2010 não foi o melhor ano que já vivi. Infelizmente posso dizer que foi o pior, de longe o pior, ano que já vivi.
Mas, sei lá bem porque, resolvi fazer uma retrospectiva positiva. Porque apesar de ter sido péssimo, estou aqui no final do ano escrevendo essa retrospectiva não estou? Então esse deve ser um bom sinal.
Está certo que em um ano ruim como esse é difícil levantar fatos positivos para escrever uma retrospectiva positiva, mas, apesar disso, vou fazer. Até porque a retrospectiva é minha e eu bem sei que dois ou três fatos positivos podem até não compensar vinte mil negativos, mas prefiro citá-los a ficar aqui me lamentando por tudo de ruim que aconteceu. Não que isso - se lamentar - seja algo ruim, mas é que por decisão própria decidi não terminar o ano assim.
Deus me conhece bem, e sabe que me lamentei infinitas vezes com ele sobre esse ano, mas aqui estou eu, de cabeça erguida, pronta para enfrentar 2011, mesmo que seja para enfrentar outro ano ruim (o que eu acredito, ou espero, ou espero e acredito, que não vá acontecer. Considerando que seria o quinto ano do início de uma sequência de anos ruins terminou em 2010, vamos esperar que 2011 seja diferente).
Enfim,
em 2010 eu consegui um emprego, dois, na verdade. Um nas férias, que me ensinou a trabalhar, e outro de março a novembro, quando me demiti. Papai diz que foi irresponsabilidade, porque tenho que pagá-lo ainda pelo notebook que comprei (eis aí outra coisa boa, porque ele me deu muito mais liberdade e independência criativa), mas eu realmente acredito que o negócio da mamãe vai dar certo. E então na verdade são três empregos.
Aproveitando a deixa então, consegui me formar. Em 2009 sair da UFMG parecia algo mais surreal do que parecia em 2006, quando comecei o curso. É coisa de quem repete duas matérias e tem um ano atrasado, eu sei, mas era mesmo real. Entretanto, eu consegui e aqui estou eu bacharel em Fonoaudiologia pela Universidade Federal de Minas Gerais formada na XV turma (coisa bacana de ter atrasado, apesar da turma de coração ser a XIII, quinze é um número bem mais bacana que treze, convenhamos). E um dia depois da minha colação de grau consegui um paciente para atendimento domiciliar. (eis aí o quarto emprego)
E já que estamos falando de conquistas, fiquei noiva. Outra coisa que parecia muito surreal desde junho do último ano quando o senhor (senhorito, se existisse essa palavra, por enquanto) Giovanni e eu fomos conversar com nossos pais e abrir o jogo sobre nosso sonho de casar. Nós, na época então desempregados e endividados, levantamos certa desconfiança, mas eles resolveram acreditar no conto de fadas que estávamos contando. Daí no dia 18 de novembro, dia do nosso aniversário de dois anos de namoro, ganhamos (ganhei, no caso) 1Up e um anel dourado com um desejo de vida longa e próspera (\\//_). E nosso sonho agora parece muito mais real, apesar de não termos ainda não tenhamos um emprego de verdade para realizá-lo - mas essa retrospectiva é para falar de coisas boas.
Continuando a série de conquistas, minha mãe finalmente montou seu próprio negócio e está vendendo marmitas, empadões e lasanhas para o bairro. Isso ainda vai ser grande no Brasil, e eu estou ajudando. E mamãe e papai completaram 25 anos de casado, com direito a aliança bonita e tudo.
Meu irmão passou de ano, o que, se tratando do meu irmão, mesmo nunca tendo levado uma bomba, é um milagre. E até prometeu que ano que vem toma jeito. Bem, se tudo isso aconteceu porque não acreditar que possa virar verdade essa promessa, não é mesmo?
Bem, é isso, apesar de tudo de tão ruim que aconteceu, estou viva. E sei que 2011 vai ser melhor. Mesmo que ainda tenham dificuldades, é o ano que vou começar a trabalhar como fonoaudióloga, vou ter um carro, meu maninho vai vir pra BH com sua família e eu também vou organizar meu casamento, então há de ser um ano bom.
Créditos da imagem: Priscila Freitas