sexta-feira, março 16, 2012

Releitura das Cartas do Apocalipse: à Igreja em Esmirna


"Conheço tua tribulação e tua pobreza, apesar de seres rico, e a blasfêmia dos que dizem ser judeus; mas não são; pelo contrário, são sinagoga de Satanás. Não temas o que hás de sofrer. O Diabo está para colocar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e passareis por uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e eu te darei a coroa da vida." - Ap 2: 9-10

Antes de começar o devocional (posso chamar assim?) de hoje, quero reforçar algo que eu não citei no último texto. Apesar de com frequência nos referirmos as cartas do Apocalipse como cartas às igrejas, como carta à igreja DE Éfeso, De Esmirna, etc, o texto sempre usa o termo EM, não DE. Que diferença isso faz? Bom, com a mudança de termos vemos que a Igreja é uma só, apenas situada em locais diferentes. 

Bem, voltemos ao texto. Os cristãos em Esmirna viviam em uma região próspera, mas, apesar disso, eram pobres. Provavelmente isso se devia a restrições pela própria perseguição religiosa. Essa igreja era perseguida pelos próprios judeus locais, que deveriam apoiá-la, mas não o fizeram. O período de dez dias de prisão não necessariamente foi literal, pode ser apenas uma representação de um período curto, mas completo.

Contextualizados esses aspectos, vamos ao que eu aprendi com esses versos. A igreja evangélica não é perseguida, em sua maioria. Muitas vezes é difícil ao cristão brasileiro comum entender versos assim, visto que tem toda liberdade para praticar sua fé. Entretanto, creio que somos cristãos e que choramos com os que choram, e lembramos de nossos presos como se estivéssemos presos com eles. 

Vejam que a igreja perseguida de Esmirna não recebe muitas orientações, nem mesmo advertências, mas apenas uma orientação para suportar o sofrimento. Não vou dizer que os cristãos das igrejas perseguidas sejam 100% santos, sem pecados, não, nenhum ser humano o é. Mas quando você tem de defender sua fé com a própria vida em risco, algumas futilidades desaparecem. E por isso a recomendação de suportar o sofrimento e ser fiel até a morte, que é algo a se ter em mente sempre, uma vez vivendo em uma igreja perseguida.

O fato é que, como eu sempre disse, e alguns discordam, ser cristão em uma igreja perseguida é mais "fácil" do que na igreja livre. Porque não existe meio termo na igreja perseguida. Ou você é cristão e é perseguido por isso, ou você não é cristão. Não existem os "cristãos não praticantes". Porque o que devemos temer não são aqueles que matam o corpo, mas não matam a alma; mas aquele que pode destruir tanto a alma quanto o corpo no inferno (Mt 10:28). Não vou me ater muito tempo a isso, entretanto. Obviamente, não estou dizendo que os sofrimentos que eles enfrentam são fáceis, ou desmerecendo o cristianismo deles, de maneira nenhuma. É que aqui é mais fácil ser falsamente cristão, se é que isso existe. O cristianismo verdadeiro abunda nesses lugares de perseguição. Aqui, infelizmente, não é bem assim.

De qualquer maneira, ainda podemos tirar algumas lições aqui para a igreja livre por meio desse trecho. Provavelmente não precisaremos ser  fiéis até a morte, literalmente, aqui no Brasil. Mas, como disse, aplicar isso no nosso contexto é ainda mais difícil. Precisamos nos manter fiéis até a morte, sem deixar a fé morrer nesse meio tempo, sem nos deixar abalar por falsas doutrinas.

O nosso período de sofrimento nessa terra, ainda que seja toda a nossa vida, é muito pequeno comparado à alegria que teremos na eternidade. E se tivéssemos mil vidas valeria à pena sofrer em todas elas apenas se soubéssemos que estaríamos com Cristo no final.

Portanto, não temamos o que haveremos de sofrer, os vencedores de modo algum sofrerão a segunda morte! E não deixemos de orar, SEMPRE, pelos nossos irmãos na igreja perseguida.




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