quinta-feira, agosto 29, 2013

Graça, justiça, pecado e perdão


Durante uma das palestras do Philip Yancey no Wild Goose Festival ele contou sobre uma fila de supermercado que enfrentou. Era um caixa rápido e alguém que estava com mais itens que o permitido. O sistema saiu do ar, alguém pagou com cheque e o inglês da atendente não era dos melhores.

Seu instinto natural foi de querer reclamar do homem e pensar mal da moça. Mas uma de suas orações diárias é que Deus o ajude a enxergar as pessoas como Ele as vê. Resumindo a história, ele foi super simpático com a moça e alegrou o dia dela.

A graça é ilógica e, por isso, não é nada fácil de ser colocada em prática. No momento em que escrevo esse texto acabo de ler uma notícia: um garotinho chinês teve seus globos oculares arrancados possivelmente para tráfico de órgãos. De família pobre, o menino tem fissura lábiopalatina, o que pode ter sido o motivo para ter sido escolhido como alvo.

O garoto ainda não entendeu o que está acontecendo. "Ele perguntou por que estava escuro e por que ainda não havia amanhecido", contou um tio dele (Fonte: G1).

A reação inicial de qualquer um é querer arrancar os olhos de quem fez isso, ou até pior. Mas não é assim que a graça nos ensina a agir.

Sua ação ilógica, desconfortável e até escandalosa, é o perdão. É eu querer orar não só pelo menininho que provavelmente vai ter um futuro bem difícil depois dessa barbárie, mas orar também pelo agressor.

Não é fácil, não é natural. Chega a ser injusto. Mas Deus perdoou criminosos à beira da morte e condenou religiosos com altos padrões de moral. Dá até pra entender os que condenam o cristianismo de injusto quando se vê por essa perspectiva.

Não estou dizendo que a agressora não deve pagar pelo seu crime. As consequências desse ato hediondo, entretanto, são de responsabilidade da justiça humana. O fato de recebermos o perdão, por qualquer pecado que seja, não nos livra de enfrentar as consequências do que fizemos - elas servem inclusive como forma de ensino.

O preço da salvação, para todos, é um só e sem direito a cupom de desconto - a perfeição. Nenhum ser humano é, foi ou será de capaz de atingi-lo. Então Deus, por sua infinita misericórdia, se tornou humano como nós, morreu a morte que nos estava reservada por meio de Jesus Cristo. Ele nos salvou da perdição certa.

Devemos viver a vida em eterna gratidão à essa graça. Ainda que ela venha a ultrajar nosso senso de justiça.

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