"Conheço tuas obras, sei que não és frio nem quente. Antes fosse frio ou quente! Assim, porque tu és morno, e não és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca. Porque tu dizes: Sou rico, tenho prosperado e nada me falta, mas não sabes que és infeliz, miserável, pobre, cego e nu" - Ap 3:15-17
Uma das cartas mais famosas, a carta à Igreja em Laodiceia é conhecida por diversos cristãos. É interessante observar o contexto em que esse versículo foi usado. As cidades vizinhas à Laodiceia, Hierápolis e Colossos, tinham fontes de água. As de Hierápolis eram quentes, portanto importante para tratamentos médicos; as de Colossos eram frias, ideais para beber. As águas de Laodiceia, entretanto, eram mornas e não tinham utilidade alguma, a não ser dar ânsia de vômito.
O versículo 17 é pouquíssimo citado nas pregações sobre a igreja de Laodiceia, entretanto é de suma importância. A igreja de Laodiceia sofria do pecado de autossuficiência. Eles se consideravam salvos simplesmente por não dependerem de ninguém, por terem dinheiro. A igreja foi destruída por um terremoto, e foi reerguida com recursos próprios, sem ajuda do governo de Roma, o que os fez ter ainda mais orgulho. Achavam que a bênção de Deus estava com eles simplesmente porque exteriormente eles eram abençoados. Voltamos, portanto, ao assunto reputação x caráter, citado nas duas cartas anteriores.
Essa igreja não tinha poder de curar nem de matar sede, voltando à nossa analogia. Eles não se preocupavam com as pessoas, mas com o dinheiro que tinham, com seu status. Ela não trazia as pessoas para Cristo, nem edificava aqueles que estavam nela. Era mais uma igreja que estava viva, mas na verdade estava morta.
"Infeliz, miserável, pobre, cego e nu" é o estado de todo ser humano. Só saímos desse estado quando aceitamos a maravilhosa graça de Cristo, que nos torna plenos, felizes, nos faz verdade, cobre as nossas iniquidades. Saímos de um estado de humilhação para sermos exaltados em Cristo. E glorificamos a Deus por nos satisfazermos nEle. A igreja de Laodiceia, entretanto, achava que não precisava disso, porque não reconhecia esse estado pecador.
A teologia da prosperidade também faz isso. Ela faz a pessoa que tem posses acreditar que é aceita por Deus, por causa das posses; e faz a pessoa que não tem posses acreditar que é rejeitada por Deus, pela ausência de posses. Na verdade todos nós somos infelizes, miseráveis, pobres, cegos, nus e não podemos fazer nada para mudar isso. Nossa conta bancária não determina o quão cheio de Deus somos ou não.
Para resumir o estudo das cartas, que não aceitemos falsas doutrinas entre nós, mas combatamos aquilo que corrompe o evangelho, sem perder o primeiro amor. Preocupemo-nos em desenvolver nosso caráter, não nossa reputação. Confiemos na graça de Deus, e não em nossas forças ou posses. Sejamos instrumentos de cura nas mãos de Deus, pessoas que mostrem onde a sede espiritual pode ser saciada. Sejamos felizes, porque Ele nos faz feliz, extraordinários, plenos enfim.
Em alguns dos estudos das Cartas eu me baseei em informações retiradas do site Estudos Bíblicos, recomendo a visita.