sexta-feira, abril 27, 2007

Simples assim


Nós temos a mania de complicar muito nossas vidas, especialmente quando começamos a crescer. Os estudos tomam conta dos nossos seres de forma tão incrível que não recorremos mais ao simples e óbvio. Para muitas coisas na vida isso é extremamente necessário, mas quando se trata de vida espiritual deveríamos ser como meu irmão, numa cena que presenciei ontem à noite.
Irei resumir a história. Na quarta-feira,25,o cachorro da casa da minha tia fugiu sem ninguém perceber. Todos ficaram tristes, tem 10 anos que ele vive conosco (vivo numa casa de dois andares, a de baixo é da minha tia), mas ninguém ficou tão abatido quanto meu irmão. Ontem não estava passando muito bem, então pedi a ele que lesse a Bíblia pra mim, em voz alta, e que antes fizesse uma oração. Aqui está ela: "Meu Deus e meu Pai, abençoe pra que eu entenda sua palavra, letra por letra, vírgula por vírgula, abençoe meu pai, minha mãe, a Dani e eu. E traz o Tobi de volta. Em nome de Jesus, amém". Eu fiquei a pensar naquela oração por um longo tempo, quando ouço lá de baixo minha prima comemorando a volta do Tobi. Meu primo o achou e, veja só seu relato: "eu estava jogando videogame, quando algo me disse pra ir lá fora. Como estava no meio da partida, terminei, e quando fui lá fora, o Tobi estava lá. Eu então abri o portão e o coloquei pra dentro".
Devemos perder o medo de conversar com Deus, de sermos sinceros com Ele.Muitas vezes transformamos a oração num momento de puro tradicionalismo e religiosidade, e, na verdade, nem falamos com Deus nesse momento, apenas enchemos nossos egos, nos orgulhando de nossa cultura e erudismo. E quando o Papai não nos responde nos indignamos, dizendo que Ele se esqueceu de nós, nos abandonou, muitas vezes chegamos ao ponto de questionar nossa fé.
O problema está conosco, nós nos perdemos na religiosidade e colocamos a culpa em Deus. Ele quer nos ouvir chorando pedindo nosso cachorrinho de volta, e nós temos medo de expor nossas emoções para Ele, colocamos uma máscara e fazemos uma bela oratória, mas sem nada de emoção nela. Isso quando os afazeres da vida não nos deixa imóveis, mortos espiritualmente, e nem nos esforçamos pra orar.
Deus não acha nenhum pedido sincero bobo demais. As pessoas podem achar besteira "incomodar" Deus com nosso pequenos problemas, mas Ele adora nos ouvir. Ele é Pai, e tem prazer em atender nossas petições. Ele se delicia em olhar para o nosso rosto brilhando quando um sonho é realizado. O Seu maior prazer é nos ver felizes. E com isso não quero apoiar que seremos felizes sempre, pois provas se fazem necessárias e as tentações são reais, mas em tudo isso, "somos mais do que vencedores em Cristo Jesus, nosso Senhor".
Resumindo: o academicismo não faz de ninguém mais sábio, se não for acompanhado de humildade, fé em Deus e amor pelo mundo.
Para encerrar, deixo aqui a música de David Quinlan, que traduz tudo isso que tentei explicar aqui:
"Quero ser como criança
Te amar pelo que és
Voltar à inocência
E acreditar em Ti
Mas às vezes sou levado
Pela vontade de crescer
Torno-me independente
E deixo de simplesmente crer
Não posso viver, longe do Teu amor, Senhor
Não posso viver, longe do Teu afago, Senhor
Não posso viver, longe do Teu abraço, Senhor
Abraça-me
Com Teus braços de amor"
De alguém que prometeu pra Deus ser sempre a menininha dEle.

8 comentários:

Anônimo disse...

Acho engraçado um deus que traz cachorros de volta mas deixa uma criança ser arrastada pelo asfalto, isso pra citar um exemplo. Talvez se os pais pedissem para ressucitá-lo, quem sabe?

Dani Lucas disse...

Olá senhor b.m.,
como bom estudioso da Bíblia que é (já que tem conhecimentos profundos do caráter de Deus), gostaria que considerasse esse texto, uma declaração da igreja Betesda, do Ceará:
"Não cremos em um Deus que faz acepção de pessoas ou mesmo se reduz à experiência de um apenas. Se Deus fez ontem, ele pode fazer hoje. Se Deus fez com o americano, faz também com o africano. Se agiu no desabamento de uma casa, age também no Tsunami. Não podemos acreditar que no mesmo instante que o garoto João Hélio, tragicamente assassinado no Rio de Janeiro, filho de um crente a caminho de uma programação de evangelização, foi vítima da violência e, do outro lado do Brasil, alguém divulgue que porque é fiel a Deus no dízimo e nunca sai de casa sem orar, Deus o livrou de um assalto. Esse não é o Deus da Bíblia. O Deus da Bíblia é o que não faz acepção de pessoas. Ama a todos igualmente. Abençoa a todos igualmente.
Por essas razões, temos pregado uma mensagem que inspire as pessoas a levarem a sério sua liberdade (Tg 2.12-13). A não se esconderem por trás de desculpas ou ritos (Gl 6.7-10).
Não cremos em um Deus que escolhe alguns para a salvação e outros para o condenação. Cremos em um Deus que a todos ama e a todos quer salvar (Tt 2.11-14). "
Daí você poderia dizer que estou me contradizendo, já que atribui a Deus a volta do Tobi. Bem, foi uma situação que vivi, caro amigo, realmente creio que foi uma crueldade o que houve com o garoto João Hélio, mas lembremos da liberdade que o homem tem para conduzir seu caminho, infelizmente, esses monstros resolveram tomar esse rumo para suas vidas e o garoto inocente sofreu as conseqüências. Nós optamos também por aquilo que cremos. O que houve com meu irmão pode ter sido pra você uma simples coincidência, e, como você leu, para mim não foi. Simplesmente cremos em coisas diferentes. Parabéns por conseguir viver nesse mundo maluco que vivemos sem crer que existe um Deus, você tem uma fé bem maior que a minha.
Abraços,

Anônimo disse...

Mesmo que eu fosse estudioso, o caráter de deus é relativo a qual livro da bíblia lemos. O mesmo deus que assassinou todos os primogênitos do Egito é o que, por meio de Jesus, fazia aleijados andarem. O mesmo que mandou que Isaac matasse seu próprio filho é aquele que ressucita uma criança. Temos a tendência de absorver a parte que nos cabe melhor; deus nunca foi piedoso até o novo testamento, e basta chegar o Apocalipse para que ele destrua tudo como se jogasse The Sims.
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Cremos, sim, em coisas diferentes, mas eu não sei porque isso encerra uma discussão. Se alguém cresse que a terra é quadrada - por exemplo - e dissesse: essa é a minha fé! Estaria encerrada a conversa, e a terra seria quadrada?
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Mas eu não quis te ofender em momento algum, então me desculpe se o fiz. Para terminar: deus não é necessário, por isso dá pra viver sem ele. Os ideais de Jesus são bons mesmo sem trasncedência divina, e o mundo continua bom e ruim mesmo que eu reze, todo tipo de ação é humana, e não espiritual. Deus não é necessário.
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Desculpe de novo. Tchau.

Dani Lucas disse...

Caro b.m.,
de maneira nenhuma me ofendeu e de maneira nenhuma a conversa está encerrada, podemos prolonga-la o quanto for necessário.
Quanto aos primogênitos do Egito, lembremo-nos de que o faraó matou todos os primogênitos israelitas, sendo que Moisés foi o sobrevivente dessa chacina. A morte dos primogênitos egípcios poderia ter sido evitada por esse mesmo faraó, que foi egoísta, querendo prender o povo israelita em sua terra e não pensou nas conseqüências disso nem para seu próprio povo. Na época vigorava a lei do "olho por olho e dente por dente". Há ainda que se considerar que naquela época não havia nem a lei mosaica ainda, portanto, como diria a lei: ninguém pode ser penalizado por ato que não seja previsto por lei anterior. Portanto, ainda que fosse culpa de Deus a morte dos primogênitos (porque faraó teve sua escolha), Ele seria "absolvido" pelo Direito.
E a respeito de Isaque, vale ressaltar que ele não foi morto, pois Deus providenciou um sacrifício em seu lugar. Nesses dois casos o Velho Testamento complementa o Novo, uma vez que o sangue aspergido na porta dos israelitas que salvou seus primogênitos, representa que o sangue de Jesus derramado na cruz nos livrou da morte que o pecado traz e o cordeiro (no caso de Isaque) representa o próprio Cristo, o cordeiro que foi sacrificado em nosso lugar.
Eu realmente quando falei que te admirava pela sua fé é exatamente por isso, por você conseguir enxergar que o mesmo ser humano que destrói o mundo consegue mante-lo de pé. Consegue explicar que o mesmo ser humano que mata crianças é aquele que promove campanhas beneficientes ao redor do mundo. Incrível crer que o ser humano tem todo esse poder, minha fé é menor, eu creio que há um legislador nesse mundo louco, que mantém tudo em ordem, apesar do caos aparente. Jesus é a resposta para o paradoxo humano, esse é um dos motivos pelos quais eu sou cristã.
Continue postando aqui, ficarei satisfeitíssima em continuarmos nossa conversa.

Anônimo disse...

Se fosse certo matar os filhos de um pelos filhos de outro, no contexto da Bíblia, as crianças mortas na busca por Jesus teriam sido vingadas depois. Todas, de até cinco anos, certo? Mas se aceitarmos que é justo que os filhos do Egito morram todos porque o faraó fez isso com os hebreus, estaremos aceitando a vingança. E Deus não pode ser livrado de culpa pelas duas razões que você deu: um, se ele próprio considera a própria lei tão válida, ele a seguiria mesmo antes de promulgá-la (é lógico pensar que Ele já a tinha na cabeça, e não inventou na hora pra Moisés) e dois, ele só salvou as pessoas que se ajoelhavam a ele, como é de costume.
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Há alguns problemas em aceitar a vingança. Afirmamos ações injustas como a que aconteceu aqui, em Santos, onde lincharam um rapaz que foi acusado de assassinato. Afirmamos que é certo que morram nas cadeias quem fiz crime hediondo até pra bandido. Aceitamos o PCC (cujas atitudes, dizem eles, foram resposta á arbitrariedade policial), aceitamos as ações dos terroristas, os mortos no trens e nas duas torres.
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É mais fácil pensar que deus errou, do que a vingança ser certa. Tanto ele próprio sabe que errou que no Novo Testamento inventa essa de virar a outra face. Como destruiu o mundo e depois fez um acordo com Moisés pra nunca mais. Como obrigou um pai a matar seu filho e depois mudou de idéia ("ah, tudo bem, não precisa matar ele não. Pode ir") e como fez Jó sofrer porque queria provas de amor.
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Desculpe a demora de responder, moça. Eu sou preguiçoso.

Dani Lucas disse...

Deus vingou os israelitas sim, ao trazer a morte aos egípcios. Quanto ao contexto de Jesus, é preciso estebelecer que, nesse tempo, a graça foi estabelecida. Graça é exatamente isso: favor não merecido. Por isso, a vingança que deveria existir Deus trouxe em Jesus, enviando-o à morte de cruz. É difícil realmente explicar as tragédias, mas a grande verdade é que, com Deus, temos poucas respostas, sem Ele, não temos nenhuma. Ele, como onipotente, tem o direito de nos dizer não às vezes, por isso, algumas orações "não são respondidas". Temos a mania de considerar o não de Deus como a ausência de resposta.
Os mandamentos de Jesus, no Novo Testamento (como esse que você citou), são uma correção, mas não da Lei em si, mas das adaptações que os fariseus faziam dela (hoje em dia isso ocorre ainda, por isso que eu creio que outro Lutero precisa surgir). No caso de Isaque, Deus não mudou de idéia, já tinha um plano, e um propósito pra tudo aquilo, Ele não iria ser incoerente, já que considerava (considera) pecado o sacrifício de crianças.
Com Jó a história é outra. Se você observar os primeiros capítulos, há uma conversa entre Deus e o diabo, e o diabo pede permissão pra tirar tudo de Jó, ele que diz que Jó não se manteria fiel a Deus. Ao permitir, Deus estava provando tanto para o diabo, quanto para o próprio Jó, que ele era realmente fiel a Deus, Ele usou isso para mostrar a Jó que Ele estava no controle, e que ele agüentava muito mais do que imaginava.
Realmente também, vivemos na era do comodismo, só nos assutamos com crimes como o do João Hélio, porque assassinatos que ocorrem sempre já nem são noticiados, só se for muito hediondo. A sociedade se conformou com o crime, se rendeu aos pés dos bandidos. Tirando toda a questão sócio-política que isso envolve, temos também nossa parte de culpa, o crime foi se infiltrando, se infiltrando e nós fingimos que não vimos, ou por medo, ou por comodismo mesmo.
As tragédias existem porque o pecado entrou no mundo. O homem, desde Adão,é culpado disso. Ainda que você não concorde com a existência de pecado, creio que você entenda perfeitamente seu conceito. Portanto, há de convir que, num mundo sem pecados, as tragédias não ocorreriam. A solução para isso?? A morte de Jesus na cruz. Daí você me pergunta, "porque Deus permitiu então a existência do pecado se Ele sabia das conseqüências?". Simples assim, novamente. Ele deu livre-arbítrio para o homem, do contrário, Ele teria criado um bando de robozinhos perfeitos (já pensou que mundo sem graça, todos iguais??.
Bem, mr B.M.,estou lendo um livro que se chama: "Creia sempre" - de Ray Pritchard, ed Vida, recomendo a você. Ainda que você leia até o fim sem acreditar em nada, mas o livro é bem interessante, por abordar exatamente essa questão do sofrimento, da morte, das tragédias. Novamente enfatizo que a nossa conversa não acaba por aqui, porque cada dia ela se torna mais interessante.
Tudo bem pela demora, o importante é que respondeu.
Pergunta: Já leu a Bíblia alguma vez ou todos seus argumentos muito bem elaborados, por sinal) foram tirados de algum outra fonte de estudo?
Abraço pra ti =)

Duanne Ribeiro disse...

O problema com Isaac e Jó é essa espécie de tortura. Após a tortura, a prova da fé. Não vejo bondade alguma nisso. Deus pode ter um propósito, mas a que custo? Brincar com a vida humana? Ah, ele pode, é onipotente. E veja: Jesus não tortura ninguém por provas. Nem prova anterior ele tem. Chama quem vê na rua. Deixa que um o negue três vezes. Deixa que outro o traía. Para levar o mundo a uma terra prometida, Deus manda Moisés matar todo mundo que havia lá. Para levar o mundo a uma era prometida, Jesus se deixa ser crucificado. Um mata crianças (você diz que Ele considera pecado, mas matou todas as crianças egípcias; criança egípcia pode morrer?) o outro diz que só a eles cabe o reino dos céus. Há uma dicotomia gritante: é um deus que coage e outro deus que perdoa. Há milhões de exemplos. Não é uma correção da lei; é uma troca.
Agora: pecados e livre-arbítrio. Primeiro o segundo. É mentira. Não preciso de uma tese pra isso: quando você diz, olha, pode fazer o que quiser, mas se você não fizer o que eu quero, eu te ponho pra torrar até o fim dos tempos - isso não pode ser livre-arbítrio. E é assim na Bíblia inteira. O apocalipse é só isso.
E pecado...eles são tão relativos aos costumes da época. Riso, na Idade Média, era pecado. Comer muito, porque tinha pouca comida, também. A aspiração ao conhecimento - o crime de Adão - só podia ser, já que, sem ele, os homens que escreveram a Bíblia e aqueles que a espalharam não teriam poder nenhum.
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Bom, pecado e livre-arbítrio são ilusões, o primeiro deus foi cruel e o segundo foi bonzinho. É isso.
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Até!

Dani Lucas disse...

Bem, deixa eu tentar expressar a problemática de Isaque e Jó de outra maneira. Não sei se você tem filhos, mas mesmo se não tiver sabe que uma criança criada sem limites, tendo tudo o que quer nunca será uma boa pessoa, porque ao se deparar com as dificuldades do mundo real não saberá como agir. Deus, como Pai, permite que seus filhos passem por dificuldades para que depois daquele processo ele saia melhor do que quando entrou (numa outra figura poderia dizer que é como se fôssemos diamantes brutos, sendo lapidados para se tornar o diamante que conhecemos). Eu admito que não consigo explicar tudo da minha fé, mas creio que você também não tem todas as explicações do mundo. A maior prova de amor de Deus foi, sendo onipotente, vir à terra, passar por todo tipo de sofrimento e privações humanas e ainda morrer numa cruz por cada ser humano, mesmo sabendo que muitos não creriam nEle. Mesmo sabendo que muitos o negariam, ele acredita que valeu a pena, porque existem muitos "Pedros" no mundo.
Quanto ao pecado, não estou considerando o sentido religioso da questão. Pecado é errar o alvo, é uma transgressão. Portanto, todo crime é um pecado. Mas há pecados não registrados na legislação, por parecerem leves demais. O pecado se torna relativo às épocas porque o homem criou uma doutrina pra ele mesmo, uma coisa que distoa da Bíblia. Quando se descobre que tudo não passava de ortodoxia vazia, o conceito de pecado muda. É mais fácil para o homem criar um código cheio de leis do que aceitar a graça que a Bíblia oferece.
Livre-arbítrio. De novo a figura do pai. Seu filho quer fazer algo que você sabe como as conseqüências serão ruins, como uma criança que quer colocar o dedo na tomada, por exemplo. Você tem duas opções: proibir (e correr o risco dele fazer escondido) ou explicar para ele porque não deveria fazer aquilo e deixar a cargo dele a decisão. O segundo é mais adequado (apesar de que você não deixará seu filho ser atropelado porque ele quer ficar sentado no meio de uma grande avenida). Você como pai tem uma experiência bem maior que a de seu filho, e, por mais que tente explicar às vezes ele não está pronto para entender, não há maturidade suficiente. O livre-arbítrio é isso. Você pode fazer, estou te expondo as conseqüências, porque eu estou enxergando além do que sua vista alcança, mas se você quiser fazer, eu não vou te impedir.
Até!

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