sexta-feira, julho 18, 2008
O fim de uma Era
"Nós gostaríamos de esclarecer a todos os nossos fãs, os nossos amigos, e pessoas ao redor do mundo que têm apoiado fielmente o Delirious?
Depois de 14 álbuns, milhares de shows em frente a milhões de pessoas, e muitas memórias extraordinárias, nós decidimos que, no final de 2009, vamos fazer uma pausa de gravação e shows como a banda.
A nossa decisão foi tomada por um pedido de Martin para sair da banda para prosseguir com novos projetos, incluindo o seu trabalho com a CompassionArt e o desejo de estar mais em casa com Anna e os seus filhos. Nós honramos esse desejo e tomamos juntos a decisão de que agora é hora de encerrar esse capítulo de nossas vidas.
Vamos continuar a tocar em nossa atual agenda, tours e reservas, mas nada será acrescentado ao longo dos próximos 17 meses.
Estamos todos tão profundamente gratos aos nossos fãs incríveis que cantaram as músicas e permitiram a Delirious? o privilégio de fornecer a trilha sonora de muitas vidas ao longo dos anos. Da escola municipal em Littlehampton para os estádios do mundo, temos muitas histórias para contar aos filhos de nossos filhos. Delirious? também não seria o que é sem a nossa maravilhosa esposas e famílias, e a nossa gratidão a elas é imenso. Vamos agora avançar para a próxima etapa de nossas vidas, onde os novos desafios e histórias serão escritos.
Queremos deixar bem claro que embora esta decisão tenha sido extremamente dolorosa e difícil, ainda somos muito amigos e nosso respeito uns com os outros é inquestionável. Adoramos tocar nesta banda juntos e sabemos que, mesmo que 2009 seja o fim desta jornada atual, haverá mais aventuras juntos nos próximos anos.
A música acabou indo mais longe e mais profundo do que alguma vez poderíamos ter sonhado, e ainda não estamos num ponto em que os nossos criativos futuros irão espalhar-se e tomar rumos diferentes.
Obrigado novamente por acreditar em nós através de todos estes anos. Nós acreditamos que o melhor ainda está para vir.
Jon, Martin, Paul, Stu G, and Tim"
Postado em 6 de Julho no site oficial do Delirious? (http://www.delirous.co.uk)
quinta-feira, julho 17, 2008
O apóstolo Paulo e a questão do sofrimento - Parte II
Achei que mais convincentes que todas as minhas palavras,seriam os trechos em que Paulo fala do sofrimento. Provavelmente não estão todos aqui, mas seguem abaixo os que eu lembrei:
“ Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança. E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nosso corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu” – Rm 5:3-5
“Considero que os nosso sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada” – Rm 8:18
“Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: ‘Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro’. Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” – Rm 8:35-39
“Ele escolheu o que para o mundo é insignificante, desprezado e o que nada é, para reduzir a nada o que é” – I Co 1:28
“Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas quando forem tentados, ele mesmo lhes providenciará um escape, para que possam suportar.” – I Co 10:13
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações” – II Co 1:3,4
“De todos os lados somos pressionados, mas não desanimamos; ficamos perplexos, mas não despreparados; somos perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos. Trazemos sempre em nosso corpo o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em nosso corpo. Pois nós, que estamos vivos, somos sempre entregues à morte por amor a Jesus, para que a sua vida também se manifeste em nosso corpo mortal.” – II Co 4: 8-11
“Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia, pois os nosso sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos nossos olhos, não naquilo que se vê, mas naquilo que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno” – II Co 4:16-18
“Ao contrário, como servos de Deus, recomendamo-nos de todas as formas: em muita perseverança; em sofrimentos, privações e tristezas; em açoites, prisões e tumultos; em trabalhos árduos, noites sem dormir e jejuns; em pureza, conhecimento e bondade; no Espírito Santo e no amor sincero; na palavra da verdade e no poder de Deus; com as armas de justiça, quer de ataque, quer de defesa; por honra e por desonra; por difamação e por boa fama; tidos por enganadores, sendo verdadeiros; como desconhecidos, apesar de bem conhecidos; como morrendo, mas eis que vivemos; espancados, mas não mortos; entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo muitos outros; nada tendo, mas possuindo tudo” – II Co 6:4-10
“ São eles servos de Cristo? – estou fora de mim para falar desta forma – eu ainda mais, fui encarcerado mais vezes, fui açoitado mais severamente e exposto à morte repetidas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove açoites. Três vezes fui golpeado com varas, uma vez apedrejado, três vezes sofri naufrágio, passei uma noite e um dia exposto á fúria do mar. Estive continuamente viajando de uma parte a outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos dos gentios; perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e perigos dos falsos irmãos. Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquem em jejum; suportei frio e nudez.” – II Co 11:23-27
“ Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte.” – II Co 12:10
“Portanto, peço-lhes que não desanimem por causa das minhas tribulações em seu favor, pois elas são uma glória para vocês” – Ef 3:13
“ pois a vocês foi dado o privilégio de não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele, já que estão passando pelo mesmo combate que me viram enfrentar e agora ouvem que ainda enfrento” – Fp 1:29,30
“Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece” – Fp 4:12,13
“Por isso, irmãos, em toda a nossa necessidade e tribulação ficamos animados quando soubemos da sua fé;” – I Ts 3:7
“Exortamos vocês, irmãos, a que advirtam os ociosos, confortem os desanimados, auxiliem os fracos, sejam pacientes para com todos” – I Ts 5:14
“Por esta causa nos gloriamos em vocês entre as igrejas de Deus pela perseverança e fé demonstrada por vocês em todas as perseguições e tribulações que estão suportando. Elas dão prova do justo juízo de Deus e mostram o seu desejo de que vocês sejam considerados dignos do seu Reino, pelo qual vocês também estão sofrendo.” – II Ts 1:4,5
“e dar alívio a vocês, que estão sendo atribulados, e a nós também. Isso acontecerá quando o Senhor Jesus for revelado lá dos céus, com os seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes.” – II Ts 1:7
“Por essa causa também sofro, mas não me envergonho, porque sei em quem eu tenho crido e estou bem certo de que ele é poderoso para guardar o que lhe confiei até aquele dia.” – II Tm 1:12
“pelo qual sofro e até estou preso como criminoso contudo a palavra de Deus não está presa. Por isso, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus, com glória eterna” – II Tm 2:9,10
“as perseguições e os sofrimentos que enfrentei, coisas que aconteceram Antioquia, Icônio e Listra. Quanta perseguição suportei! Mas, de todas essas coisas, o Senhor me livrou. De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” – II Tm 3:11,12
Fiquem com Jesus=)
“ Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança. E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nosso corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu” – Rm 5:3-5
“Considero que os nosso sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada” – Rm 8:18
“Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: ‘Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro’. Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” – Rm 8:35-39
“Ele escolheu o que para o mundo é insignificante, desprezado e o que nada é, para reduzir a nada o que é” – I Co 1:28
“Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas quando forem tentados, ele mesmo lhes providenciará um escape, para que possam suportar.” – I Co 10:13
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações” – II Co 1:3,4
“De todos os lados somos pressionados, mas não desanimamos; ficamos perplexos, mas não despreparados; somos perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos. Trazemos sempre em nosso corpo o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em nosso corpo. Pois nós, que estamos vivos, somos sempre entregues à morte por amor a Jesus, para que a sua vida também se manifeste em nosso corpo mortal.” – II Co 4: 8-11
“Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia, pois os nosso sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos nossos olhos, não naquilo que se vê, mas naquilo que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno” – II Co 4:16-18
“Ao contrário, como servos de Deus, recomendamo-nos de todas as formas: em muita perseverança; em sofrimentos, privações e tristezas; em açoites, prisões e tumultos; em trabalhos árduos, noites sem dormir e jejuns; em pureza, conhecimento e bondade; no Espírito Santo e no amor sincero; na palavra da verdade e no poder de Deus; com as armas de justiça, quer de ataque, quer de defesa; por honra e por desonra; por difamação e por boa fama; tidos por enganadores, sendo verdadeiros; como desconhecidos, apesar de bem conhecidos; como morrendo, mas eis que vivemos; espancados, mas não mortos; entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo muitos outros; nada tendo, mas possuindo tudo” – II Co 6:4-10
“ São eles servos de Cristo? – estou fora de mim para falar desta forma – eu ainda mais, fui encarcerado mais vezes, fui açoitado mais severamente e exposto à morte repetidas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove açoites. Três vezes fui golpeado com varas, uma vez apedrejado, três vezes sofri naufrágio, passei uma noite e um dia exposto á fúria do mar. Estive continuamente viajando de uma parte a outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos dos gentios; perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e perigos dos falsos irmãos. Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquem em jejum; suportei frio e nudez.” – II Co 11:23-27
“ Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte.” – II Co 12:10
“Portanto, peço-lhes que não desanimem por causa das minhas tribulações em seu favor, pois elas são uma glória para vocês” – Ef 3:13
“ pois a vocês foi dado o privilégio de não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele, já que estão passando pelo mesmo combate que me viram enfrentar e agora ouvem que ainda enfrento” – Fp 1:29,30
“Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece” – Fp 4:12,13
“Por isso, irmãos, em toda a nossa necessidade e tribulação ficamos animados quando soubemos da sua fé;” – I Ts 3:7
“Exortamos vocês, irmãos, a que advirtam os ociosos, confortem os desanimados, auxiliem os fracos, sejam pacientes para com todos” – I Ts 5:14
“Por esta causa nos gloriamos em vocês entre as igrejas de Deus pela perseverança e fé demonstrada por vocês em todas as perseguições e tribulações que estão suportando. Elas dão prova do justo juízo de Deus e mostram o seu desejo de que vocês sejam considerados dignos do seu Reino, pelo qual vocês também estão sofrendo.” – II Ts 1:4,5
“e dar alívio a vocês, que estão sendo atribulados, e a nós também. Isso acontecerá quando o Senhor Jesus for revelado lá dos céus, com os seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes.” – II Ts 1:7
“Por essa causa também sofro, mas não me envergonho, porque sei em quem eu tenho crido e estou bem certo de que ele é poderoso para guardar o que lhe confiei até aquele dia.” – II Tm 1:12
“pelo qual sofro e até estou preso como criminoso contudo a palavra de Deus não está presa. Por isso, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus, com glória eterna” – II Tm 2:9,10
“as perseguições e os sofrimentos que enfrentei, coisas que aconteceram Antioquia, Icônio e Listra. Quanta perseguição suportei! Mas, de todas essas coisas, o Senhor me livrou. De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” – II Tm 3:11,12
Fiquem com Jesus=)
segunda-feira, julho 14, 2008
O diário de Lot
O começo - Parte II
No dia seguinte, quando Maria e Tiago acordaram, eu levei o café-da-manhã para eles. Maria olhava para mim como se eu fosse um ET, mas estava muito contente. E para mim era isso que importava.
Levei Tiago ao meu quarto e o deixei brincando com o meu videogame. O mesmo que eu nunca deixei ninguém mexer. Ele nunca tinha visto um videogame antes, mas logo aprendeu a jogar e se divertia bastante. Então fui ao meu quarto, onde Maria passara a noite com Tiago (eu tinha dormido na sala), e ela me perguntou:
M: Porque?
L: Porque o que?
M: O que você quer em troca?
L: Em troca de que?
M: Ora, dessa bondade que você está tendo comigo e com meu filho.
L: Eu não quero nada em troca.
M: Isso é impossível. Ninguém faz nada de graça.
L: Eu não quero nada em troca. Só achei que vocês precisassem de ajuda.
M: É, nós precisamos, mas...é estranho. Não é comum. Eu não perguntei antes, qual o seu nome?
L: Lot.
M: Diferente.
L: É, um pouco. Está precisando de mais alguma coisa?
M: Não, quer dizer, sei lá. Não te conheço, mas confio em você. Posso desabafar mais um pouco? Contar porque eu fui parar nas esquinas?
L: Claro.
Maria me contou sua história. Foi uma longa conversa. Resumindo um pouco a história, ao contrário de muitas prostitutas, Maria nunca teve uma vida difícil, nunca foi abusada sexualmente por ninguém, tinha uma vida perfeita. Ela havia sido uma adolescente mimada a vida inteira. Tinha tudo o que queria, concluiu o ensino médio numa das melhores escolas da cidade. Quando fez 18 anos, resolveu fugir, sem motivo aparente, para “conhecer o mundo lá fora e curtir a vida”. Ela viajou para uma cidade distante e curtiu sua juventude com bebidas, festas, rapazes, e tudo o mais que ela achava inusitado e divertido. Pelo que ficou sabendo mais tarde, seus pais colocaram a polícia para procurá-la por um longo tempo, até a própria polícia dar o caso como sem solução, e encerrar as buscas. Seus pais então bloquearam todos os seus cartões de crédito e cancelaram sua conta no banco, o que a faliu completamente. Voltando à cidade, tentou pedir dinheiro na rua, até que um rapaz fez a “brilhante” sugestão de que ela poderia ganhar muito mais dinheiro como prostituta. E foi aí que ela começou a vender seu corpo pelas esquinas. Com o dinheiro que ganhava, conseguiu comprar um barracão num aglomerado relativamente próximo ao seu local de trabalho.
Quando ouvi a história fiquei alguns segundos olhando para ela, imaginando cada momento da vida daquela jovem apenas alguns anos mais velha que eu (ela tinha 25 anos, e eu 22). Perguntei para ela:
L: Porque você não voltou para a casa de seus pais?
M: Eles não me aceitariam de volta nem como empregada se eu contasse o que tinha acontecido.
L: Aposto que eles mandariam comprar roupas novas para você e dariam uma festa pelo seu retorno (sorri, me lembrando de algo que eu havia lido antes, mas que só agora fazia sentido para mim).
M: Pode até ser, eu só sei que agora não posso mais trabalhar nisso. Cansei. Mas não posso morrer de fome e deixar meu filho faminto também. Preciso arrumar um emprego para criar meu filho.
L: Você não quer mesmo voltar para casa?
M: Eu não tenho coragem.
L: Se você quiser, eu posso ir com você.
M: Você faria isso?
L: É claro.
M: E como é que eu chego lá com um filho de quatro anos?
L: Acho que não vai ser fácil nem para você nem para eles, mas eles só querem você de volta.
M: Você nem os conhece, como sabe disso?
L: Eu não sei como, eu só sei.
Maria ainda passou alguns dias conosco, tomando coragem para voltar para a casa dos pais. Quando decidiu que iria, fomos verificar se os pais dela ainda moravam na mesma casa. Eles haviam se mudado, mas conseguimos achar o novo endereço.
Sete anos depois de abandonar seus pais, Maria vestiu sua melhor roupa, arrumou o pequeno Tiago, e então saímos. Maria estava nervosa, mas não pensava em desistir.
Batemos à porta da elegante casa dos parentes de Maria, que agora serão chamados Souza. Um garoto de 11 anos atendeu a porta. Maria começou a chorar. Era seu pequeno irmão, que tinha a idade de Tiago quando ela saiu de casa. O garoto não a reconheceu, mas foi chamar a mãe. A senhora Souza, quando viu a filha, começou a chorar junto com ela e, ao ver Tiago, pela semelhança, não duvidou que era seu neto. Ele estava no meu colo, então ela achou que eu era o namorado maluco que ela havia achado pelo caminho.
Entramos. Após longos abraços, choros e soluços, a família Souza sentou-se no sofá, Maria foi reapresentada ao irmão e em seguida contou tudo o que havia acontecido e porque resolvera voltar.
M: Eu não sei quem esse rapaz é, seu nome é Lot. Eu só sei que é meu salvador.
Eu aproveitei e expliquei que não era nenhum salvador, era um cara comum que havia sido contagiado por amor e por vontade de fazer o que é certo. E que esse amor e essa justiça só poderiam vir de um lugar, que em outra oportunidade explicarei melhor. A família Souza chorou e aceitou a mensagem que eu havia falado. Apesar do trauma que ficaria por muitos anos, era uma família transformada.
Eu fui para casa e deixei a família Souza rindo e conversando, depois que o senhor Souza anunciou que faria uma festa pelo retorno da filha. Aquele conceito de justiça que eu havia conhecido e apresentado a eles agora era parte de suas vidas.
Voltei andando vagarosamente para casa, pensando no que havia acontecido. De onde eu tinha conseguido tanta coragem? Como um simples gesto meu mudou a história não só de uma pessoa, mas de uma família inteira?
Eu viria a compreender essas coisas mais tarde, por meio de mais experiências. Eu resolvi que daquele dia em diante, iria espalhar a mensagem que recebi. E ia emprestar mais o meu videogame.
No dia seguinte, quando Maria e Tiago acordaram, eu levei o café-da-manhã para eles. Maria olhava para mim como se eu fosse um ET, mas estava muito contente. E para mim era isso que importava.
Levei Tiago ao meu quarto e o deixei brincando com o meu videogame. O mesmo que eu nunca deixei ninguém mexer. Ele nunca tinha visto um videogame antes, mas logo aprendeu a jogar e se divertia bastante. Então fui ao meu quarto, onde Maria passara a noite com Tiago (eu tinha dormido na sala), e ela me perguntou:
M: Porque?
L: Porque o que?
M: O que você quer em troca?
L: Em troca de que?
M: Ora, dessa bondade que você está tendo comigo e com meu filho.
L: Eu não quero nada em troca.
M: Isso é impossível. Ninguém faz nada de graça.
L: Eu não quero nada em troca. Só achei que vocês precisassem de ajuda.
M: É, nós precisamos, mas...é estranho. Não é comum. Eu não perguntei antes, qual o seu nome?
L: Lot.
M: Diferente.
L: É, um pouco. Está precisando de mais alguma coisa?
M: Não, quer dizer, sei lá. Não te conheço, mas confio em você. Posso desabafar mais um pouco? Contar porque eu fui parar nas esquinas?
L: Claro.
Maria me contou sua história. Foi uma longa conversa. Resumindo um pouco a história, ao contrário de muitas prostitutas, Maria nunca teve uma vida difícil, nunca foi abusada sexualmente por ninguém, tinha uma vida perfeita. Ela havia sido uma adolescente mimada a vida inteira. Tinha tudo o que queria, concluiu o ensino médio numa das melhores escolas da cidade. Quando fez 18 anos, resolveu fugir, sem motivo aparente, para “conhecer o mundo lá fora e curtir a vida”. Ela viajou para uma cidade distante e curtiu sua juventude com bebidas, festas, rapazes, e tudo o mais que ela achava inusitado e divertido. Pelo que ficou sabendo mais tarde, seus pais colocaram a polícia para procurá-la por um longo tempo, até a própria polícia dar o caso como sem solução, e encerrar as buscas. Seus pais então bloquearam todos os seus cartões de crédito e cancelaram sua conta no banco, o que a faliu completamente. Voltando à cidade, tentou pedir dinheiro na rua, até que um rapaz fez a “brilhante” sugestão de que ela poderia ganhar muito mais dinheiro como prostituta. E foi aí que ela começou a vender seu corpo pelas esquinas. Com o dinheiro que ganhava, conseguiu comprar um barracão num aglomerado relativamente próximo ao seu local de trabalho.
Quando ouvi a história fiquei alguns segundos olhando para ela, imaginando cada momento da vida daquela jovem apenas alguns anos mais velha que eu (ela tinha 25 anos, e eu 22). Perguntei para ela:
L: Porque você não voltou para a casa de seus pais?
M: Eles não me aceitariam de volta nem como empregada se eu contasse o que tinha acontecido.
L: Aposto que eles mandariam comprar roupas novas para você e dariam uma festa pelo seu retorno (sorri, me lembrando de algo que eu havia lido antes, mas que só agora fazia sentido para mim).
M: Pode até ser, eu só sei que agora não posso mais trabalhar nisso. Cansei. Mas não posso morrer de fome e deixar meu filho faminto também. Preciso arrumar um emprego para criar meu filho.
L: Você não quer mesmo voltar para casa?
M: Eu não tenho coragem.
L: Se você quiser, eu posso ir com você.
M: Você faria isso?
L: É claro.
M: E como é que eu chego lá com um filho de quatro anos?
L: Acho que não vai ser fácil nem para você nem para eles, mas eles só querem você de volta.
M: Você nem os conhece, como sabe disso?
L: Eu não sei como, eu só sei.
Maria ainda passou alguns dias conosco, tomando coragem para voltar para a casa dos pais. Quando decidiu que iria, fomos verificar se os pais dela ainda moravam na mesma casa. Eles haviam se mudado, mas conseguimos achar o novo endereço.
Sete anos depois de abandonar seus pais, Maria vestiu sua melhor roupa, arrumou o pequeno Tiago, e então saímos. Maria estava nervosa, mas não pensava em desistir.
Batemos à porta da elegante casa dos parentes de Maria, que agora serão chamados Souza. Um garoto de 11 anos atendeu a porta. Maria começou a chorar. Era seu pequeno irmão, que tinha a idade de Tiago quando ela saiu de casa. O garoto não a reconheceu, mas foi chamar a mãe. A senhora Souza, quando viu a filha, começou a chorar junto com ela e, ao ver Tiago, pela semelhança, não duvidou que era seu neto. Ele estava no meu colo, então ela achou que eu era o namorado maluco que ela havia achado pelo caminho.
Entramos. Após longos abraços, choros e soluços, a família Souza sentou-se no sofá, Maria foi reapresentada ao irmão e em seguida contou tudo o que havia acontecido e porque resolvera voltar.
M: Eu não sei quem esse rapaz é, seu nome é Lot. Eu só sei que é meu salvador.
Eu aproveitei e expliquei que não era nenhum salvador, era um cara comum que havia sido contagiado por amor e por vontade de fazer o que é certo. E que esse amor e essa justiça só poderiam vir de um lugar, que em outra oportunidade explicarei melhor. A família Souza chorou e aceitou a mensagem que eu havia falado. Apesar do trauma que ficaria por muitos anos, era uma família transformada.
Eu fui para casa e deixei a família Souza rindo e conversando, depois que o senhor Souza anunciou que faria uma festa pelo retorno da filha. Aquele conceito de justiça que eu havia conhecido e apresentado a eles agora era parte de suas vidas.
Voltei andando vagarosamente para casa, pensando no que havia acontecido. De onde eu tinha conseguido tanta coragem? Como um simples gesto meu mudou a história não só de uma pessoa, mas de uma família inteira?
Eu viria a compreender essas coisas mais tarde, por meio de mais experiências. Eu resolvi que daquele dia em diante, iria espalhar a mensagem que recebi. E ia emprestar mais o meu videogame.
sexta-feira, julho 11, 2008
O apóstolo Paulo e a questão do sofrimento - Parte I
O apóstolo Paulo foi um homem incrível. O "apóstolo dos gentios" escreveu a maior parte dos livros do Novo Testamento. Na verdade, poderia ficar dias falando sobre ele, poderia até escrever um livro sobre ele, pois sou fascinada pelo exemplo de homem que ele foi. Hoje vou me deter apenas sobre como ele tratava a questão do sofrimento.
Paulo era alguém que entendia sobre a questão do sofrimento, afinal, ele foi encarcerado diversas vezes, açoitado de modo muito severo, exposto à morte repetidas vezes. Cinco vezes recebeu dos judeus trinta e nove açoites. Três vezes foi golpeado com varas, uma vez apedrejado, três vezes sofreu naufrágio, passou uma noite e um dia exposto à fúria do mar. Enfrentou perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos de seus compatriotas, perigos dos gentios, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e perigos dos falsos irmãos. Trabalhou arduamente; muitas vezes ficou sem dormir, passou fome e sede, e muitas vezes ficou em jejum, suportou frio e nudez (2 Co 11:23-27)
Apesar de Paulo citar a palavra sofrimento três vezes em suas cartas (na versão João Ferreira de Almeida revista e atualizada), ele tratou desse assunto talvez mais do que qualquer outro, em suas epístolas.
Ele encarava o sofrimento, e ensinou isso em seus textos, como algo bom. Algo que nos aproximava de sermos como Jesus.
E para sermos como Jesus, que enfrentou mais sofrimentos que todos nós juntos, e enfrentou o pior de todos eles, o de não ser (realmente) ouvido por Deus, seu próprio Pai; temos que enxergar o sofrimento como dádiva divina, um instrumento para crescermos. Se o sofrimento é tentação para pecarmos, Deus não permitirá que soframos além de nossas forças (I Co 10:13).
"O homem que teme o sofrimento já está sofrendo pelo que teme."
(Michel de Montaigne)
Fiquem com Jesus=)
quarta-feira, julho 09, 2008
Leite e carne espirituais
"Dei-lhes leite, e não alimento sólido, pois vocês não estavam em condições" - I Co 3:2
Estava pensando sobre esse famoso texto das escrituras um dia desses. É bem claro que leite espiritual significa as bases da fé, o início da caminhada cristã e a carne (alimento sólido) significa mais aprofundamento, mais entendimento.
Mas analisando a maioria de meus amigos, os teólogos que eu leio, e a minha própria vida, tive um vislumbre sobre algo diferente a respeito desse versículo. Todos (ok, 99,9%, não devemos generalizar) passaram por um momento de "legalismo" no início da fé. É como dirigir um carro. Em suas primeiras aulas de auto-escola você se preocupa mto mais com a teecnica do que com o trânsito em si. O instrutor tem que te alertar a todo tempo. Ou seja, é como se no inicio, ficássemos preocupados apenas em seguir as liturgias cristãs, as doutrinas que aprendemos (certas ou não, é outra questão). Ao avançarmos na fé, como no trânsito, passamos a focar o cristianismo em si. Viver o cristianismo livre do engessamento teológico, livres para seguir Jesus, adaptamo-nos a seguir as liturgias e doutrinas automaticamente, não precisamos mais viver por elas. E ao passar do tempo selecionamos aquilo que achamos correto ou não, se vivemos de acordo com a Bíblia.
O que me entristece é saber que, muitas vezes, o número de crianças espirituais só aumenta, e daí os pastores só oferecem leite espiritual, o que leva a aumentar ainda mais o número de crianças espirituais. É um ciclo perigoso. E na falta de carne, até mesmo os adultos se alimentam de leite.
Mas que eles gostariam de um bom churrasco, isso gostariam.
O que me entristece é saber que, muitas vezes, o número de crianças espirituais só aumenta, e daí os pastores só oferecem leite espiritual, o que leva a aumentar ainda mais o número de crianças espirituais. É um ciclo perigoso. E na falta de carne, até mesmo os adultos se alimentam de leite.
Mas que eles gostariam de um bom churrasco, isso gostariam.
terça-feira, julho 08, 2008
Jesus ama os homossexuais
Discutir sobre homossexualismo é extremamente polêmico, mas esse texto está no rascunho há muito tempo (desde os tempos em que o blog chamava-se Menininha), e resolvi publicá-lo.
Jesus ama os homossexuais. Hoje em dia, parece que o homossexualismo virou a nova blasfêmia, o pecado imperdoável. Os homossexuais não tem direito ao arrependimento. Mas Jesus morreu por eles também. Assim como morreu pelos imorais, idólatras, adúlteros, ladrões, avarentos, alcoólatras, mentirosos e trapaceiros (I Co 6:9,10). Morreu por cada um de nós, pois todos somos pecadores (Rm 3:23).
Em 23 de Agosto de 2006, a coluna “Triunfo à tolerância”, de André Petry, na revista Veja, me fez pensar mais sobre o assunto. Alguns trechos: “o casamento homossexual é uma realidade no Canadá em alguns países da Europa, inclusive na católica Espanha, e será uma realidade no Brasil- mais cedo ou mais tarde. Trata-se de um avanço inevitável, como aconteceu com o divórcio ou o tabu da virgindade.” “ (...) ajude a desbloquear a legalização do casamento gay. Faria bem ao país. Ensinaria, aos socialmente conservadores, aos religiosos que identifiquem liberdade sexual como sinal do apocalipse, que a legalização é apenas uma reverência à diversidade e um triunfo da tolerância. Não faz mal a ninguém.”
Um fato é que o projeto de lei 122/2006 pode tornar parte desse trecho realidade. Pode ser que não dê em nada, mas se der vai ser um tanto quanto complicado. Postagens como essa poderiam me levar à prisão. Acho um absurdo. Se eu digo que não concordo com o homossexualismo, mas eu acredito que os homossexuais são pecadores que necessitam de arrependimento tanto quanto eu, tenho resguardado pela lei, meu direito de livre expressão, garantido pela constituição. Mas isso é assunto para outro dia.
A Bíblia é meu guia de vida, e, portanto, eu não me importaria de ser presa por segui-la. Desde o Antigo testamento, em Levíticos 18:22: "Não se deite com um homem como quem se deita com uma mulher; é repugnante", até o Novo, em Romanos 1:26-27: " Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão", Deus é claramente contra à prática do homossexualismo.
O homossexualismo, ao meu ver, e ao contrário da opinião de Petry, faz mal sim a muita gente, e não representa avanço nenhum. Faz mal às famílias deles, faz mal a eles próprios, quando não se previnem e contraem doenças (não é uma regra, mas estatisticamente, os homossexuais são uns dos mais atingidos pelas DSTS). E, para concluir porque sou contra a prática do homossexualismo, devo dizer que ele é antinatural. Se fosse uma coisa natural, como a relação entre homem e mulher, os casais de homossexuais poderiam reproduzir-se, o que não acontece.
Há diversos versículos na Bíblia em que é exposto a aversão de Deus a outros pecados. O que estou dizendo não é que devamos aceitar o homossexualismo enquanto prática, mas devemos aceitar os homossexuais, assim como aceitamos o mentiroso, o ladrão, o idólatra, uma vez arrependidos.
Jesus ama a todos, sem fazer distinção de pecados.
Temos que parar com essa bobagem de condenar os homossexuais como endemoniados, e absolver a culpa de outros pecados. Deus não faz escala de pecados. Para ele, é tudo igual.
A nossa atitude de negar os homossexuais, dizendo que todos vão para o inferno, leva às pessoas a generalizarem e condenarem não só os cristãos, como o cristianismo como um todo (Rm 2:24). Aqueles que transmitiram a mensagem de Deus com amor, só trouxeram mais homossexuais para Cristo. A não ser que tenhamos tanta raiva dos homossexuais que os queiramos realmente no inferno, essa deveria ser a nossa atitude: condenar o pecado, mas amar o pecador.
Acho que temos que pensar a respeito disso.
segunda-feira, julho 07, 2008
O diário de Lot
O começo - Parte I
" Pois, vivendo entre eles, todos os dias aquele justo se artomentava em sua alma justa por causa das maldades que via e ouvia".
Olá, meu nome é Lot. Sou uma pessoa comum, assim como você. Um jovem com sonhos, anseios, medos e tristezas. Porém, há algum tempo, ouvi falar de um conceito de justiça que mudou meu modo de agir e pensar.
O primeiro capítulo desse diário (se é que posso cahamar assim) começa numa esquina. Eu havia sido impactado por aquela mensagem a que me referi antes,e estava caminhando de volta para casa, quando vi uma moça chorando. Pela pouca roupa, suspeitei ser uma prostituta. Ainda que temeroso no início (seria o primeiro passo para mudar minha história inteira), fui conversar com ela.
Assustada, a moça, que a partir de agora chamarei de Maria, limpou as lágrimas, disse que era 30R$, e já ia se colocando de pé, quando eu a interrompi dizendo que podia permanecer sentada. Perguntei se poderia conversar com ela. Naquele momento ela olhou-me estranhamente, como se tivesse ouvido algo totalmente inédito, pelo menos vindo de um suposto cliente. Um pouco hesitante ela assentiu com a cabeça.
Então eu perguntei (a partir de agora, quando eu utilizar diálogos, M significa Maria e L significa Lot):
L: Porque você está chorando?
M: Porque você quer saber? Eu já disse que o programa é 30R$.
L: Calma! Eu só quero saber se posso ajudar com alguma coisa.
M: Ajudar? AJUDAR? (acho que nesse momento as colegas de Maria olharam muito bravas para mim, fiquei pensando se tinha sido a melhor escolha, sentar ali com Maria). Como você poderia me ajudar? Toda noite eu bato ponto aqui. Já atendi homens casados, com filhos, jovens que terminaram o namoro - ou não - solteiros, bêbados, drogados. Esses dois últimos nem tanto, e quando vem, costumam sair me devendo, eu evito atender esse tipo de gente (nesse momento as colegas de Maria - ainda bem - não pensavam em me bater mais, e cada uma tinha ido, ahn, digamos, trabalhar). Numa dessas, um pai de família, um empresário muito bem de vida, que sempre que brigava vinha me procurar, me engravidou.
Ela se calou e olhou para mim com os olhos cheios d'água. Eu estava assustado. Primeiro, era tarde e logo minha mãe poderia me ligar. O que eu diria? "Não mamãe, pode ficar tranquila que eu já estou chegando, estou sentado numa esquina, conversando com uma prostituta". E, segundo, eu estava sentado numa esquina conversando com uma prostituta. Eu nunca tinha feito isso antes. Mas eu senti que deveria falar algo, então arrisquei:
L: Ele assumiu o filho?
Bom, claro que dava para perceber que eu era novo no negócio. Perguntar para uma prostituta se um empresário rico havia assumido um filho feito num programa de 30R$? Eu esperava um "não" bem seco, ou um tapa pela ironia da pergunta, ou qualquer outra coisa, mas a resposta dela me surpreendeu:
M: Foi como se eu trabalhasse numa empresa de construção ilegal e quebrasse a perna no serviço. No contrato imaginário estaria escrito que quem paga pelos acidentes de trabalho é o próprio trabalhador, ainda que sem condições de trabalhar para arcar com isso. Foi isso, um acidente de trabalho. Só que agora eu tinha que continuar trabalhando para sustentar a mim e mais alguém.
Dessa vez, fui eu que emudeci. Acidente de trabalho numa empresa ilegal? Não sei se pela explicação dela, mas senti como se eu estivesse na pele dela naquele momento. Eu segurei as lágrimas dentro dos olhos e perguntei:
L: É por isso que está chorando?
M: Não, eu continuei trabalhando até o moleque nascer. Ganhava até mais dinheiro. Tem cliente que gosta de mulher grávida, daí paga mais. Durante o dia eu fico com o menino, e durante à noite ele dorme no barraco sozinho enquanto eu venho trabalhar. É assim desde que ele era bebê. Eu cubro ele, tranco bem o barraco, deixava a chave com a vizinha quando ele era mais novo, agora deixo com ele mesmo. Ele já tá com quatro anos.
Engoli seco ("Já" tá com quatro anos!) e continuei:
L: Então o que foi?
M: Eu engravidei de novo e - ai que frio!
L: Pega minha blusa.
M: Não, não precisa.
L: Por favor, eu insisto.
M: Tá bom. Então, eu engravidei de novo, de um drogado. Ele me pagou bem, por isso aceitei. Drogado e bêbado só se for dinheiro na hora, e muito dinheiro Quando ele ficou sabendo que eu tinha engravidado ele me ameaçou, e ameaçou meu filho. Eu resolvi tirar.
L: Tirar?
M: É, tirar o menino, abortar. Eu resolvi tirar, eu já tava de cinco meses quando ele descobriu. Eu quase morri, mas estou aqui trabalhando de novo. Mas eu não...
Maria começou a chorar novamente. Eu não sabia o que dizer, então a abracei. Ela chorou mais ainda - o que me levou a pensar que eu tivesse feito algo errado - mas logo ela se acalmou e continuou:
M: ... eu não consigo esquecer que eu tirei uma vida. Eu matei alguém. E ia ser meu filho. E o drogado ainda ameaça meu menino e eu. Falou com o chefe que eu tenho que parar de trabalhar aqui, senão ele mata o menino. Eu vou embora, mas vou morrer de fome. Eu e o menino.
L: Mas...ahn...porque você veio hoje?
M: Isso foi hoje, foi agora. Foi agora que aquele drogado veio aqui me ameaçar.
Olhamos um para o outro e fomos correndo para o morro onde Maria vivia com o filho. Queríamos saber se ele estava bem. A essa altura do campeonato, se minha mãe ligasse eu nem me importaria mais em dizer que estava no morro, resolvendo o problema de uma prostituta. "Eu te explico quando chegar", eu diria. O importante era saber como estava o filho de Maria, que ficará conhecido como Tiago.
Chegando lá o pequeno Tiago estava muito bem. Aliás, quase bem, porque ele se assustou em ver a mãe assustada, e comigo do lado. Ela pegou o menino no colo e me disse:
M: Olha, eu nem te conheço, nem sei seu nome, mas se você me ajudar a sair daqui eu te passo o dinheiro da semana inteira.
L: Vamos, você vai comigo. Mas não quero que me pague nada. Você precisa desse dinheiro.
Maria pensou em deixar um bilhete para a vizinha, mas, dadas às circunstâncias, achou que era mais seguro para todos apenas ir embora.
Ao chegar em casa, eu abri a porta e minha mãe me esperava na sala. Ela não teve tempo de me xingar, pois logo em seguida entrou Maria. Peguei um pijama da minha mãe, entreguei para Maria e falei para ela tomar um banho, e dar um banho no pequeno Tiago também. Ela estava muito constrangida, mas estava muito cansada também. Logo após o banho ela e Tiago adormeceram.
Expliquei (tremendo de medo) tudo para minha mãe, inclusive do que tinha acontecido antes de me encontrar com Maria. Ela pegou minhas mãos, olhou nos meus olhos e disse: "Eu te amo! Você deve estar cansado, vá dormir". E foi o que eu fiz.
Continua...
" Pois, vivendo entre eles, todos os dias aquele justo se artomentava em sua alma justa por causa das maldades que via e ouvia".
Olá, meu nome é Lot. Sou uma pessoa comum, assim como você. Um jovem com sonhos, anseios, medos e tristezas. Porém, há algum tempo, ouvi falar de um conceito de justiça que mudou meu modo de agir e pensar.
O primeiro capítulo desse diário (se é que posso cahamar assim) começa numa esquina. Eu havia sido impactado por aquela mensagem a que me referi antes,e estava caminhando de volta para casa, quando vi uma moça chorando. Pela pouca roupa, suspeitei ser uma prostituta. Ainda que temeroso no início (seria o primeiro passo para mudar minha história inteira), fui conversar com ela.
Assustada, a moça, que a partir de agora chamarei de Maria, limpou as lágrimas, disse que era 30R$, e já ia se colocando de pé, quando eu a interrompi dizendo que podia permanecer sentada. Perguntei se poderia conversar com ela. Naquele momento ela olhou-me estranhamente, como se tivesse ouvido algo totalmente inédito, pelo menos vindo de um suposto cliente. Um pouco hesitante ela assentiu com a cabeça.
Então eu perguntei (a partir de agora, quando eu utilizar diálogos, M significa Maria e L significa Lot):
L: Porque você está chorando?
M: Porque você quer saber? Eu já disse que o programa é 30R$.
L: Calma! Eu só quero saber se posso ajudar com alguma coisa.
M: Ajudar? AJUDAR? (acho que nesse momento as colegas de Maria olharam muito bravas para mim, fiquei pensando se tinha sido a melhor escolha, sentar ali com Maria). Como você poderia me ajudar? Toda noite eu bato ponto aqui. Já atendi homens casados, com filhos, jovens que terminaram o namoro - ou não - solteiros, bêbados, drogados. Esses dois últimos nem tanto, e quando vem, costumam sair me devendo, eu evito atender esse tipo de gente (nesse momento as colegas de Maria - ainda bem - não pensavam em me bater mais, e cada uma tinha ido, ahn, digamos, trabalhar). Numa dessas, um pai de família, um empresário muito bem de vida, que sempre que brigava vinha me procurar, me engravidou.
Ela se calou e olhou para mim com os olhos cheios d'água. Eu estava assustado. Primeiro, era tarde e logo minha mãe poderia me ligar. O que eu diria? "Não mamãe, pode ficar tranquila que eu já estou chegando, estou sentado numa esquina, conversando com uma prostituta". E, segundo, eu estava sentado numa esquina conversando com uma prostituta. Eu nunca tinha feito isso antes. Mas eu senti que deveria falar algo, então arrisquei:
L: Ele assumiu o filho?
Bom, claro que dava para perceber que eu era novo no negócio. Perguntar para uma prostituta se um empresário rico havia assumido um filho feito num programa de 30R$? Eu esperava um "não" bem seco, ou um tapa pela ironia da pergunta, ou qualquer outra coisa, mas a resposta dela me surpreendeu:
M: Foi como se eu trabalhasse numa empresa de construção ilegal e quebrasse a perna no serviço. No contrato imaginário estaria escrito que quem paga pelos acidentes de trabalho é o próprio trabalhador, ainda que sem condições de trabalhar para arcar com isso. Foi isso, um acidente de trabalho. Só que agora eu tinha que continuar trabalhando para sustentar a mim e mais alguém.
Dessa vez, fui eu que emudeci. Acidente de trabalho numa empresa ilegal? Não sei se pela explicação dela, mas senti como se eu estivesse na pele dela naquele momento. Eu segurei as lágrimas dentro dos olhos e perguntei:
L: É por isso que está chorando?
M: Não, eu continuei trabalhando até o moleque nascer. Ganhava até mais dinheiro. Tem cliente que gosta de mulher grávida, daí paga mais. Durante o dia eu fico com o menino, e durante à noite ele dorme no barraco sozinho enquanto eu venho trabalhar. É assim desde que ele era bebê. Eu cubro ele, tranco bem o barraco, deixava a chave com a vizinha quando ele era mais novo, agora deixo com ele mesmo. Ele já tá com quatro anos.
Engoli seco ("Já" tá com quatro anos!) e continuei:
L: Então o que foi?
M: Eu engravidei de novo e - ai que frio!
L: Pega minha blusa.
M: Não, não precisa.
L: Por favor, eu insisto.
M: Tá bom. Então, eu engravidei de novo, de um drogado. Ele me pagou bem, por isso aceitei. Drogado e bêbado só se for dinheiro na hora, e muito dinheiro Quando ele ficou sabendo que eu tinha engravidado ele me ameaçou, e ameaçou meu filho. Eu resolvi tirar.
L: Tirar?
M: É, tirar o menino, abortar. Eu resolvi tirar, eu já tava de cinco meses quando ele descobriu. Eu quase morri, mas estou aqui trabalhando de novo. Mas eu não...
Maria começou a chorar novamente. Eu não sabia o que dizer, então a abracei. Ela chorou mais ainda - o que me levou a pensar que eu tivesse feito algo errado - mas logo ela se acalmou e continuou:
M: ... eu não consigo esquecer que eu tirei uma vida. Eu matei alguém. E ia ser meu filho. E o drogado ainda ameaça meu menino e eu. Falou com o chefe que eu tenho que parar de trabalhar aqui, senão ele mata o menino. Eu vou embora, mas vou morrer de fome. Eu e o menino.
L: Mas...ahn...porque você veio hoje?
M: Isso foi hoje, foi agora. Foi agora que aquele drogado veio aqui me ameaçar.
Olhamos um para o outro e fomos correndo para o morro onde Maria vivia com o filho. Queríamos saber se ele estava bem. A essa altura do campeonato, se minha mãe ligasse eu nem me importaria mais em dizer que estava no morro, resolvendo o problema de uma prostituta. "Eu te explico quando chegar", eu diria. O importante era saber como estava o filho de Maria, que ficará conhecido como Tiago.
Chegando lá o pequeno Tiago estava muito bem. Aliás, quase bem, porque ele se assustou em ver a mãe assustada, e comigo do lado. Ela pegou o menino no colo e me disse:
M: Olha, eu nem te conheço, nem sei seu nome, mas se você me ajudar a sair daqui eu te passo o dinheiro da semana inteira.
L: Vamos, você vai comigo. Mas não quero que me pague nada. Você precisa desse dinheiro.
Maria pensou em deixar um bilhete para a vizinha, mas, dadas às circunstâncias, achou que era mais seguro para todos apenas ir embora.
Ao chegar em casa, eu abri a porta e minha mãe me esperava na sala. Ela não teve tempo de me xingar, pois logo em seguida entrou Maria. Peguei um pijama da minha mãe, entreguei para Maria e falei para ela tomar um banho, e dar um banho no pequeno Tiago também. Ela estava muito constrangida, mas estava muito cansada também. Logo após o banho ela e Tiago adormeceram.
Expliquei (tremendo de medo) tudo para minha mãe, inclusive do que tinha acontecido antes de me encontrar com Maria. Ela pegou minhas mãos, olhou nos meus olhos e disse: "Eu te amo! Você deve estar cansado, vá dormir". E foi o que eu fiz.
Continua...
sábado, julho 05, 2008
LDU é campeão da Libertadores
Como boa São Paulina que sou, torci secretamente para a derrota do Fluminense na final da Libertadores. Afinal, queria muito ser novamente campeã da taça, mas o Fluminense impediu esse momento. Os brasileiros deveriam ter se juntado e torcido para o São Paulo contra o Fluminense, afinal, o meu time ser campeão novamente ia aumentar o status do futebol do Brasil, que anda lá embaixo ultimamente.
Achei que ia ficar muito feliz com a derrota, mas no fundo no fundo descobri que meu coração de brasileira queria que o Fluminense ganhasse. Acabei ficando decepcionada. Decepcionada comigo, por ter torcido contra por vingança, e com o Fluminense, que nem conseguiu salvar a honra do Brasil após o fiasco do empate com a Argentina aqui mesmo, em BH.
A vida é assim mesmo. Às vezes a gente ganha, às vezes a gente perde...
Achei que ia ficar muito feliz com a derrota, mas no fundo no fundo descobri que meu coração de brasileira queria que o Fluminense ganhasse. Acabei ficando decepcionada. Decepcionada comigo, por ter torcido contra por vingança, e com o Fluminense, que nem conseguiu salvar a honra do Brasil após o fiasco do empate com a Argentina aqui mesmo, em BH.
A vida é assim mesmo. Às vezes a gente ganha, às vezes a gente perde...
Assinar:
Postagens (Atom)