segunda-feira, dezembro 27, 2010

Apesar de...


2010 não foi o melhor ano que já vivi. Infelizmente posso dizer que foi o pior, de longe o pior, ano que já vivi.

Mas, sei lá bem porque, resolvi fazer uma retrospectiva positiva. Porque apesar de ter sido péssimo, estou aqui no final do ano escrevendo essa retrospectiva não estou? Então esse deve ser um bom sinal.

Está certo que em um ano ruim como esse é difícil levantar fatos positivos para escrever uma retrospectiva positiva, mas, apesar disso, vou fazer. Até porque a retrospectiva é minha e eu bem sei que dois ou três fatos positivos podem até não compensar vinte mil negativos, mas prefiro citá-los a ficar aqui me lamentando por tudo de ruim que aconteceu. Não que isso - se lamentar - seja algo ruim, mas é que por decisão própria decidi não terminar o ano assim.

Deus me conhece bem, e sabe que me lamentei infinitas vezes com ele sobre esse ano, mas aqui estou eu, de cabeça erguida, pronta para enfrentar 2011, mesmo que seja para enfrentar outro ano ruim (o que eu acredito, ou espero, ou espero e acredito, que não vá acontecer. Considerando que seria o quinto ano do início de uma sequência de anos ruins terminou em 2010, vamos esperar que 2011 seja diferente).

Enfim,

em 2010 eu consegui um emprego, dois, na verdade. Um nas férias, que me ensinou a trabalhar, e outro de março a novembro, quando me demiti. Papai diz que foi irresponsabilidade, porque tenho que pagá-lo ainda pelo notebook que comprei (eis aí outra coisa boa, porque ele me deu muito mais liberdade e independência criativa), mas eu realmente acredito que o negócio da mamãe vai dar certo. E então na verdade são três empregos. 

Aproveitando a deixa então, consegui me formar. Em 2009 sair da UFMG parecia algo mais surreal do que parecia em 2006, quando comecei o curso. É coisa de quem repete duas matérias e tem um ano atrasado, eu sei, mas era mesmo real. Entretanto, eu consegui e aqui estou eu bacharel em Fonoaudiologia pela Universidade Federal de Minas Gerais formada na XV turma (coisa bacana de ter atrasado, apesar da turma de coração ser a XIII, quinze é um número bem mais bacana que treze, convenhamos). E um dia depois da minha colação de grau consegui um paciente para atendimento domiciliar. (eis aí o quarto emprego)

E já que estamos falando de conquistas, fiquei noiva. Outra coisa que parecia muito surreal desde junho do último ano quando o senhor (senhorito, se existisse essa palavra, por enquanto) Giovanni e eu fomos conversar com nossos pais e abrir o jogo sobre nosso sonho de casar. Nós, na época então desempregados e endividados, levantamos certa desconfiança, mas eles resolveram acreditar no conto de fadas que estávamos contando. Daí no dia 18 de novembro, dia do nosso aniversário de dois anos de namoro, ganhamos (ganhei, no caso) 1Up e um anel dourado com um desejo de vida longa e próspera (\\//_). E nosso sonho agora parece muito mais real, apesar de não termos ainda não tenhamos um emprego de verdade para realizá-lo - mas essa retrospectiva é para falar de coisas boas.

Continuando a série de conquistas, minha mãe finalmente montou seu próprio negócio e está vendendo marmitas, empadões e lasanhas para o bairro. Isso ainda vai ser grande no Brasil, e eu estou ajudando. E mamãe e papai completaram 25 anos de casado, com direito a aliança bonita e tudo.

Meu irmão passou de ano, o que, se tratando do meu irmão, mesmo nunca tendo levado uma bomba, é um milagre. E até prometeu que ano que vem toma jeito. Bem, se tudo isso aconteceu porque não acreditar que possa virar verdade essa promessa, não é mesmo?

Bem, é isso, apesar de tudo de tão ruim que aconteceu, estou viva. E sei que 2011 vai ser melhor. Mesmo que ainda tenham dificuldades, é o ano que vou começar a trabalhar como fonoaudióloga, vou ter um carro, meu maninho vai vir pra BH com sua família e eu também vou organizar meu casamento, então há de ser um ano bom.

Créditos da imagem: Priscila Freitas

sexta-feira, dezembro 17, 2010

Só porque um dia vocês vão estar aqui


Só porque se eu seguir em frente vou poder sentir vocês crescendo dentro de mim.

Só porque se eu não desistir agora vou ouvir a primeira palavra com letras trocadas e os primeiros passinhos cambaleantes de vocês.

Só porque se eu continuar lutando vocês um dia vão vir correndo e pular em meus braços me dando um abraço sem motivo algum.

Só porque se eu tiver fé vou receber uma cartinha com letras tremidas de "mamãe, eu te amo" no dia das mães, no meu aniversário ou numa data qualquer que vai ser melhor que qualquer presente no mundo.

Só porque se eu não fraquejar vou poder consolar vocês quando caírem de bicicleta, estiverem com medo ou mesmo depois da primeira decepção amorosa de suas vidas.

Só porque se eu tiver paciência agora vou poder desfrutar dessa virtude no dia que vocês se tornarem adolescentes e descobrirem que papai e eu estamos longe de sermos super-heróis.

Só porque se eu me levantar vou poder chorar de orgulho quando vocês se formarem na faculdade e segurar o choro num misto de alegria e saudade no dia em que vocês se casarem.

Só porque se eu prosseguir vou poder pegar um álbum antigo e assistir dvds de quando vocês eram pequenos e, junto com o papai, me emocionar.

Só porque se eu buscar mais força vou poder sentir a emoção de ser mãe ao quadrado, quando vocês me derem netos.

Só porque um dia vocês vão estar aqui - porque Deus há de me dar essa bênção.

E só por isso agora.

Vou acreditar mais uma vez que tudo vai dar certo.

E vou ter esperança de que as coisas vão mudar pra melhor.

E só por isso eu sei - eu tenho certeza - de que o melhor de Deus para mim (para nós) está por vir.

quinta-feira, dezembro 16, 2010

Ao invés...


...de crucificar os homossexuais pelos seus pecados, porque não mostrar o amor que Jesus tem por eles?

...de falar simplesmente de pecado sexual ou outro, porque não falar da santidade do casamento? E das bênçãos de um relacionamento santo?

...de sair falando que quem dar oferta por amor é trouxa, porque não incentivar o uso sábio do dinheiro dentro do contexto cristão?

...de falar que se não fizer ou fizer isso ou aquilo vai pro inferno, porque não propagar a graça de Cristo?

...de buscar números, porque não buscar transformar a vida das pessoas pela pregação do evangelho?

...de ficar preocupado com picuinhas teológicas, porque não estudar a Bíblia e pregar a Cristo?

...de dizer que o natal é festa pagã, porque não aproveitar pra falar de Cristo?

...de condenar apenas os pecados explícitos, porque não combater também aqueles mais sutis, como a mentira, a inveja, a gula, o orgulho, etc?

...de achar que tudo que vem do humor é do diabo, porque não aproveitá-lo para falar de Jesus também?

...de achar que tudo é culpa do capeta, porque não assumir seus próprios pecados?

...de buscar posição importante na igreja, porque não buscar mais santidade?

...de criar desculpas para ler a Bíblia e orar, porque não colocar como prioridade e fazer?

...

É, nós humanos temos muito ainda que aprender...

quarta-feira, dezembro 15, 2010

Salmo 151


Senhor, porque me sinto cada vez mais abandonada por Ti?

Eu tenho medo de acreditar que as coisas vão melhorar, porque sempre que faço isso tudo que era ruim fica pior.
Eu não tenho mais coragem para lutar, porque quando tento as minhas forças se acabam em vão, já que nada melhora.

Queria saber o que houve de tão especial e diferente na oração que fiz quando ganhei a bicicleta no sorteio em relação a todas as minhas as minhas súplicas que faça agora para que tudo melhore.
2010 foi de fato diferente. Nunca enfrentei um ano mais difícil em minha vida.


Mas eu não posso deixar de confiar em Ti.
Não sou merecedora de nada bom e mereço mais do que tenho enfrentado, mas o Senhor me permitiu formar, ficar noiva e ficar empregada quando mais precisava.

Apesar das minhas orações parecerem não passar do teto, sei que o Senhor me ouve.

Por favor, eu não mereço e o Senhor não precisa, mas deixe-me ver o seu agir.
Deixe eu ver um milagre em minha vida (da minha família) para eu saber que eles ainda existem.
Por favor, aja para que aqueles que te zombam pela nossa situação possam ver que o Senhor está conosco.
Por favor, dê-me forças para seguir em frente ou me carregue, porque não tenho forças para nenhum passo a mais.

E que seja feita a Tua vontade.
Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre.
Amém.

sexta-feira, novembro 05, 2010

Pequenos milagres


São quase 4 meses tratando a Marina*. Ela é cega, cadeirante e não fala. Não nos deixa encostar nela também, o que é muito ruim para seu desenvolvimento, já que o toque é uma das coisas mais importantes para o desenvolvimento de pessoas cegas.

De todos os desafios que encontrei na APAE ela definitivamente era o que eu achava que nunca iria superar. E olha que não eram poucos os desafios: uma linda garotinha portadora da Síndrome de Down, um garoto com uma tendência ao autismo e muita dificuldade para entender ordens, uma pequenina portadora da Síndrome de West e com hipotireoidismo, que também é cadeirante, não fala e tem muitas crises convulsivas durante as sessões e uma paciente com paralisia cerebral que não consegue se comunicar de forma satisfatória e que acaba de sair das fraldas aos 16 anos.

O trabalho com Marina se resume a trabalhar a questão da sensibilidade, tentando diminuir essa rejeição ao toque para que aceite melhor os alimentos e se comunique melhor com família e demais pessoas.

Como ela não aceitava o toque e a mãe disse que ela adora música, todas as nossas sessões sempre tinha um cd tocando ou o rádio ligado. A evolução era mínima.

Na última semana tinha colocado um cd que vi que ela gostou bastante, então coloquei de novo essa semana. Tocou a primeira música, a segunda, a terceira. Na terceira canção vi que o som emitido por Marina não era o tradicional choro enquanto eu trabalho com ela. Ela estava cantarolando a música anterior. Eu pensei estar maluca, então resolvi voltar para a música dois. E então aquilo que eu imaginava ser loucura se confirmou. Marina cantarolava, copiando perfeitamente o ritmo da música, agitando as mãos como se dançasse.

Pode não significar muito para algumas pessoas, mas a alegria estampada no rosto da mãe quando contei para ela o que aconteceu na terapia é, para mim, um milagre, pequeno para alguns, grande para Marina, para sua mãe, e para mim também.

* Nome alterado para preservar a identidade da paciente

terça-feira, outubro 19, 2010

Viver com o Espírito Santo


"Ensina-me, SENHOR, o teu caminho, e andarei na tua verdade; une o meu coração ao temor do teu nome." - Sl 86:11

Ao longo da minha caminhada cristã venho aprendendo sobre o que é andar com o Espírito Santo. Todos nós, cristãos com algum tempo de caminhada, já sabemos que temos que orar para que a vontade de Deus seja cumprida em nossas vidas, mesmo que essa não seja nossa vontade no momento. Apesar de o próprio Jesus dizer na oração do Pai Nosso e também no Getsêmani, essa frase tende a se tornar automática e impessoal por a escutarmos demais. E o resultado dessa oração pode ser muito mais que o "é melhor para mim" que estamos acostumados a ouvir.

Acredito que o primeiro passo para tomarmos essa decisão é abrir mão de fato de qualquer sonho, projeto, desejo ou plano que tenhamos. E abrir mão não significa desistir dessas coisas. É saber que, se elas não acontecerem, o que acontecer - ou não acontecer - no lugar delas será de fato melhor para nós, mas continuar orando e lutando para que essas coisas aconteçam.

Deus fez dos seres humanos criaturas sonhadoras, nos deu capacidade de pensamento estratégico, de planejar o futuro, de sonhar com coisas impossíveis. E Ele, por sua graça, não só nos deu tudo isso como realiza aquilo que sonhamos.

Viver segundo a vontade de Deus é viver sempre com o propósito de agradá-lo e, com isso, em determinado ponto da vida a vontade dEle passa a ser a nossa vontade. E ficamos felizes em trocar planos e sonhos que fizemos pelo o que Ele nos propõe, porque começamos a entender que Ele enxerga além do que nossos olhos podem ver e, mais do que isso, Ele sonha mais alto do que nós jamais poderemos sonhar.

Para quem duvida disso é só lembrar da salvação. Se perguntarem para Israel do Velho Testamento eles jamais teriam sonhado em serem libertos como Jesus nos libertou. Para eles a salvação seria simplesmente uma libertação política, onde ficariam livres do jugo de seus senhores, mas Deus sabia que a salvação atingiria onde ninguém poderia escravizá-los mais, em seus (nossos) corações. Com nossa alma salva tudo mais que vier é lucro.

Viver guiado pelo Espírito Santo é deixar a graça agir em nós de forma que sonhemos os sonhos de Deus e vejamos nossos sonhos, que antes eram somente dEle, realizados. E mesmo que alguns sonhos nunca se tornem realidade saberemos que o maior deles será realizado no dia em que nos encontrarmos face a face com Ele. Era essa certeza que os heróis da fé de Hebreus 11 tinham, e é essa certeza que um cristão guiado pelo Espírito Santo pode ter.


segunda-feira, outubro 18, 2010

O diário de Lot - A apatia


"Eis que faço novas todas as coisas"

Antes de mais nada, gostaria de dizer: Estou vivo! Essa frase pode significar várias coisas para você ao longo desse desabafo, mas no momento só quero dizer que o meu sumiço não significa que morri.

Quando você passa por uma mudança radical de estilo de vida (no sentido de rotina mesmo), que foi o que aconteceu comigo desde que cruzei o caminho de Maria, tem-se a ilusão de que a vida será uma eterna aventura, sem nunca cairmos na rotina. Até que descobrimos que a própria aventura se torna uma rotina. Uma rotina mais agitada que as demais, com certeza, mas não menos rotina.

Pois bem, foi o que aconteceu comigo. Muitas outras histórias poderiam ser contadas aqui, com finais e lições diferentes para mim, mas o fato é que eu me acostumei com o que eu estava vivendo. Viver uma vida extraordinária estava se tornando cada vez mais ordinário, comum para mim.

Não que eu me orgulhe em dizer isso, mas o fato é que aconteceu. E em momento algum quis esconder as coisas que aconteceram comigo por aqui.

Alguns anos depois da formatura, com um emprego bacana em que podia continuar fazendo o que o Autor tinha me chamado para fazer, as coisas pareciam mais fáceis. Não para todo mundo de fora. Sempre tinha alguém que se encantava com as coisas que eu estava fazendo, com as vidas que continuavam sendo mudadas (engraçado isso, o Autor continua fazendo o que tem que fazer por meio de nós mesmo quando nós não estamos tão preparados e dedicados assim), mas para mim as coisas começaram a parecer normais. Eu não me esforçava tanto quanto no começo, e nem tinha mais medo de perseguição nenhuma, simplesmente fazia, com a maior naturalidade do mundo.

Mas ainda bem o Autor não nos deixa viver uma vida normal e apática por muito tempo. Se a ficha não cai naturalmente, ele bate no telefone até cair (essa frase me fez sentir muito velho porque sei que muita gente não vai entender, mas tudo bem).

Certo dia estava eu indo trabalhar quando encontrei um rapaz, o Matheus, em frente à banca onde costumo comprar o jornal. Ok, na verdade trombei nele e derramei o café que ele segurava. Coisas que são passíveis de acontecerem já que meu corpo levanta mais cedo que minha mente em dias úteis, mas enfim, o Matheus devia ter por volta de 18 anos e pelo visto tinha comprado o jornal para ver se seu nome estava na lista dos aprovados do último vestibular.

M: Ah cara, você está brincando comigo né? Venho aqui na droga da banca para comprar a porcaria do jornal e você derrama o café em mim, e no jornal?
L: Desculpa, de verdade, estava distraído. Vou te comprar outro café e outro jornal. Conhece aquele café ali da esquina?
M: Foi ali que comprei meu café.
L: Uma amiga minha trabalha ali, vou pedir um pano para ela para você se limpar.
M: Tá né, o que posso fazer.

Comprei o jornal que Matheus havia comprado e descobri que ele já tinha visto o que queria e, apesar do mau-humor matinal ter dito o contrário, ele havia passado na prova, e em uma excelente colocação. Chegamos ao café e me ofereci para trocar de camisa com ele, já que tinha manchado a dele, mas Matheus disse que estava indo para casa e que eu, claramente, estava indo trabalhar e precisaria da camisa limpa. Apesar de um pouco mais calmo, o mau-humor dele em uma situação como essa me deixou imensamente curioso.

L: Olha, eu sou provavelmente a última pessoa com a qual você quer conversar agora, já que estraguei seu dia, mas, desculpe-me a intromissão, porque você não está por aí saindo para comemorar sua aprovação?
M: Bem, sei lá, de repente parece que fiquei o ano todo estudando e abrindo mão de sair com os amigos e passar mais tempo com minha namorada, digo, ex-namorada, por nada.
L: Ela terminou com você por causa do tempo que você estava dedicando aos estudos?
M: Não, ela terminou porque disse que tudo estava muito monótono entre nós. Nós dois estávamos estudando para a prova. Ela também passou, pelo que fiquei sabendo. Mas na verdade nem é pelo término, que já tem três meses, que estou assim. É que isso que ela falou me afetou. Tipo...desculpa, mas e seu trabalho, não vai chegar atrasado?
L: Eu explico depois, não se preocupe, continue.
M: Ok, então, tipo, não era só no namoro que minha vida estava monótona, minha vida toda estava monótona. Sempre sonhei em entrar na faculdade e fazer esse curso e consegui de primeira, mas agora parece não fazer sentido nada disso. Tipo, só estudar a vida inteira para conseguir estudar mais para seguir um sonho que agora parece só mais um trabalho que vai me deixar na rotina de novo.
L: Você está certo de que é isso mesmo que quer fazer da vida?
M: Tenho, não tem outra coisa na vida que quero fazer mais. É difícil me expressar, mas parece que a vida é muita chata já que tudo se torna rotina um dia. O nosso grande sonho deixará de ser sonho e passará a ser cotidiano. E então teremos mais outro grande sonho e também se tornará rotina.

Iria dizer alguma coisa quando percebi que minha própria vida havia se transformado em uma rotina. Tudo, meu trabalho, a ajuda às pessoas, minha vida em casa, meus relacionamentos, tudo mesmo, uma grande rotina. Na minha mente tudo isso se passou tão rápido que Matheus nem reparou esse pequeno dilema que tive internamente. O Autor me lembrou que as coisas só não se transformam em rotina quando nós lembramos do propósito das coisas que fazemos. Há sempre novos desafios, novas conquistas, novos medos, mas Ele sempre está ao nosso lado para nos apoiar e nos dar força, nos fazer sair da rotina. Falei sobre isso com o Matheus, que logo procurou saber mais sobre o que eu estava falando e hoje vive no Caminho, junto com a antiga namorada, que ele soube reconquistar por sair da apatia.

E quanto a mim, bem, repito, estou vivo!

sexta-feira, outubro 01, 2010

Where I belong...

Quatro crianças perdidas na neve

Reis e rainhas a serem descobertos

Diante do desconhecido, o assombro

Um lampião no meio da floresta

Um amigo fauno ou uma feiticeira

Até Papai Noel cruza o caminho

Trazendo palavras de esperança e presentes para a guerra

A antiga profecia a se cumprir

Uma traição perdoada

O sacrifício do Leão renovando as forças

Navios, espadas, aventuras

Inverno dando lugar a uma eterna primavera

Os olhos do Leão dão alegria aos fracos

As palavras do Contrutor da Ponte iluminam o caminho

Nárnia, lugar de luta e descanso

Terra de Aslam

Terra de salvação

Minha casa


Retirado do Little Bit, blog que eu não recomendo - intimo os leitores do TrintaeTrês a lerem. É o melhor blog existente na face da terra (sim, melhor que o TrintaeTres mesmo) #ficadica

domingo, setembro 26, 2010

Porque a graça sempre me surpreende

A graça divina é para mim a coisa mais maravilhosa do cristianismo, mas, ao mesmo tempo, é a mais intrigante.

Se a definição clássica de graça é um favor imerecido que recebi de Deus, porque ainda continua me surpreendendo com ela?

A primeira resposta que penso para essa pergunta é que ela não pode se limitar a uma definição tão simplória. Assim como Deus se revela de formas muito diversas, assim também é sua graça.

A graça de Deus me surpreende por se manifestar desde a minha salvação até nas coisas mais simples da vida, até mesmo aquelas que consideramos banais, como ganhar um chocolate quando estava com muita vontade de comer algum doce.

O segundo motivo provavelmente é porque a graça foge, muitas vezes, à minha lógica. Voltando à salvação, como Deus pôde me salvar sabendo que eu iria continuar o deixando chateado muitas vezes? Que eu iria duvidar da provisão dele tantas outras?

Como um Deus justo pode salvar um injusto? Como um deus se sacrifica por alguém que não atende aos seus altos padrões de justiça?

E como se não bastasse a minha salvação, esse mesmo Deus resolve me dar coisas boas. Eu, que naturalmente só faço coisas ruins, recebo presentes de um Deus que já me deu uma nova vida? É ilógico.

O amor de Deus, manifestado em sua graça, é ilogicamente surpreendente e surpreendentemente reconfortante.

Mais um motivo para a graça de Deus continuar me surpreendendo é que Deus está acima de limites como tempo e espaço, mas eu estou presa a esses limites por enquanto.

Logo, se estou presa a esses limites, coisas do passado influenciarem algo no futuro ainda me surpreendem e coisas que aconteceram do outro lado do mundo me influenciarem aqui também me deixam surpresa.

Não posso continuar respondendo minha pergunta, porque a cada dia surgirá uma nova resposta, já que a graça de Deus me surpreende todos os dias, mas me proponho a continuar tentando responder até o dia em que poderei entendê-la por completo.


terça-feira, agosto 24, 2010

Um cristianismo relevante


"Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." - Romanos 12:1,2

Ultimamente tenho pensado muito em minha conduta enquanto cristã. Algumas perguntas vêm à minha mente e, a principal delas é o título desse texto. "O que fazer para que meu cristianismo seja relevante?", eu penso o tempo todo.

Ouço muito falar sobre um cristianismo relevante enquanto um conjunto de ideias que sejam relevantes para a sociedade. O meu objetivo nesse texto é diferente. O cristianismo É relevante para a sociedade atual. A questão é, a minha forma de viver o cristianismo tem sido relevante para o meu contexto, para a pequena porção da sociedade da qual eu faço parte?

O meu cristianismo deve ser relevante não por minha própria pessoa, porque aí não seria o verdadeiro cristianismo. Eu devo diminuir para que Cristo cresça em mim. E como Cristo crescendo em mim pode ter um impacto em alguém além de mim mesma?

Simples, se Cristo vive em mim, eu não vivo mais para mim, mas para Cristo, e o desejo dele é que todo ser humano conheça o seu amor.

Será que apenas palavras bastam?

Acredito que não. Na verdade, acredito que as palavras são uma pequena parte de algo que é muito maior. A minha conduta enquanto cristã deve ter muito mais importância, porque é o que de fato as pessoas verão em mim. De que adianta eu dizer que Cristo veio e mostrou o maior amor do mundo e Ele me alcançou, se eu não demonstro amor para com o meu próximo? Ou, de que adianta eu dizer que Cristo me trouxe a verdadeira felicidade, se eu não sou feliz de fato?

E aqui vale ressaltar que felicidade não é sinônimo de ausência de problemas. Os problemas podem - e vão - me fazer mais forte. Não por meu próprio mérito, mas porque Cristo vive em mim. Os problemas não demonstram que Cristo é fraco, pelo contrário, a minha força para encarar os problemas e para superá-los mostram o quanto Ele é forte. Nenhuma pessoa é mais bem preparada para enfrentar os problemas do que um cristão. Por sua certeza da eternidade, da salvação, ele pode encarar todo tipo de problema, pela força de Cristo.

O meu cristianismo deve ser relevante porque as pessoas com as quais eu convivo não podem sair da minha vida sem que antes tenham conhecido o amor de Deus, que mudará a vida delas por completo, para melhor.

Volto agora à minha pergunta inicial. Meu cristianismo tem sido relevante? O que de fato as pessoas têm visto em mim?

Para responder minha pergunta me vejo obrigada a rever minha conduta. Aqueles que conhecem a Cristo tem ânimo com a vida, apesar de tudo. Aqueles que conhecem a Cristo são felizes, porque encontraram a felicidade plena em Sua graça. Aqueles que conhecem a Cristo vivem em paz, porque não a procuram na resolução dos problemas sociais do mundo (ainda que isso seja importante), mas a encontram dentro deles mesmos, pela presença de Cristo em suas vidas. Aqueles que conhecem a Cristo não conseguem viver uma vida pecaminosa, não porque estão escravos de algo, mas, pelo contrário, são finalmente livres pela graça.

A resposta para minha pergunta é que o meu cristianismo somente será relevante se eu realmente tiver sido alcançada pela graça. A graça de Cristo me faz uma pessoa melhor de tal forma, que é impossível ser alcançada por ela e não transmiti-la, naturalmente, por meio de minhas palavras e ações. Ainda sou pecadora, portanto falharei muitas vezes, mas sou uma pecadora que foi alcançada pela graça e posso, por isso, viver um cristianismo que seja de fato relevante.




Fonte da imagem: Fatos em foco

domingo, agosto 22, 2010

Ah, se os cristãos lessem mais a Bíblia


"Quem dera que os meus caminhos fossem dirigidos a observar os teus mandamentos. Então não ficaria confundido, atentando eu para todos os teus mandamentos.Louvar-te-ei com retidão de coração quando tiver aprendido os teus justos juízos." - Salmos 119:5-7

"O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento" - Oséias 6:4a

"(...)porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim." - Atos 17:11b

Venho me assustando com o número de atrocidades praticadas em nome de Cristo. Pessoas que se dizem seguidoras de Jesus e pregam exatamente o contrário do que está escrito na Bíblia.

É uma tentativa sem fim de anulação da graça, de farisaísmo descarado, pessoas voltando aos tempos da lei e ainda praticando errado as coisas da lei.

Onde está o amor ao próximo, se há extorsão?

Onde está a compaixão, se há acusação?

Onde está o "negar a si mesmo", se tudo que eu quero vai ser atendido pelo Papai Noel que vive no céu?

Mas essas coisas só persistem por um único motivo: os cristãos estão se deixando levar por essas mentiras.

O fato é que se todo cristão lesse a Bíblia, amasse esse livro que contém tudo que precisamos saber para a vida, esses impostores já teriam sido desmascarados.

Coloquei apenas três trechos da Bíblia que exemplificam o que quero dizer.

O Salmo 119, o qual muitos têm preguiça de ler, fala extensivamente sobre a Palavra de Deus. Ah, se todo cristão amasse a Bíblia como o salmista.

Como o cristianismo de hoje seria diferente se todo cristão lesse a Bíblia. Como a vida de cada cristão seria diferente se eles lessem a Bíblia.

Ah, se todo cristão lesse a Bíblia...


sexta-feira, agosto 20, 2010

Cineclube - A mentira

Não sei quantos sabem, mas faço parte de um grupo que discute sobre cinema sob a óptica cristã.

"Ah, vocês são aqueles chatos que ficam falando mal de todos os filmes, que é do diabo e blá-blá-blá?"

Não!! Pelo contrário, como amantes do cinema cremos que os filmes nos levam a fazer discussões bacanas sobre valores, tendências, sociedade, etc.

Sempre com pipoca e refrigerante temos tardes bem agradáveis de debates e oficinas bacanas. Eu recomendo.

E amanhã, em nosso quarto encontro, o nosso tema será "A mentira". Fica o convite para quem mora em BH e região. Veja postagem no blog do Cineclube e siga-nos no Twitter

Esperamos vocês,

Fiquem com Deus

quinta-feira, agosto 19, 2010

Semi-retrospectiva

É incrível como tenho a habilidade de postergar. Incrível como deixo ideias passarem pela minha cabeça e não registrá-las, sabendo da condição da minha frágil memória.

No início do ano fiz um possível cronograma para o blog e, até hoje, não o coloquei em prática nenhuma semana sequer. Não vou mentir que quero muito colocá-lo em prática, mas me vejo cada vez mais ocupada.

Estou trabalhando o dia inteiro e a faculdade (o fim dela de fato, finalmente), tem consumido bastante do meu tempo. Estou bem indecisa sobre qual rumo tomar quando eu me formar. São possibilidades tão divergentes que talvez elas se encontrem em algum ponto. Enquanto isso eu fico pensando em o que devo fazer.

Passei mais um semestre difícil, conseguindo boa aprovação com elogio da professora. Uma superação pessoal com direito a abraço na devolutiva.

Comecei mais um semestre com estágios que estou amando. Tenho pacientes muito lindos na APAE e, mesmo sendo o início do semestre, já sei que vou sentir falta de lá.

No trabalho novas chances aparecem, alguns amigos demitidos, outros mudaram de horário, outros se demitiram, enfim, nova turma, novos aprendizados.

Incrivelmente minha frequência de leitura está bem melhor que no ano passado, estimo que já devo ter lido pelo menos 10 livros esse ano (na mesma época ano passado ainda não tinha chegado a esse ínfimo número). Apesar de ainda ser um número medíocre, estou conseguindo criar uma certa constância nesse aspecto, o que é uma grande vitória para mim. E tenho que reafirmar, Philip Yancey é O escritor.

Em relação à Igreja, nunca me vi tão relapsa em relação ao ministério, nunca faltei a tantos eventos assim, mas fiquei aliviada no dia do Festisêmani em que ralei igual antigamente. É revigorante, eu tinha me esquecido disso.

Apesar dos altos e baixos, creio que tem sido um ano excelente. Muita coisa bacana acontecendo ao mesmo tempo.

Acredito que, assim que conseguir manter atualizações constantes nos meus blogs, serei uma pessoa mais feliz. É que eu preciso de uma certa organização em minha vida, senão fico frustrada. Suspeito que sou portadora da Síndrome de Asperger, mas é só uma suspeita e nunca vou confirmar porque não vou procurar ajuda, rs.

Enfim,

2010 tem sido um ano diferente dos demais. Não digo excelente, mas tem sido diferentemente agradável.

God bless you all.

(Ah é, fui classificada como Intermediária no teste TOEIC Bridge, fiquei feliz também).






sábado, julho 03, 2010

Vontade de ser uma menininha normal...


Sério, ontem tudo que eu queria era ser uma menina típica, que não entende nada de futebol, que não entende porque 22 homens correndo atrás de uma bola de futebol pode ter algo de interessante, etc.

Quando saí para trabalhar via os homens, arrasados e as mulheres felizes, como se nada demais tivesse ocorrido nesse dia.

A seleção perdeu!! Você não fazem ideia do que isso significa para mim. Pensei, pensei por muito tempo o que seria uma analogia perfeita e acho que o mais perto que pude chegar foi o seguinte:

Imagine que você encontrou o cara mais perfeito do mundo e está namorando com ele. Tudo vai a mil maravilhas até que, do nada ele termina com você.

Sentiu??? Você ficaria vendo o fulano em tudo quanto é lugar que fosse, tudo te faria lembrar dele, talvez você não chorasse, mas ficaria com o coração em mil pedaços.

Isso para mim é uma derrota da seleção. Agora, é continuar torcendo, não me esquecer que eu moro no país que tem a melhor seleção do mundo, independente de resultado de Copa do Mundo. Daqui a quatro anos tem mais.

Ok, isso não me fez melhorar nem um pouco, mas sei que aos poucos vai. Afinal, todo mundo supera esse tipo de perda não supera?

Que Deus nos abençoe!

segunda-feira, junho 07, 2010

O diário de Lot - O amigo

"Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz um irmão"

Quando voltei da viagem para o país atingido pelo terremoto meu mundo pareceu ter desabado. “ E agora que estou de volta?? O que vou fazer??” Era o que parecia ter ficado gravado na minha mente e nunca mais iria ser apagado. Tinha aberto mão do emprego que sempre sonhei durante minha graduação e agora não sabia o que faria ao voltar para meu próprio país.

Ao mesmo tempo, os supostos seguidores da mensagem me cansavam cada dia mais. Era tanta hipocrisia, tanto veneno destilado com sabor de mel para as pessoas, que eu não conseguia ligar a TV ou mesmo assistir a algumas pessoas teoricamente falando da mensagem.

O mundo, enfim, não me parecia um lugar tão agradável para morar. Mas eu tinha que continuar vivendo, eu tinha muita coisa ainda para fazer, por mais que eu não conseguisse enxergar o que deveriam ser essas coisas.

Um dia, ao sair para distribuir currículos, encontrei com Marcos, um antigo colega, que também era seguidor da mensagem.

M: Ei Lot! Quanto tempo! Fiquei sabendo que você foi para aquele país do terremoto, é verdade?

L: Fui sim, como ficou sabendo?

M: Uma amiga minha chegou a pensar em ir, mas infelizmente ela tinha conseguido um excelente emprego e tinha acabado de começar, então não quis ir. Mas ela ficou sabendo que você ia, e me contou.

Eu fiquei em silêncio por alguns instantes, porque imaginei o quanto eu estaria melhor se não tivesse largado o meu próprio emprego perfeito, mas Marcos interrompeu meus pensamentos.

M: Mas eu disse para ela que você tinha chegado a comentar uma vez que tinha conseguido o emprego dos sonhos e provavelmente abriu mão dele para ir para lá. E foi exatamente isso que aconteceu não foi?

L: (suspiro) Foi.

M: Que bom te encontrar então Lot, estava indo nessa agência de emprego aqui perto, para buscar alguns currículos para uma vaga que surgiu na empresa do meu pai. E como sei que é na sua área, pensei que você poderia estar interessado.

L: Eu...eu estou muito interessado!

M: Então vamos comigo na empresa, que eu entrego seu currículo pessoalmente e te apresento, é até melhor.

L: Ok. (minha surpresa era tão grande que não conseguia sair de respostas monossilábicas).

Sempre fui um bom colega de Marcos e sempre ficamos sabendo das grandes notícias da vida um do outro, mas nunca parei para conversar de verdade com ele. No caminho para a empresa do pai dele, José, fiquei sabendo que eles tinham perdido tudo para um pseudo-seguidor da mensagem, que disse que toda a ajuda da empresa iria para uma obra social, mas na verdade ficou com todo o dinheiro e fugiu do país. Eles tiveram que recomeçar do zero e eu seria o primeiro funcionário contratado desde então, porque ele resolveu trabalhar em outro seguimento, onde meu trabalho poderia ser de grande utilidade. Quando cheguei fiz uma breve entrevista, sem nenhuma aparência de entrevista na verdade, e fui admitido.

Ao chegar em casa minha mãe disse para mim que sabia que eu não voltaria para casa desempregado, que eu estava com a fé surpreendentemente pequena para quem fazia coisas tão malucas como as que eu fazia. E disse para mim algo que nunca vou esquecer:

- É preciso mais fé para encarar o cotidiano do que para encarar os grandes desafios.

No dia seguinte, um sábado, Marcos me chamou para almoçar com sua família, e nós dois saímos para comprar algumas coisas para um churrasco.

M: Sabe de uma coisa Lot, meu pai, que é seguidor da mensagem, tinha prometido para ele mesmo que nunca mais iria contratar alguém que dissesse ser seguidor da mensagem. Mas resolveu contratar você, porque ele sabia que você era de fato seguidor dela.

L: Eu me sinto honrado, de verdade, mas você me conhece um pouco Marcos, eu não sou o super-herói que muitos imaginam que eu sou.

M: É exatamente por isso que ele te contratou.

Ao ver um ponto de interrogação gigante estampado em meu rosto, Marcos se justificou:

M: O cara que deu o golpe nele tinha tanta pinta de perfeito que meu pai nem desconfiou, sempre vivia falando em coisas boas, em como o Autor queria nos ver bem e sempre financeiramente esbanjando coisas, que meu pai nunca desconfiou. Eu nunca fui fã do cara porque ele dizia algo que eu nunca concordei, que é essa coisa de felicidade sempre na terra para os filhos do Autor. Eu sei que a vida tem momentos difíceis, e não é por isso que ela não é perfeita.

L: Posso dizer uma coisa?

M: Claro!

L: Estou cansado dos seguidores da mensagem, ou melhor estava. Estava cansado de ver que todos estão indo pelo caminho mais fácil quando O caminho na verdade é muito difícil. E fico tentando provar o contrário para meu amigo André, mas fica cada dia mais difícil.

M: Sabe, uma coisa que aprendi nesse período em que mal mal tínhamos dinheiro para comer, foi que esses caras também, por mais difícil que seja engolir isso, eles também são seres humanos que erram como nós. A mentira que eles pregam deve ser combatida veementemente, e se eles levarem isso para o lado pessoal, como é usual eles fazerem, o problema não é nosso, mas não podemos nos achar como as únicas pessoas fiéis à verdade na terra, porque senão cairemos no erro do orgulho e estaremos no mesmo patamar que eles. Temos que pedir ao Autor para livrar as pessoas das mentiras deles, e temos que pedir que eles mesmos sigam a verdade.

L: Mas essas pessoas dizem seguir a verdade, elas conhecem a verdade, e a distorcem para puro lixo, desviando as pessoas da verdade e levando-as ao caminho oposto do caminho.

M: Eu sei. Concordo. E pode ser que nem mesmo o próprio Autor tenha misericórdia deles no futuro, mas quem vai fazer esse julgamento é Ele. Devemos combater a mentira que eles pregam sem ofendê-los, sem parecer contra eles. Quem separa o joio do trigo é só Ele.

L: Verdade. Marcos, obrigado!

M: Porque?

L: Pelo emprego, pelo churrasco e pela sua amizade.

M: É muito bom saber que posso ser seu amigo Lot.

Era isso então, finalmente um amigo em meio a esse mundo confuso e que parecia estar virado ao avesso. Quem sabe um dia dois amigos se tornariam três, depois cinco, seis, sete, dez, até o dia em que a verdade seja dita e a mentira desmascarada?

Podia ser só um sonho, mas eu preferia acreditar nele já que me dava forças para seguir em frente.


Fonte da imagem: www.ghizoni.art.br

terça-feira, maio 25, 2010

Que sejas tudo o que sinto e o que penso


"Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim" - Gálatas 2:20

Não sei quanto a vocês, mas eu tenho a séria tendência a me acostumar com frases e esquecer o real significado delas.

A frase-título desse texto é um exemplo. A belíssima música "Meu Universo", com versão em português feita pelo cantor PG, tem uma letra tão profunda e marcante que a ouço todos os dias - ela é meu despertador do celular. Certo dia, ouvindo exatamente esse trecho do título, fiquei pensando em quão séria é essa declaração. Na mesma hora lembrei-me desse versículo de Gálatas, onde Paulo já fazia sua própria versão de "Meu Universo".

Dizer a Cristo "que sejas tudo o que sinto" tem implicações diretas em todas as áreas de nossas vidas, afinal, as emoções fazem do ser humano uma criatura muito especial. Será que estou disposta a dizer "que sejas tudo o que sinto", quando o que eu sinto é raiva de alguém que me fez mal? Estaria eu disposta a abrir mão desse sentimento para deixar Ele ser o que eu sinto (o que, por certo, não é raiva)? Será que estou disposta a dizer "que sejas tudo o que sinto", mesmo sabendo que talvez tenha que abrir mão até mesmo de um sentimento bom?

O amor ultrapassa qualquer sentimento, mas aproveitando o contexto, acredito que dizer "que sejas tudo o que sinto", pode ser traduzido como "faz valer o amor em mim, que eu ame a todo tempo como o senhor me ama". Não é uma decisão fácil a ser tomada, essa de realmente assumir o que está sendo cantado nessa música.

E quanto ao "o que penso"? Emoções às vezes se confundem com pensamentos, mas vou me ater aqui apenas ao lado racional em si. Estaria eu disposta a dizer para Deus que todas as minhas convicções, ideologias, raciocínio, planos e projetos podem ser tomados por Ele? Ele pode ser o meu pensamento? E tudo o que eu vier a pensar pode ser embasado no fato de que não pode ser paradoxal a Ele?

A resposta se encontra em Gálatas 2:20. Se quero seguir a Cristo, minha vida tem que ser Cristo, até mesmo o ato fisiológico de respirar tem que ser guiado por Ele. Ser Cristo é deixar que Ele tome controle total de nossas atitudes, pensamentos e emoções, e encarar as consequências. Consequências ruins? Acredito que não, se formos pensar a longo prazo. Mas é muito difícil abrir mão de nosso orgulho, da gostosa sensação de ter as coisas sob nosso controle. Afinal, se o mundo é uma loucura total, ao menos meus pensamentos e emoções deveriam estar sob meu controle não é mesmo? Aí está a loucura, que confunde sábios e mestres, que porém nos salva e nos dá a verdadeira liberdade.

A verdadeira liberdade não é ter tudo em nossas mãos para podermos decidir o que fazer com aquilo. É entregar tudo nas mãos de Cristo e descansar sabendo que aquele que não negou a cruz para nos salvar vai cuidar de nós em tudo o que for preciso.

Que sejas meu universo, Senhor.

domingo, abril 18, 2010

Momento sem explicação - uma carta para Deus


Bem,

costumo ser boa com palavras escritas. Não ouso tentar isso hoje. Não quero nada que faça sentido.

O seu amor não faz sentido, por isso posso partir dessa premissa. Não quero escrever sobre algo que você me falou, nem quero escrever para que você fale comigo. Eu simplesmente quero falar com você.

Nesse momento tomo a liberdade de me imaginar em seu colo. Acho que eu realmente devo estar aí.

Sei que todas as frases desconexas e palavras sem sentido que eu escrever aqui vão chegar aos seus ouvidos exatamente como devem chegar.

Eu não consigo acreditar que as pessoas podem ser tão más. Eu não quero acreditar nisso. E, ainda mais, não quero acreditar que as pessoas que dizem te seguir agem assim.

Eu fico imaginando a todo tempo, se eu estou assim, como você se sente? Quão grande é a dor que eu mesma te causo toda vez que te decepciono (e, meu Deus, como eu faço isso!!)?

Porque a graça não é refletida por nós? Porque a sua graça nos alcança e conseguimos ser tão medíocres? Porque sua graça é tão grande a ponto de continuar acreditando que vamos fazer alguma coisa boa?

Afinal de contas, porque você acreditou em mim? E eu sei que eu não tenho nada de tão valioso para fazer você investir em mim. Eu não tenho dons naturais para fazer alguma coisa boa. Porque você, além de ter entregue seu próprio filho ainda me deu dons, me fez parecer uma pessoa boa? Ora, você me conhece muito bem...você sabe quem eu sou sem você. A graça para mim é tão maravilhosa que é incompreensível. Será que é isso? Será que nós humanos conseguimos ser tão rudes, demonstrar tanta falta de graça porque nós não entendemos a graça? Porque se for isso, me dê a graça de entender a graça?

Porque as pessoas não podem fazer coisas ruins simplesmente comigo? Porque têm que fazer com aqueles que estão perto de mim, aqueles que eu amo?

Você conhece os meus medos, conhece o meu maior medo hoje, então, mesmo sabendo que é um pedido redundante e desnecessário, por favor, não me abandone agora.

Para fazer o que preciso fazer agora, eu preciso de você. Eu preciso de você a todo tempo. Nunca me abandone, eu sou uma pessoa muito ruim, e se alguém tira algum fruto bom do que eu faço, digo ou escrevo, é pela sua graça. Não é auto-estima baixa, você sabe disso. Eu já achei que eu era ruim a ponto de nem você poder me amar. Nem eu me amava. Se hoje é uma nova história, é graças a você. É que eu sei que sem você eu não sou nada. Eu preciso de você.

Só você consegue ouvir as dores do silêncio.

terça-feira, janeiro 26, 2010

Sobre louvor e adoração




Um dia estava com saudades de ouvir a música "Amor de Deus", da banda Fruto Sagrado, e coloquei no YouTube para eu ouvir enquanto fazia outras coisas na internet. Em determinado ponto resolvi ler os comentários dos vídeos e logo percebi que não deveria ter feito isso.

Uma discussão sem fim estava ocorrendo sobre se essa música era de adoração ou não. Alguém chegou a dizer:"a maioria das musicas de 15 minutos e musicas pekenas so que o espeirito Santo age entao a coisa flue.. ja igreja ja tocamos 30 minutos a mesma musica os mesmos 4 acordes e o espirito santo fluia, e a gnt nao casava. "

A primeira coisa que me entristece nessas discussões são os erros de português. Não digo nem da linguagem da internet, mas de erros mesmo. Para discutir uma música, que é um representante de arte e cultura, as pessoas deveriam ao menos saber a língua que estão falando, ou digitando, no caso.

O fato de ter uma discussão vazia sobre quanto tempo uma música de adoração dura não só me entristece, como me enoja.

Tenho a esperança de que isso seja apenas mais uma ignorância referente à língua nativa. Segundo o dicionário Aurélio de língua portuguesa, "adoração" tem o seguinte significado: "s.f. Ação de adorar. / Amor extremo."

Não vou discutir aqui sobre o verdadeiro significado da adoração cristã, que transcende a questão
musical, mas sobre o que é a música de adoração.

Os cristãos tendem a querer colocar tudo em caixas, em repartições, têm uma mania chata de querer colocar tudo em arquivos, em modelos. Uma música de adoração é simplesmente uma música que fale de amar a Deus, ou mesmo de gratidão ao amor dele, como é o caso da música do Fruto Sagrado. Se essa é uma categoria musical só existente no meio gospel, então que seja utilizada da maneira correta. David Quinlan faz lindas músicas de adoração de 15 minutos, mas uma música de um minuto que uma criança inventa na escola no intervalo para o lanche pode ser uma música de adoração também. Uma música de adoração é, enfim, toda música que tenha o conteúdo de "amor extremo" a Deus.

A discussão no YouTube é tão longa e desnecessária, que eles esqueceram de parar para ouvir a beleza da poesia do vídeo que estavam comentando.

Que Jesus nos abençoe.


segunda-feira, janeiro 25, 2010

O diário de Lot - o grito dos desesperados (Parte II)


"O justo odeia a palavra de mentira, mas o ímpio faz vergonha e se confunde."

Resolvido com a instituição que seria uma oportunidade de ouro a ida de André, acertamos as passagens e nos preparávamos para ir para o país que foi assolado pelo terremoto. Admito que estava muito inseguro. Estava perdendo um grande emprego e meu chefe, ou melhor, antigo chefe, disse que estava cometendo um grave erro, mas que sabia que isso iria acontecer uma hora. Por outro lado, meus antigos colegas me deram apoio e ficaram louvando minha atitude. Eu sempre deixava claro que eu não podia fazer isso sozinho. O Autor movia isso dentro de mim. E isso não era nem um pouco de demagogia, eu sabia que realmente não era capaz de fazer o que estava prestes a fazer. Por mais que possa parecer o contrário por esses relatos, eu tenho muitas falhas, muitos erros. Sou longe de ser alguém bom, quanto mais alguém perfeito. A minha sorte é que o Autor é perfeito por mim, ele é muito mais que bom por mim.

Apesar disso tudo, fui muito contente contar a notícia para André de que tínhamos conseguido acertar a viagem.

L: Ei André!!
A: Pela empolgação só posso presumir que você conseguiu...
L: Isso mesmo! Animado?
A: Não é exatamente animador ir para um país todo destruído e cheio de pessoas sofrendo. Motivado, por outro lado, estou bastante.
L: Que bom! Partimos sexta-feira.
A: Ok, tenho três dias para me arrumar.
L: Dá, não dá?
A: Dá sim.
L: Então te vejo na sexta, tenho que acertar uns detalhes burocráticos ainda até lá.
A: Ok, até sexta então.
L: Até.

Os detalhes burocráticos que eu tinha que arrumar na verdade eram interiores. Eu ainda não estava no país que iria viajar, mas conseguia ouvir um grito. Um não, milhares de grito. Milhares de gritos juntos que soavam como um só grito ensurdecedor. Não era pesadelo, não podia ouvir de verdade, no sentido fisiológico da palavra, mas ouvia dentro de mim, nunca vou saber explicar exatamente o que eu sentia. O fato é que apesar de tudo eu ainda estava muito inseguro e cansado. As pessoas que se diziam seguidoras da mensagem cada vez mais se apegavam à ideia de que ser seguidor da mensagem significa não ter nenhuma dificuldade na vida. Se eles analisassem bem, o próprio Filho então não devia seguir a mensagem, afinal, Ele foi sacrificado da forma mais cruel possível em sua época e sociedade.

Obviamente, não deixava nada disso claro para André. Apesar de ser um grande amigo, minhas incertezas e inseguranças só fariam mal para ele. Ele iria dizer que confirmara a sua tese de que a mensagem não era verdadeira. Isso eu pensava antes de viajar, é claro.

Na sexta-feira, com tudo pronto, embarcamos no avião. No caminho André se mostrava com um brilho no olhar que eu nunca tinha visto antes nele. Resolvi iniciar um diálogo com ele.

L: Expectativa?
A: O que?
L: Esse seu olhar, é expectativa para o que irá acontecer lá?
A: Acho que sim, na verdade, nunca fiz algo de tão grande na minha vida. Sempre te admirei por isso. Talvez eu nem seja capaz disso. Isso é, você tem certeza de tudo, a minha vida é cheia de dúvidas.

Naquele momento vi que esconder dele minha insegurança causara o efeito contrário do que eu pretendia.

L: Certeza, na verdade, só tenho que vou morar com o Autor um dia.
A: O que você quer dizer?
L: Não sou nenhum herói André, sou apenas um ser humano. Também tenho medo e dúvidas.
A: Eu sei disso, eu lembro que você tinha medo naquela época da perseguição idiota contra você, mas mesmo assim você tinha certeza, não estou sabendo me expressar.
L: Eu não tinha naquela época e não tenho agora, mas sei que vai dar certo.
A: Porque?
L: Eu só sei.

Chegamos ao nosso destino e distribuimos cestas básicas, roupas, auxílio. André sabia um pouco de francês e conseguiu se comunicar mais do que eu. Ele gostava de me contar as histórias de superação daquela gente. Gostava de ver que estava sendo útil. Vivia me dizendo que iria levar esperança calado, porque só quem podia fazê-lo com palavras era a equipe dos seguidores da mensagem. Passamos duas semanas no país quando percebi que os gritos de desespero que ouvia eram como as mensagens de esperança de André. Eram gritos silenciosos. Gritos que ninguém podia ouvir, só ver. Ao me contar a história de uma criança que tinha perdido os pais e os irmãos no terremoto André disse que não entendia como o Autor podia deixar isso acontecer, mas de alguma forma alguém cuidava daquele menino. Mesmo em meio a tanto sofrimento e dor conseguimos levar algo que nenhuma comida ou roupa poderia levar - conforto. Dedicamos muito tempo a ouvir as pessoas, e André foi nosso tradutor pessoal.

No final da viagem conseguimos firmar um pacto com uma instituição local de assistência aos sobreviventes e nos comprometemos a continuar mandando ajuda. A alegria no rosto de cada criança, homem e idosos, mesmo sem saber se iriam um dia ter uma casa para morar de novo ou uma família para ser apoiado, nos dava esperança de dias melhores. Fomos para levar consolo e, no fim, nós é que acabamos por ser consolados.

Quando voltamos ao Brasil André disse logo de cara:

A: Tudo que aconteceu lá foi incrível. Nunca vou me esquecer dessa experiência. Quero continuar fazendo o bem, mas, como você mesmo já disse certa vez, isso não significa entrada para a casa do Autor. Ainda não consigo acreditar na mensagem, me desculpe.

Claro que aquilo me deixou profundamente chateado. Mas o fato de ver que André se abria mais para fazer coisas comigo me deixava com esperança. Acho que foi o grito silencioso dos desesperados que implantou isso em mim.

No fim os mensageiros impostores sumiram da mídia. A verdade prevaleceu. A compaixão humana, ainda que falha, foi mostrada mais que a pretensão de justiça de alguns.

sexta-feira, janeiro 22, 2010

A semana das tragédias


Está certo que a tragédia do Haiti foi na última semana, mas parece que o mundo está acordando mais para essa notícia essa semana. Todos os blogs que eu acompanho falaram pelo menos duas vezes sobre esse assunto essa semana. Eu, particularmente, prefiro evitar falar sobre esse assunto. Acho que não sou forte o suficiente para escrever sobre isso. Não sou forte nem para discutir sobre a tragédia em si - milhares de pessoas mortas, milhões de pessoas feridas e desabrigadas - como também não sou forte para ver o que os pseudocristãos dizem nesse momento.


Resolvi escrever porque acredito que minha falta de forças não justificaria tamanha irresponsabilidade essa que seria negar o direito de expressar minha opinião sobre o assunto.


Eu acredito que Deus é poderoso e que se importa com a humanidade, e quase posso dizer que tenho certeza que ele não causou essa tragédia. Também não foi algo do acaso. Isso é consequência do pecado humano, sim, mas não acredito que seja diretamente relacionado ao pecado daquela nação. É consequência do pecado uma vez que o ser humano caiu uma vez em pecado, há muito tempo, e desde então todos nós somos pecadores e todo o mundo está desequilibrado. Se os terremotos no Haiti fossem um castigo de Deus contra aquela nação seria algo que Ele próprio avisaria, como fez com Israel no tempo do Antigo Testamento.


Ele não seria injusto se quisesse mandar um raio na minha cabeça agora. Eu sou pecadora por natureza. "O salário do pecado é a morte, mas (e esse mas é que faz toda a diferença) o dom gratuito de Deus é a vida eterna". Esse versículo, que está registrado em Romanos 6:23, é a cartada final contra qualquer Pat Robertson que se levante por aí. TODOS nós deveríamos morrer porque somos pecadores. Entretanto, a partir do momento em que o próprio Deus veio pagar o preço que Ele cobrou para nos salvar, estamos "livres" desse jugo. Vamos morrer, é certo, e muitos de nós vamos sofrer na vida. Mas ele está sempre ao nosso lado. A diferença é essa quando somos cristãos. Nós conseguimos ter forças para continuar lutando depois da tempestade, porque Ele nos dá forças. O povo do Haiti, por exemplo, como negar a igreja forte que está surgindo dos restos mortais daquele país? E por forte quero dizer realmente isso. Uma árvore que cresce em meio a dificuldade extrema terá mais força para enfrentar os desastres do que aquelas que nasceram em um clima tranquilo. Isso é o que entendo por Igreja forte. E não uma igreja com muitos bens, grande quantidade de pessoas ou grande destaque na mídia.


Cada notícia boa que vejo sobre a tragédia (trinta pessoas resgatadas depois de vários dias, a senhora que saiu cantando de onde ficou soterrada, a mãe que reencontra seu bebê depois de uma semana), me dá esperanças. Esperança que a situação lá vai melhorar. Não importa o tempo que levar, mas vai melhorar. É claro que com o mundo todo se mobilizando as coisas vão melhorar mais rápido. As tragédias fazem o lado verdadeiro do ser humano surgir. Ou ele mostra a bondade que há no seu coração, ou a crueldade. E são nesses grupos que divido aqueles que dizem alguma coisa sobre a tragédia. Como cristã eu gostaria muito que aqueles que dizem professar a mesma fé que eu mostrassem a bondade que Cristo nos ensinou, mas infelizmente são muitos os que fazem exatamente o contrário.


Como igreja de Cristo devemos sofrer com os nossos irmãos haitianos. Se uma unha do dedo mindinho quebrar todo o nosso corpo irá se mobilizar até que a ferida esteja curada. A unha do dedo mindinho da igreja está quebrada e sangrando, por isso devemos sofrer com o povo no Haiti. E mesmo por aqueles que não são cristãos, porque são seres humanos como nós, afinal, quantos morreram sem conhecer a Cristo? É nossa culpa. Nós temos uma missão - levar o evangelho a todo o mundo. E evangelho não é apenas o "Jesus te ama" que estamos acostumados a pronunciar tão roboticamente. Evangelho são boas novas. E as boas novas de Cristo são capazes de transformar o ser humano integralmente. A igreja deveria estar lá para criar estruturas melhores para as casas, as escolas, as famílias. Obviamente ao dizer isso corro o risco de ser injusta. Sei que há muitos por lá fazendo a missão integral acontecer. E sei que muitos de nós não estão no Haiti, mas estão na Europa, na África e nos outros continentes. Mas sei também que há muitos que deveriam estar lá e estão sendo negligentes.


Desculpem pelas frases jogadas, é o que sei fazer quando tento escrever sobre alguma tragédia. O que sei, em síntese, é que meu coração fica apertado quando leio cada notícia dizendo que o número de mortos aumentou, que a chuva em São Paulo já matou nove pessoas, que aqueles que se dizem cristãos condenam pecadores como eles próprios. É como uma criança com o dedo no nariz rindo do coleguinha que soltou um pum na sala. Mas eu acredito que daquele vale de ossos secos pode surgir um exército. Acredito que meus irmãos haitianos vão fazer história porque passaram por isso. E acredito que a fidelidade de Deus continua a mesma, assim como sua bondade e justiça.

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