"Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim" - Gálatas 2:20
Não sei quanto a vocês, mas eu tenho a séria tendência a me acostumar com frases e esquecer o real significado delas.
A frase-título desse texto é um exemplo. A belíssima música "Meu Universo", com versão em português feita pelo cantor PG, tem uma letra tão profunda e marcante que a ouço todos os dias - ela é meu despertador do celular. Certo dia, ouvindo exatamente esse trecho do título, fiquei pensando em quão séria é essa declaração. Na mesma hora lembrei-me desse versículo de Gálatas, onde Paulo já fazia sua própria versão de "Meu Universo".
Dizer a Cristo "que sejas tudo o que sinto" tem implicações diretas em todas as áreas de nossas vidas, afinal, as emoções fazem do ser humano uma criatura muito especial. Será que estou disposta a dizer "que sejas tudo o que sinto", quando o que eu sinto é raiva de alguém que me fez mal? Estaria eu disposta a abrir mão desse sentimento para deixar Ele ser o que eu sinto (o que, por certo, não é raiva)? Será que estou disposta a dizer "que sejas tudo o que sinto", mesmo sabendo que talvez tenha que abrir mão até mesmo de um sentimento bom?
O amor ultrapassa qualquer sentimento, mas aproveitando o contexto, acredito que dizer "que sejas tudo o que sinto", pode ser traduzido como "faz valer o amor em mim, que eu ame a todo tempo como o senhor me ama". Não é uma decisão fácil a ser tomada, essa de realmente assumir o que está sendo cantado nessa música.
E quanto ao "o que penso"? Emoções às vezes se confundem com pensamentos, mas vou me ater aqui apenas ao lado racional em si. Estaria eu disposta a dizer para Deus que todas as minhas convicções, ideologias, raciocínio, planos e projetos podem ser tomados por Ele? Ele pode ser o meu pensamento? E tudo o que eu vier a pensar pode ser embasado no fato de que não pode ser paradoxal a Ele?
A resposta se encontra em Gálatas 2:20. Se quero seguir a Cristo, minha vida tem que ser Cristo, até mesmo o ato fisiológico de respirar tem que ser guiado por Ele. Ser Cristo é deixar que Ele tome controle total de nossas atitudes, pensamentos e emoções, e encarar as consequências. Consequências ruins? Acredito que não, se formos pensar a longo prazo. Mas é muito difícil abrir mão de nosso orgulho, da gostosa sensação de ter as coisas sob nosso controle. Afinal, se o mundo é uma loucura total, ao menos meus pensamentos e emoções deveriam estar sob meu controle não é mesmo? Aí está a loucura, que confunde sábios e mestres, que porém nos salva e nos dá a verdadeira liberdade.
A verdadeira liberdade não é ter tudo em nossas mãos para podermos decidir o que fazer com aquilo. É entregar tudo nas mãos de Cristo e descansar sabendo que aquele que não negou a cruz para nos salvar vai cuidar de nós em tudo o que for preciso.
Que sejas meu universo, Senhor.