente como bibliotecária do projeto. Os outros filhos dela também se desenvolviam muito bem. As famílias contempladas com as cestas tinham que estar com as crianças na escola e com o tempo, deveriam passar esse benefício para outra família, porque não precisariam mais. A mensagem se espalhou por muitos locais da comunidade.

Eu sabia que não podia atingir o mundo todo, mas de alguma forma tinha conseguido atingir algumas pessoas, por misericórdia do Autor. Eu sabia, que, por mais que a sociedade se esquecesse de famílias como a de Pedro, Ele nunca se esqueceria. Afinal, apesar de tudo que eu tinha sido e era, Ele não tinha se esquecido de mim.

segunda-feira, janeiro 05, 2009

O diário de Lot - os esquecidos

PARTE I


"Percebi ainda outra coisa debaixo do sol: os velozes nem sempre vencem a corrida; os fortes nem sempre triunfam na guerra; os sábios nem sempre têm comida; os prudentes nem sempre são ricos; os instruídos nem sempre têm prestígio; pois o tempo e o acaso afetam a todos"

Logo após o incidente com Mara, eu passei por uma situação bem diferente de qualquer outra que eu já tivesse passado antes.

Um garoto, de uns dez ou onze anos, veio me pedir dinheiro para comprar um lanche, enquanto eu estava no intervalo da faculdade. Se fosse um dia comum, eu agiria de uma de duas formas: ou eu compraria um lanche para o garoto, ou eu diria que não podia ajudá-lo naquele momento, e inventaria uma desculpa qualquer. Mas aquele não era um dia comum. Eu comprei um lanche para o garoto, e o chamei para se assentar comigo. No início ele ficou um pouco receoso, mas acabou sentando. Ele será chamado de Pedro.

L: E então garoto, o pão de queijo está gostoso?
P: Está sim, muito gostoso.
L: Você está aqui tem muito tempo?
P: Eu venho todo dia aqui.
L: Não, não, quis dizer se hoje, você já está aqui desde cedo?
P: Ah, ah, chego sempre cedo, umas oito horas, pra conseguir moedas suficientes para lanchar.
L: Já que paguei o lanche hoje, o que vai fazer com esse dinheiro que conseguiu até agora?
P: Vou comprar pão e levar pra casa, mas não consegui muito não.
L: Mas já é de tarde, não conseguiu muito?
P: Não, quando eu era mais novinho conseguia mais, mas agora as pessoas acham que eu sou ladrão, ou que vou usar o dinheiro pra outras coisas.
L: O que você acha de as pessoas acharem isso de você?
P: Ah, já estou acostumado, até porque, a maioria dos garotos que eu conheço faz isso mesmo, sai pra rua pra pedir dinheiro e, ao invés de usar pra alguma coisa, usam pra comprar drogas, pra comprar bebidas, pra fazer muitas coisas erradas.
L: Você tem irmãos?
P: Vivo tenho quatro.
L: Tinha quantos?
P: Tinha seis, mas um morreu quando era pequeno, de pneumonia, e o mais velho morreu porque estava devendo o traficante do morro.
L: Onde você mora?
P: Nessa favela que tem aqui perto, mais afastada do centro. Olha moço, o lanche estava muito bom, mas a tarde ainda não acabou, preciso ver se consigo mais dinheiro.
L: Ok, qual é o seu nome?
P: Pedro
L: Pedro, volte aqui amanhã nesse mesmo horário, que eu quero continuar conversando com você, eu te pago um lanche e compro alguns pães, pra você não "perder" tempo comigo a toa.
P: Tudo bem, muito obrigado moço.
L: Por nada.

O que tinha me chamado a atenção naquele garoto, que nunca me chamou atenção em nenhum outro eu não sei, mas no dia seguinte nem cheguei a dizer para meus amigos da faculdade aonde ia, apenas corri para o supermercado mais próximo e comprei algumas coisas para Pedro, em seguida fui a lanchonete, pedi meu lanche, e me assentei exatamente no mesmo lugar que tinha assentado no dia anterior. Alguns minutos depois Pedro chegou.

P: Você veio mesmo, achei que era mentira.
L: Claro que vim, eu disse que viria, pode acreditar quando eu disser.
P: É, desculpa, é que as pessoas costumam prometer algumas coisas e nunca cumprem.
L: Você é um garoto bem esperto para sua idade.
P: Já me disseram isso antes.
L: Você estuda?
P: Até ano retrasado estudei, mas devo voltar esse ano, porque minha mãe precisa do bolsa escola.
L: Você gosta de estudar?
P: Gosto bastante, mas é difícil quando a gente é pobre. Minha mãe sempre diz que o que é mais difícil é o que a gente tem que lutar mais pra conseguir, quando a gente sabe que é a coisa certa pra nós.
L: Sua mãe é uma pessoa bem sábia.
P: Não, ela só aprendeu a ler, mas lá perto da favela tem uma biblioteca pública, e ela pega uns livros lá pra ler, ela gosta de ler muito.
L: Você gosta também?
P: Muito. A gente fica competindo quem lê mais livros. O meu irmão de 16 anos trabalha perto de uma banca, e as vezes traz umas revistas que o moço da banca diz que estão estragadas e dá pra ele. O outro, de 13, tem um amigo na escola que empresta uns livros legais pra ele. A minha irmã, que tem 8, gosta de histórias em quadrinhos, e o mais novo, de 5, ainda não sabe ler, mas acho que vai gostar também quando crescer.
L: Você tem uma família bem legal, queria poder conhecê-los algum dia.
P: Uai, se você quiser, eu falo com minha mãe hoje e você vai lá amanhã, quando puder ir.
L: Sério?
P: Sério. Vou falar com ela.
L: Fala mesmo.
P: Vou falar, tenho que ir agora.
L: Tudo bem, mas antes, trouxe os pães que disse que iria trazer, e mais algumas coisas que podem ajudar vocês.

No dia seguinte lanchei de novo com Pedro, e tivemos mais um tempo de agradável conversa. Combinei de encontrar com ele na lanchonete logo que minhas aulas do dia acabassem e assim foi. Andamos cerca de 30 minutos e chegamos a favela onde Pedro morava, era a terceira casa de baixo para cima. Tinha cozinha, banheiro e um cômodo dividido em dois por uma espécie de cortina, formando, assim, dois quartos. Cada um com uma cama de casal. Pedro me explicou que no quarto onde tinha uma televisão antiga era o quarto da mãe dele, mas dormiam naquela cama ela, o irmão de 5, a irmã de 8 e no outro quarto, que era o dos filhos, dormiam o irmão de 13 e o de 16. Ele mesmo dormia cada dia em uma cama, mas na maioria dos dias dormia no quarto dos filhos.

Fui muito bem recebido pela família, e tivemos uma longa conversa até o irmão mais velho de Pedro chegar. Então a mãe de Pedro insistiu em fazer um lanche para mim, e eu aceitei. Com as bolsas família e escola que a família recebia, mais o pequeno salário do filho mais velho, a família recebia menos de três salários mínimos. Depois, quando os mais novos dormiram, incluindo Pedro e o irmão de 13, tive uma conversa mais séria com a mãe de Pedro e o irmão mais velho dele, os quais chamarei de Joana e Vitor.

L: Que situação difícil a que vocês vivem né?
V e J: Bastante.
J: Mas a gente não se deixa abalar por isso não. O pai desses meninos me deixou quando o mais novo nasceu, porque disse que não aguentava mais menino pra criar. Alguns meses depois o meu filho, que tinha 2 anos na época ficou doente, parecia gripe. Como não sarava levei ele pro hospital mais perto, e me disseram que era gripe mesmo, pra eu não preocupar. O mais velho, que na época tinha 17, me deu um dinheiro pra eu pagar uma consulta particular, mas era dinheiro de droga, eu não quis. Ele pegou o menino e levou ele pra consulta, onde descobriram que era uma pneumonia grave, e a médica mandou internar no hospital universitário que tem aqui perto. Ele ficou internado uma semana, mas já tinha avançado muito, e ele não resistiu. Um ano depois esse meu filho mais velho se envolveu numa briga de traficantes, e acabou morrendo. Os traficantes não morreram nenhum, a polícia nem teve coragem de entrar aqui, porque sabia que ia morrer também. Eu não estou contando isso pra você ter dó da gente não, mas desde aquele dia, eu mudei de vida. Eu poderia ter ficado em depressão, mas isso é doença de rico, pobre não pode ter isso não, senão morre de fome. Eu comecei a trabalhar de doméstica e aprendi a ler e escrever. Comecei a pegar uns livros na biblioteca e comecei a gostar muito de ler mesmo. Um dia, lendo um livro famoso, a filha da patroa me viu com o livro e falou que tinha roubado dela. A patroa não quis nem ver se era verdade, me mandou embora e me denunciou pra polícia. Quando cheguei lá o policial viu o selo da biblioteca e me liberou com uma advertência. Por causa dessa advertência nunca mais consegui emprego, e quando as pessoas esqueceram dela, eu já era muito velha pra poderem me contratar. Então o Vitor começou a trabalhar num programa da prefeitura e o Pedro começou a pedir dinheiro na rua. Tirando o pequeno, os outros também fazem isso. No fim do dia dá pra comprar uns pães, manteiga, arroz, feijão, e tem alguns meses que dá pra comprar carne. Mas esses meninos vão estudar todos, e vão ter um futuro melhor, eu tenho certeza. E eu falo demais né meu filho, você deve ter cansado.
L: Na verdade, eu achei fantástica a sua história, você dá para os seus filhos a certeza de um futuro melhor dando estudo pra eles.
V: Com certeza, o Pedro mesmo, um dia vai ser doutor e minha mãe vai ficar muito feliz. Mas essa não é a história da maioria do povo aqui não moço.
L: É, infelizmente não. E pode me chamar de Lot.
V: Nome diferente, mas tudo bem, Lot.

Continua...

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