quarta-feira, junho 29, 2011

Anotações de "Oração: cartas a Malcolm"

C.S. Lewis


"Nada torna um amigo ausente tão presente quanto uma discordância." - p. 5

"É como se acreditassem [os clérigos] que as pessoas podem ser seduzidas a ir à igreja por luminosidade, claridade, morosidade, condenações, simplificações e complicações incessantes do culto." - p. 6

"Sapato bom é aquele que passa despercebido no pé. A leitura torna-se prazerosa quando você não pensa mais nos seus olhos, na luz, na letra impressa, na grafia das palavras. O culto perfeito na igreja seria aquele que transcorresse quase de forma imperceptível para nós, porque nossa atenção estaria voltada para Deus." - p. 6

"Se o rebanho se mantiver pacientemente junto, balindo sem cessar, será que, por fim, não conseguirá trazer de volta os pastores?" - p. 8

"O mundo é feito de todo tipo de gente; também uma igreja. Sobretudo a igreja. Se a graça aperfeiçoa a natureza, ela deve expandir todas as nossas naturezas à riqueza absoluta da diversidade que Deus tinha em mente quando os criou. No céu haverá maior diversidade do que no inferno." - p. 13

"[As palavras na oração] são apenas uma âncora, ou melhor dizendo, os movimentos da batuta de um maestro, não a música." - p. 15

"Nenhuma outra criatura é igual a mim; nenhuma outra situação idêntica à minha. Na verdade, eu mesmo e a situação que vivo estamos em constante mutação. Uma fórmula pronta não pode servir à minha relação com Deus" - p. 15

"A crise do momento presente, assim como o poste telegráfico mais próximo, sempre parece maior do que de fato é. Não há o perigo de que nossas necessidades maiores, permanentes objetivos - em geral mais importantes - acabem banidas de nossas orações [justificando as orações "pré-fabricadas"]? - p. 16

"Seria melhor não ter reverência alguma do que cultivar uma reverência que negasse a proximidade." - p. 18

"O ato sexual, quando lícito (...) pode, a exemplo dos demais atos meramente naturais (...), ser realizado para a glória de Deus, e aí então será santo. E como outros atos naturais, às vezes os praticamos dessa maneira, às vezes não." - p. 20

"Creio que 'as coisas belas da natureza' são um segredo que Deus decidiu partilhar conosco [seres humanos] apenas." - p. 24

"(...) o ajoelhar é importante, mas há outras coisas ainda mais importantes. A mente atenta e um corpo sentado são mais úteis à oração do que o corpo ajoelhado e a mente sonolenta." - p. 24

"Pode acontecer de perdermos o nome da pessoa, ou jamais tê-lo sabido, mas nem por isso nos esquecemos do quanto ela precisa de nossas orações." - p. 24

"Imagino que só a atenção divina sustente, da fato, minha existência (ou qualquer outra coisa)." - p. 26

"Temos de apresentar diante dele [de Deus] o que há dentro de nós, não o que deveria haver." - p. 30

"Se pusermos todas as cartas sobre a mesa, Deus nos ajudará a moderar os excessos." - p. 31

"Creio que, às vezes, sentimo-nos desestimulados de pedir coisas pequenas movidos por um sentimento de dignidade própria, em vez de nos fiarmos na dignidade divina." - p. 31

"Essa súplica ["seja feita a tua vontade"], portanto, não significa que eu deva ser mero paciente da vontade divina, mas que devo realizá-la com determinação. Devo ser agente tanto quanto paciente. Estou pedindo para ser capacitado a realizá-la. Em última análise, peço que me seja dada 'a mesma mente de Cristo Jesus'" - p. 34

"Se Deus tivesse atendido a todas as orações tolas que eu fiz na vida, onde eu estaria agora?" - p. 38

"Pode até mesmo se dar o caso de as ações mais genuinamente cristãs de um homem acontecerem fora daquela parte de sua vida que ele considera religiosa." - p. 43

"Às vezes, oro não para que me seja concedido um auto-conhecimento total, mas apenas o suficiente para o momento, o tanto que eu possa suportar e usar em um instante determinado. Minha pequena dose diária." - p. 47

"Há quem se sinta culpado da própria angústia e a interprete como falta de fé. Não concordo de modo algum. Trata-se de aflições, não de pecados." - p. 56

"Nossas orações são ouvidas (...) não apenas antes de a fazermos, mas antes mesmo de existirmos." - p. 64

"Sempre há esperança se mantivermos um problema não resolvido diante de nós; não há nenhuma se fingirmos que ele não existe." - p. 78

"Para a maioria de nós, a oração do Getsêmani é o único modelo que conta. Remover montanhas pode esperar." - p. 79

"Envenenamos o vinho que Ele decanta em nós; assassinamos uma melodia que Ele executa em nós, instrumentos dEle. Fazemos uma autocaricatura do retrato que Ele pinta de nós. Portanto, todo pecado, qualquer que seja ele, é um sacrilégio." - p. 90

"Pela graça, Ele dá às criaturas mais elevadas poder para experimentar Sua vontade (...). As menos elevadas limitam-se a executá-la automaticamente." - p. 96

"Podemos ignorar a presença de Deus, mas não fugir dela em lugar nenhum. O mundo está repleto dEle (...). A verdadeira labuta é lembrar, prestar atenção. Na verdade, despertar. Mais ainda, permanecer desperto." - p. 97

"É da natureza do real que ele tenha arestas pontiagudas e extremidades ásperas, que ele seja resistente, seja ele mesmo." - p. 98

"Nunca conheci ninguém que descresse por completo do Inferno e também mantivesse uma crença viva e inspiradora no Céu." - p. 98

"Intensidade emocional em si mesma não serve como prova alguma de profundidade espiritual (...). Só o próprio Deus pode baixar o balde às profundezas dentro de nós." - p. 106

"Nós - ou pelo menos eu - não devemos ser capazes de adorar a Deus nas ocasiões mais ilustres se não adquirirmos o hábito de fazê-lo nas mais triviais." - p. 116

"A alegria é um assunto levado a sério no Céu." - p. 119

"Enquanto estamos orando, não quando estamos lendo um romance ou resolvendo uma palavra cruzada, qualquer ninharia é suficiente para nos distrair." - p. 143

"Deus, às vezes, parece nos falar com maior intimidade quando nos pega, por assim dizer, desprevenidos. Nossos preparativos para recebê-lo por vezes encontram o resultado oposto." - p. 148

"O primeiro homem que tentasse adivinhar 'o que o público quer' e a partir de então pregasse suas conclusões como cristianismo porque o público assim o desejava seria uma bela mistura de tolo e patife." - p. 151

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